A derrota por 1 a 0 para o Inter, na última quinta-feira, foi a terceira consecutiva do Vasco no Campeonato Brasileiro. A equipe viu sua invencibilidade em casa, que durava desde abril, ser quebrada. O que preocupa ainda mais é a oscilação de um grupo que parece não ter espaço para evoluir – foram apenas duas vitórias em 13 partidas.
Neste cenário, não há certezas de que Paiva continuará no comando do Vasco até as últimas rodadas do Brasileirão de 2024. Enquanto anteriormente qualquer conversa sobre o seu futuro estaria reservada para o pós-Campeonato, a pressão aumentou após a coletiva do treinador — na qual afirmou que “não há torcida que vai mais jogador do que a do Vasco”. Essa declaração não foi bem recebida nem pela diretoria, nem pelos torcedores.
A ausência de uma opção clara no mercado dificultou uma decisão imediata.
O Vasco reconhece que a responsabilidade não recai apenas sobre o treinador, mas que a falta de evolução está ligada às escolhas de Rafael Paiva. O uso reduzido de jogadores da base, que era uma das suas marcas no início do trabalho, e sua dificuldade em lidar com atletas experientes têm gerado preocupações.
Informações obtidas pelo ge indicam que a insatisfação entre alguns jogadores com o trabalho do treinador tem crescido. Paiva já não conta mais com todo o grupo atrás dele, como ocorria anteriormente. A dificuldade em gerenciar o vestiário é um dos obstáculos à sua permanência.
Algumas decisões durante a temporada geraram descontentamento, como quando ele optou por colocar Rossi nos minutos finais do empate com o Atlético-MG em São Januário, o que resultou na eliminação do Vasco nas semifinais da Copa do Brasil. O atacante, que não contava nos planos da diretoria, não jogava há mais de três meses.
A pressão externa se tornou um elemento constante na sua jornada. Antes bem visto pela torcida, Paiva início a ser contestado devido aos recentes desempenhos. Na quinta-feira, ele recebeu críticas dos vascaínos ao fim do jogo em São Januário.
– O Vasco já vaiou o Dinamite, quem sou eu para achar que não vou ser vaiado? Isso faz parte da profissão. Enquanto estiver aqui, vou me esforçar para levar a equipe ao melhor lugar possível… Independentemente do que a torcida direcione a mim, sempre serei grato ao Vasco e a tudo que vivi aqui – destacou o técnico, que acrescentou:
– Preciso trabalhar pensando em deixar o Vasco na melhor posição. Após a temporada, conversarei com o Pedrinho, Felipe e Marcelo (Sant’Anna). Para mim, tem sido uma experiência incrível, tenho tentado dar o meu melhor, buscando colocar o Vasco onde merece, mas precisamos entender o processo e ter paciência.
Rafael Paiva vive seu pior momento no Vasco — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
O clube já tinha elogiado o trabalho dele em outros momentos. O treinador perdeu atletas importantes por lesão, como Adson e David (e até mesmo Estrella, que tinha potencial para se destacar), e também não conseguiu reforços na segunda janela, especialmente o tão sonhado zagueiro. Mesmo assim, ele conseguiu superar as limitações do elenco e levou o Vasco a uma semifinal de Copa do Brasil após 13 anos, além de chegar à fase final do Brasileirão com chances de ir à Pré-Libertadores, que agora se tornaram mais difíceis.
O presidente Pedrinho, o diretor técnico Felipe e o diretor de futebol Marcelo Sant’Anna mantêm contato frequente com o treinador. Os dirigentes, inclusive, consideram a opinião de Paiva no planejamento para 2025.
As partes devem se reunir em breve para definir se o técnico assumirá outra função no Vasco. Ele foi contratado para a categoria sub-20 no início de 2024 e assumiu interinamente o time principal em duas ocasiões – na segunda, acabou permanecendo, embora não tenha sido oficialmente efetivado.
Fonte: ge