Mesmo aos 52 anos, com barba branca e aparência que demonstra experiência, Álvaro Pacheco surge como uma nova figura no universo dos treinadores. O técnico do Vitória de Guimarães, de Portugal, concordou com um contrato de um ano e está próximo de assumir o comando do Vasco.
Iniciou sua trajetória como treinador profissional em 2018, há seis anos. No entanto, tem se destacado no futebol português e atravessa o melhor momento de sua carreira, a ponto de descontentar torcedores do Vitória de Guimarães com sua provável saída.
No Vitória, Álvaro assumiu a equipe durante o Campeonato Português em andamento, conseguindo corrigir o rumo após um começo difícil e conquistando resultados expressivos, como uma vitória por 5 a 0 sobre o Chaves e um triunfo por 3 a 2 sobre o Sporting, por exemplo.
Ao todo, são 18 vitórias, cinco empates e nove derrotas em 32 jogos sob seu comando. Disputou as primeiras posições até as rodadas finais, porém, após a derrota para o Braga no último sábado, não possui mais chances de alcançar competições europeias e encerrará a temporada em quinto lugar – restando apenas uma rodada.
Com o sonho de participar de competições continentais encerrado, Álvaro autorizou seus representantes a avançarem nas negociações com o Vasco. Acertou um contrato de um ano, com cláusulas para extensão automática por mais uma temporada. O contrato deverá ser firmado nos próximos dias.
Se tudo ocorrer conforme o planejado, ele chegará para ocupar o posto vago desde a saída de Ramón Díaz, há duas semanas. Desde então, o Vasco tem sido interinamente comandado por Rafael Paiva.
Duas promoções em seu histórico
Álvaro Pacheco teve uma carreira modesta como atacante, atuando principalmente em times de menor expressão em Portugal. Aposentou-se em 2008 e, logo em seguida, começou a se preparar para se tornar treinador. Ao longo de uma década, passou por equipes como Penafiel, Boavista, Moreirense e Jonava, frequentemente exercendo funções na comissão técnica, principalmente como auxiliar.
Em 2018, lançou-se como treinador principal ao assumir o Fafe no Campeonato de Portugal, correspondente à quarta divisão. Na primeira e única temporada, obteve bons resultados: 19 vitórias, oito empates e três derrotas em 30 jogos.
Em 2019/20, foi contratado pelo Vizela, clube da cidade pequena ligada ao distrito de Braga. Lá, Álvaro Pacheco realizou seu primeiro grande trabalho como treinador de futebol.
Já no primeiro ano, o Vizela de Álvaro Pacheco conquistou o título da Terceira Liga e subiu para a segunda divisão. Na temporada seguinte, conquistou o acesso para a Primeira Divisão – sendo inclusive eleito o melhor treinador da Liga Portugal 2 neste ano.
Entre os trabalhos no Vizela e no Vitória de Guimarães, teve uma passagem breve, com apenas oito jogos, no Estoril.
Apegado à boina, é um treinador paternal
O estilo de Álvaro Pacheco como treinador é de se mostrar próximo e paternal com os jogadores. Ele lidera o vestiário e estabelece vínculos estreitos com os atletas. Durante sua gestão no Vitória de Guimarães, o jovem atacante Jota Silva, de 24 anos, teve uma excelente temporada e foi convocado pela primeira vez para a seleção de Portugal.
No mês passado, em entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport, Álvaro mencionou se inspirar em treinadores como Carlo Ancelotti e Gian Piero Gasperini, mas revelou que seu grande ídolo é Jurgen Klopp.
“O estilo de jogo que adoto reflete minha personalidade. Prefiro um futebol ambicioso e ofensivo, baseado em pressão e agressividade. Gosto de proporcionar liberdade aos jogadores para que se sintam à vontade em campo”, comentou.
Nos clubes em que esteve, seus treinos são reconhecidos por serem breves, porém intensos. Ele é um treinador que exige grande intensidade. Durante as partidas, costuma permanecer na área técnica, dando instruções aos jogadores de forma efusiva. É um profissional temperamental e enérgico.
Porém, sua característica mais marcante é a boina, tornando-se sua marca registrada. Álvaro utiliza o acessório em todas as partidas. O único momento em que abriu mão do item foi em 2020, quando decidiu treinar protegido por um capuz devido à chuva.
“Não gostei”, disse ele na mesma entrevista.
“Então me deram uma boina. ‘Talvez te dê sorte’, disse alguém do clube. E assim foi. Ao fim da temporada, fomos promovidos após 36 anos”.
Fonte: ge