Enquanto está sendo denunciado no Brasil por violência psicológica contra Larissa Ferrari, Dimitri Payet tem circulado e frequentado eventos sociais na França. O jogador, que rescindiu contrato com o Vasco, foi um dos convidados para uma ação beneficente em prol da organização sem fins lucrativos Soleil Bleu Azur, que ajuda a realizar sonhos de crianças e adolescentes com doenças graves, e que ele patrocina.
O jogador aparece em alguns registros ao lado de convidados numa luxuosa vinícola em Châteauneuf-le-Rouge, uma comuna francesa no departamento de Bouches-du-Rhône, no sul da França. As fotos são as últimas aparições de Dimitri nas redes sociais. Ele não publicava e não aparecia em nenhum registro até o fim de maio.
Payet tinha contrato com o Vasco até o dia 31 de julho, mas decidiu rescindir o contrato com o clube. Não demorou muito para o jogador pegar um voo e voltar para o seu país natal, onde está sua mulher, a francesa Ludivine Payet, e os quatro filhos.
O jogador morava sozinho no Brasil desde 2023, quando chegou ao time carioca. A mulher até vinha ao país visitá-lo, mas esporadicamente. Desde o ano passado, ele vivia um relacionamento não assumido com a advogada Larissa Ferrari, que o acusa de violência psicológica, física e sexual.
**MP-RJ denuncia Payet por violência psicológica**
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou na última terça-feira, 17, o jogador Dimitri Payet por violência psicológica contra a advogada Larissa Ferrari. No início do mês, o órgão havia pedido o arquivamento da denúncia, alegando não haver provas suficientes. Payet tinha contrato com o Vasco até o fim de julho, mas o clube anunciou a rescisão contratual com o jogador.
Após o pedido de arquivamento, a defesa de Larissa recorreu e a promotora reconsiderou a decisão. A denúncia da advogada foi aceita e o processo criminal contra o Dimitri foi instaurado no Rio. Consta no documento que Payet agiu de forma livre, consciente e voluntária no propósito de causar prejuízo emocional a Larissa, através de “atitudes, expressões injuriosas e degradantes”, além de “humilhação, manipulação e ridicularização”.
O MP pede que Payet seja condenado e que seja responsabilizado pelo pagamento de danos morais e os gastos com eventuais serviços de saúde prestados a Larissa.
A advogada Sheila Lustoza, que defende Dimitri Payet, disse em entrevista ao G1 ter recebido “com surpresa a reconsideração da promoção de arquivamento porque se fundamenta em informações que já estavam nos autos”, mas ressaltou sua confiança na Justiça “que reconhecerá a inocência do seu cliente”.
**Por que o MP-RJ havia pedido arquivamento?**
O MPRJ analisou todas as mensagens trocadas entre os dois, afirmando que houve uma empatia de ambos e que mantinham um relacionamento afetivo, e logo as conversas passaram a ter um tom de cunho sexual, consentido pelos dois. O documento ressalta que as conversas fugiam da normalidade, já que Larissa e Dimitri demonstraram serem simpatizantes de práticas sexuais de sadomasoquismo, que incluíam eventuais agressões físicas como parte do fetiche e fantasia do casal.
No pedido, é ressaltado que em nenhum momento entre as trocas de mensagens entre eles é visualizado qualquer indisposição, constrangimento e mágoa acerca do tratamento anteriormente entre as duas partes. Larissa afirmou em seu depoimento que Payet sabia de seu diagnóstico de transtorno de borderline e, por isso, sabia que ela iria se submeter a situações vexatórias sem apresentar resistência.
Segundo parte do arquivo, Larissa teria criado uma afeição a Payet, e queria continuar o relacionamento mesmo sabendo que ele é casado e que teria que voltar para a França ao fim do contrato com o Vasco, marcado para o fim de junho. O MPRJ diz que o descontentamento de Larissa na recusa de Payet em manter a relação após sua ida para o país natal, “culminou com o registro da ocorrência e a instauração do inquérito policial”.
Sobre a denúncia de violência psicológica, o documento fala que além do depoimento da suposta vítima, é preciso de testemunhas, relatórios de atendimento médico, relatórios psicológicos ou outros elementos, o que também não foi constatado pelo MPRJ. No pedido de arquivamento, o MP diz que Larissa encaminhou de forma espontânea vídeos e fotos íntimas para o jogador.
Em relação ao suposto crime de agressões físicas, apesar das imagens dos hematomas apresentados por Larissa, o documento diz que no depoimento, ela alegou que tapas, mordidas e coisas do tipo não eram fora do normal nas relações sexuais. Segundo o órgão, é “difícil mensurar o grau de limite do que a vítima considerava razoável”. A reportagem não teve acesso ao teor da imagem.
Larissa recorreu do pedido de arquivamento do processo. A advogada abriu uma denúncia no Conselho Nacional de Justiça. Segundo ela, o MPRJ desconsiderou o seu depoimento e considerou apenas o do investigado.
“Usou meu transtorno mental como se eu fosse doente a esse nível antes. Não tem cabimento não levarem a sério e não darem continuidade na investigação, sendo que eu tenho testemunhas no Rio e aqui (Paraná)”, lamentou em entrevista ao EXTRA.
Fonte: Extra