Assim como Paulo Bracks, Alexandre Mattos se viu no centro das críticas no Vasco devido ao desempenho da equipe após a reconfiguração do elenco, mas o relacionamento com a SAF sempre foi tenso.
O gestor estava sob constante escrutínio – tanto da torcida quanto da diretoria e do departamento administrativo. O foco principal era a seleção de jogadores indicados à SAF para contratações ou renovações, sua responsabilidade primordial.
Vínculo com agenciador
As maiores críticas apontam para a intensa participação do agente André Cury em diversas negociações. Antes de ser demitido, Mattos foi interpelado pela SAF acerca da relação com o agente.
Como desdobramento desse questionamento, ocorreu a contratação do atacante David, a renovação do empréstimo de Praxedes, a contratação e possível permanência de Medel e outros jogadores vetados pela 777.
A situação mais delicada surgiu quando Mattos e Cury negociaram a chegada de Breno Lopes, do Palmeiras, que acabou sendo vetada pela 777 e por Ramon Díaz.
Optou-se por Pedro Henrique, do Inter, de 33 anos, também representado por Cury. O treinador preferia André Silva, vindo de Portugal, mas essa negociação ficou estagnada. Quando o Vasco tentou finalizá-la, o São Paulo agiu mais rapidamente.
Vale ressaltar que Cury facilitou a contratação do técnico Ramon Diaz e que a renovação, que foi unânime, ocorreu durante a gestão de Alexandre Mattos, sem objeções.
Falta de independência
O grupo formado por Don Dransfield, Johannes Spors, Nicolas Maya, Joshua Wanders e o CEO Lucio Barbosa, da SAF, passaram a avaliar minuciosamente todas as movimentações do mercado feitas por Mattos.
Por parte do presidente Pedrinho, a fiscalização também era presente, embora mais distante, pois, apesar de estarem de olho, era desafiador monitorar as ações da SAF. O diretor sabia que estava sendo observado e tentava deixar claro nos bastidores sua necessidade de autonomia para desempenhar suas funções.
A ausência de liberdade incomodava desde o início. Mattos costumava argumentar que o processo de contratação era moroso por conta da 777, não dele. Ele afirmava que apenas apresentava as soluções de mercado.
No entanto, a empresa não só vetava certos nomes, como estabelecia sua própria forma de gerenciar o futebol e as finanças do Vasco, com protocolos rígidos. Isso era diferente do que Mattos estava habituado.
A relação foi se desgastando ao longo do tempo e, com a eliminação no Estadual, deteriorou-se de vez. Tanto no Vasco quanto para Alexandre Mattos, a saída parecia ser uma questão de tempo.
Fonte: Agência O Globo