A aprovação do balanço, que inclui reservas, pelo Conselho Deliberativo, paveia o caminho para a investigação da administração de Salgado.

Na noite desta terça-feira (8), o Conselho Deliberativo do Vasco decidiu, por uma ampla margem, aprovar as contas de 2023, que se referem ao último ano de administração do ex-presidente Jorge Salgado. O UOL apurou que essa aprovação abre a porta para uma investigação detalhada sobre a gestão do ex-dirigente e de sua equipe administrativa.

O que rolou

Esse inquérito deverá coincidir com a comissão criada pelo Conselho, que está apurando a transação da SAF para a 777 Partners. Se for provada uma gestão descompassada por parte de Jorge Salgado, ele pode ser responsabilizado e até sofrer sanções que, em última instância, poderiam resultar na sua exclusão do clube.

A maioria dos conselheiros considerou a situação financeira do clube como insatisfatória. Vários pontos destacados se alinham com as observações do Conselho Fiscal.

Jorge Salgado encontra-se em uma posição delicada dentro do Conselho Deliberativo. Seu suporte parece ter “derretido” nos últimos tempos de sua gestão, o que o coloca em uma situação arriscada caso se confirme alguma falha administrativa.

O UOL tentou contato com o ex-presidente na data de hoje, mas não obteve sucesso. Se o empresário decidir se manifestar, a matéria será atualizada.

Balanço atrasado revela aumento da dívida em R$ 212 milhões

A diretoria do atual presidente Pedrinho apresentou o balanço com mais de três meses de atraso. Nele, é destacado um aumento da dívida do clube em R$ 212 milhões. O documento também revela uma dívida da associação com a Vasco SAF de aproximadamente R$ 30 milhões.

Ainda no balanço, há uma carta de Pedrinho com severas críticas à administração de Salgado, tanto em relação à gestão financeira quanto ao processo de venda para a 777 Partners.

Salgado se defende e acusa Pedrinho de ‘inflar o passivo’

Em uma longa carta divulgada em 6 de setembro, Jorge Salgado se defendeu em relação ao balanço. Ele alega que Pedrinho está se valendo das mesmas práticas usadas por presidents anteriores.

“Pedrinho acaba por repetir a mesma história, ao assinar uma carta em que parece culpar a gestão anterior por todos os problemas e atribuir um caráter político à sua primeira comunicação de administração”, afirmou, acrescentando:

“Com relação ao novo critério de contabilização, que classificou 81% dos valores em reclamações trabalhistas como de ‘probabilidade de perda provável’, isso quebra a norma do mercado e implica que o Clube aceita que pode perder quase todas essas ações e não conseguirá nenhum abatimento nas dívidas. Por que o Clube se coloca em uma situação tão vulnerável perante seus credores? Quais interesses o Clube está defendendo em juízo: os seus, ou os de quem está reclamando?”.

Ainda na carta, ao discutir a suposta dívida com a Vasco SAF, Salgado sugere que Pedrinho estaria “inflando o passivo” intencionalmente.

“Se o Clube não reconhece esse valor, por que contabilizá-lo como contingência? Não há justificativa para essa medida – a não ser que a intenção seja, supostamente, inflar o ‘passivo’ do Clube e criar um panorama de ‘terra arrasada’, para depois se apresentar como o ‘salvador da pátria’ que conseguiu reduzir um ‘passivo’ que não corresponde à verdade”, afirma um trecho.

Jorge Salgado (de verde) com executivos da 777 Partners: venda da SAF do Vasco para empresa está sendo investigada pelo clube Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco
Jorge Salgado (de verde) com executivos da 777 Partners: venda da SAF do Vasco para empresa está sendo investigada pelo clube Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco

Fonte: UOL


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