Antonio Lopes, que atuou como delegado, preparador físico, treinador e dirigente, revisita sua trajetória no futebol. Ele, multicampeão e coordenador da seleção que ganhou a Copa do Mundo de 2002, compartilha sua visão sobre a equipe vitoriosa, a necessidade de treinadores brasileiros e a polêmica convocação de Romário.
No programa “Área Técnica”, Lopes revela seu time ideal, discute suas estratégias em lidar com jogadores difíceis no Vasco, reflete sobre sua relação com Eurico Miranda e critica a escolha de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção.
Carrossel Área Técnica – Antonio Lopes — Foto: Infoesporte
– “Não devia ser contratado esse treinador. O Brasil foi pentacampeão com cinco treinadores brasileiros. Por que vai botar um treinador estrangeiro? O erro foi aí. Não tenho nada contra esse treinador. Mas eu acho que não devia. Um erro da diretoria e do presidente.”
Suas críticas focam no fato de que Ancelotti não terá uma experiência prévia como treinador de seleções, o que, para Lopes, é um indicativo de que a escolha foi equivocada.
Antonio Lopes em entrevista para Roberto Maleson no Área Técnica — Foto: Caroline Nascimento/ge
Copa do Mundo de 2002
Lopes atuou como “presidente da comissão técnica”, um título dado pelo então presidente da CBF. Em sua narração, ele espera ter recebido a proposta para ser o técnico principal e não apenas um coordenador.
– “Esperava que eu fosse o treinador. Quando fui chamado, estava esperando isso. O que me foi oferecido, porém, foi ser o presidente da comissão técnica. Aceitei a função, mesmo sem ser o cargo desejado.”
Lopes discutiu a decisão de deixar Romário de fora da convocação, atribuindo a escolha a Luiz Felipe Scolari, que acreditava que outros atacantes mereciam um lugar no time.
– “A escolha era do Felipão. Ele decidiu o grupo e não tive participação nisso.”
Saída de Emerson Leão da Seleção
Em relação à breve passagem de Emerson Leão, Lopes culpou Ricardo Teixeira pela decisão de convocar jogadores não titulares durante a Copa das Confederações de 2001, o que prejudicou a equipe.
– “O Ricardo pediu para não convocar os titulares. Depois que a equipe teve um desempenho ruim, ele mandou embora o Leão.”
Amor com o Vasco de berço
Desde criança, Antonio Lopes é torcedor do Vasco. Com uma carreira carregada de títulos, como o Brasileiro de 1997 e a Libertadores de 1998, ele é amplamente reconhecido como um dos maiores treinadores da história do clube.
– “Concordo sim. É um orgulho ser considerado o melhor treinador do meu time do coração.”
Com um relato nostálgico, Lopes fala sobre como seu pai, também vascaíno, o levou a apoiar o clube desde a infância.
Romário queria vaga de Dinamite no Vasco
Lopes relembra a ascensão de Romário, que pediu a ele para assumir a vaga do ídolo Roberto Dinamite.
– “Eu lembro que ele queria muito ser titular e que achava que o Roberto era velho para jogar.”
Seleção ideal
Lopes montou sua seleção ideal com jogadores que treinou, incluindo Edmundo, Romário e Roberto Dinamite.
Bate-pronto
No quadro “bate-pronto”, Lopes compartilha suas impressões sobre diversos tópicos da carreira, indicando Roberto Dinamite como seu craque preferido e Eurico Miranda como seu maior amigo no futebol.
- Ídolo da infância? Meu ídolo é Ademir Marques de Menezes.
- Maior amigo do futebol? Eurico Miranda.
- Melhor dirigente que trabalhou junto? Eurico.
- Jogo mais marcante da carreira de treinador? O jogo do final da Libertadores.
- Título mais importante? Libertadores de 1998.
- Derrota mais dolorida? Real Madrid 2 x 1 Vasco (final do Mundial de Clubes de 1998).
- Time que você mais gostava de vencer? Flamengo.
- Time que você mais temia enfrentar? Flamengo também.
- Qual o maior clássico que você passou? Vasco e Flamengo.
- Maior craque que você treinou? Roberto Dinamite.
- Maior craque que você enfrentou? Neymar.
- Melhor jogador no Brasil hoje? Vini Jr.
- Estádio mais bonito que você passou? Maracanã.
- Torcida que mais fez a diferença para você? Torcida do Vasco.
- Torcida adversária que mais incomodava? Acho que a torcida do Flamengo.
Íntegra da entrevista
Fase atual do Vasco
– “O Vasco conseguiu a classificação para passar mais uma etapa. O time pode melhorar, ainda falta formar um elenco. A base sempre foi boa, mas hoje eles não aproveitam os jovens.”
Trabalho na polícia como delegado
– “Entrei para a polícia em 1963 e fiz carreira lá. Depois, entrei no futebol e consegui conciliar as duas profissões.”
Em 74, você começou como preparador. Como sua trajetória na preparação física influenciou sua carreira depois?
– “Ajudou bastante. Trabalhei como auxiliar no Vasco e depois segui para a função de treinador.”
Sobre seu filho, Júnior Lopes, como você avalia o trabalho dele até agora?
– “Ele é inteligente e tem uma boa visão. Trabalhou com diferentes treinadores, e isso ajudará sua evolução.”
Lopes fala sobre sua relação com o futebol carioca e como sua ligação com o Vasco é especial, devido ao apoio que recebeu desde pequeno.
– “O Vasco é o clube da minha vida.”
Contando histórias interessantes, como a revelação de Dener, Lopes reflete sobre seu impacto no futebol.
Passagem pelo Internacional
– “Foi um período bom, tinha um grupo forte e conseguimos um bom desempenho.”
Lopes também avalia sua experiência na seleção e como a pressão do futebol se reflete em sua saúde.
– “O futebol é estressante, e é preciso cuidar da saúde.”
Qual sua avaliação sobre a seleção atual?
– “Acredito que a seleção tem potencial para crescer com os talentos atuais, como Vini Jr. e Raphinha.”
Assessoria do treinador
– “Minha carreira foi boa, avaliada pelos títulos conquistados. O título mais difícil foi a Libertadores.”
Por fim, Lopes confirma estar aposentado, mas com orgulho de sua trajetória.
Fonte: ge