Acusada de práticas fraudulentas na Justiça dos Estados Unidos, a 777 Partners, gestora do futebol do Vasco, assegurou os serviços de uma organização especializada em reestruturação e administração de crises, conforme reportagem do renomado periódico britânico Financial Times.
“Decidimos contar com uma equipe de especialistas da B Riley Advisory Services (braço da B Riley Financial) para colaborar na gestão de diversos desafios operacionais”, revela o comunicado da 777 adquirido pelo Financial Times. O comunicado ressalta que a 777 está empenhada em “simplificar” suas operações e “identificar a rota mais lucrativa para os investimentos” da companhia.
Os clubes de futebol pertencentes ao conglomerado 777 têm gerado prejuízos nos últimos anos. Além do Vasco, o grupo opera o Genoa (Itália), o Standard Liège (Bélgica), o Red Star (França), o Melbourne Victory (Austrália) e o Hertha Berlim (Alemanha), além de deter participação minoritária no Sevilla (Espanha).
Na Bélgica, veículos de comunicação veicularam informações sobre a possível colocação à venda do Standard Liège nos próximos meses, informação não confirmada pela 777. O clube foi punido com uma proibição de transferências “por não conseguir fornecer dentro do prazo todos os comprovantes de pagamento requisitados”, de acordo com comunicado oficial.
Renovação em curso
A contratação da B Riley Financial pela 777 com o intuito de tornar suas atividades mais rentáveis representa um marco significativo. A B Riley Financial se descreve em seu site como um “grupo de especialistas capacitados para atender a qualquer demanda financeira” de um empreendimento.
De acordo com o Financial Times, alguns diretores da B Riley Advisory já integram a equipe da 777 Partners. Mark Shapiro, diretor administrativo sênior da B Riley Advisory, atua como diretor operacional interino na 777. Enquanto isso, o copresidente Ian Ratner e o diretor administrativo Ronald Glass assumem “funções de governança” dentro da 777.
Desafios na 777
No último dia útil da semana, o fundo britânico Leadenhall Capital Partners entrou com ação judicial nos EUA contra a 777, controladora do futebol do Vasco, por utilizar ativos como garantia para empréstimos num total de US$ 350 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) que não estavam sob sua posse ou que já haviam sido oferecidos como garantia a outras empresas.
O processo movido na corte de Nova York alega irregularidades contábeis e possível esquema fraudulento, ameaçando a estabilidade financeira da empresa que adquiriu o Vasco em 2022.
Um dos pontos cruciais do documento envolve o processo decisório na 777. Segundo o fundo britânico, o grupo atualmente à frente do Vasco é controlado por outra empresa americana, a A-CAP. Esta situação ocorre, de acordo com a petição, devido a uma dívida superior a US$ 2 bilhões (em torno de R$ 10,1 bilhões) que o fundo de Josh Wander mantém com a A-CAP.
A A-CAP negou ao Financial Times que tenha controle sobre a 777 e classificou as alegações como “infundadas e uma tentativa desesperada da Leadenhall de buscar pagamento da A-CAP ao mesmo tempo em que prejudica os segurados da A-CAP.” Questionada pelo ge, a 777 informou que optou por não se pronunciar.
As questões envolvendo a 777 Partners surgem em meio à tentativa da empresa norte-americana de adquirir o Everton, da Inglaterra. Embora haja um acordo para a compra do clube, a transação ainda não foi concluída.
Cenário no Vasco
No Vasco, a 777 está em dia com seus compromissos. Em outubro de 2023, houve um pequeno atraso no pagamento de R$ 110 milhões.
O principal aporte, no valor de R$ 270 milhões, está programado para setembro deste ano. Diante das notícias acerca da saúde financeira da 777, o departamento jurídico do clube enviou uma solicitação à empresa exigindo garantias quanto à efetivação do pagamento na data prevista.
No decorrer de 2023, conforme balanço divulgado no último dia 30, a SAF do Vasco registrou um prejuízo de R$ 123 milhões.
Fonte: ge