Dentro de uma área delimitada em Campinas, Goiânia, está o Estádio Antônio Accioly: um local bem estruturado, com campo bem conservado, capacidade para pouco mais de 12 mil espectadores e que receberá o confronto entre Vasco e Atlético-GO, válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, às 21h30.
Ligação entre São Januário e Antônio Accioly
Apesar das cores rubro-negras, o Antônio Accioly guarda semelhanças com o São Januário, particularmente no sentimento de pertencimento dos bairros vizinhos, Campinas e Barreira, ao Atlético-GO e ao Vasco, respectivamente. Ambos os clubes impulsionam a economia das comunidades ao redor.
A conexão entre os estádios vai além: assim como ocorreu no Rio de Janeiro, foram os torcedores do Atlético-GO que se encarregaram de erguer e reconstruir o Antônio Accioly ao longo dos últimos 75 anos.
O “campo da Rua 24 de Outubro”, antes utilizado pela comunidade de Campinas, foi doado ao Atlético-GO pelo Governo de Goiás em 1942, quatro anos após o primeiro jogo do Dragão no local. O clube cercou o estádio com um muro e o denominou Antônio Accioly, inaugurado em 1947. A partir desse momento, os torcedores iniciaram sua participação ativa na construção.
Em 1950, os apoiadores do Atlético-GO se mobilizaram para erguer as primeiras arquibancadas de alvenaria, com capacidade para 500 pessoas. Campanhas foram promovidas nos anos subsequentes para ampliar a capacidade e realizar melhorias.
– Em torno dos anos 1940, Campinas reivindicou a doação da área pelo Poder Público ao Atlético, que desempenhava o papel de promover eventos esportivos e envolver a comunidade. Na mesma década, ergueram a torre em estilo “Art déco”, um patrimônio histórico e cultural tombado. Os torcedores se mobilizaram para construir as arquibancadas – relata Paulo Winicius, diretor de Patrimônio Histórico e Cultural do Atlético-GO, ao ge.
O ponto crítico ocorreu no final dos anos 1990, quando a diretoria tentou vender o terreno do estádio para a construção de um shopping. Parte das instalações e o campo foram destruídos, porém a torcida reagiu, impedindo a venda na Justiça e salvando o estádio da ruína.
– Mesmo com resistência, parte do estádio foi demolida, o campo destruído e uma placa dizia: “O shopping de Campinas vem aí”. A comunidade lutou, buscou o tombamento da fachada e fez protestos. Mesmo após a derrota judicial da diretoria, o estádio estava deteriorado. Então, iniciou-se uma nova mobilização, com a criação de associações pela torcida, eventos e até replantio do gramado. O estádio foi reconstruído, e o Atlético voltou a jogar lá em 2005. Em 2006, subiu para a Primeira Divisão do Campeonato Goiano e sagrou-se campeão estadual em 2007 – relembra Paulo.
A tranquilidade durou pouco. Em 2010, por dificuldades financeiras, a diretoria cogitou transformar novamente o Antônio Accioly em um shopping. Novamente, a torcida foi contrária, levando ao fechamento do estádio por oito anos até sua reinauguração em 2018, com capacidade ampliada de cinco mil para 12 mil torcedores. O objetivo atual é expandir o espaço para receber mais de 20 mil pessoas.
– A partir do final de 2015, a torcida realizou campanhas constantes para reformar o estádio. Antes da grande reforma de 2018, já ocorriam obras menores para recuperar o gramado, sistema de iluminação, cobertura e arquibancada condenada desde 2010… Em todas as fases de reforma e expansão do Atlético, a torcida sempre se engajou – comenta o historiador.
Esse esforço dos torcedores se assemelha ao da torcida vascaína na construção de São Januário. Em 1925, o clube carioca mobilizou os torcedores para se associarem e arrecadaram recursos para aquisição do terreno e construção do estádio.
O sumiço e retorno do busto de Antônio Accioly
Ao percorrer o estádio, é possível encontrar uma escultura de dragão e várias referências ao mascote do Atlético-GO, aos quatro escudos do clube e ao busto de Antônio Accioly, ex-dirigente que dá nome ao estádio. No entanto, o busto nem sempre esteve presente ali, pois foi roubado durante o período em que o local esteve abandonado no início do século 21, quando até serviu como ponto de venda de drogas.
– No século passado, houve um momento em que o Atlético enfrentava muitas derrotas e começou-se a cogitar que era por causa da posição do busto. Quando a torcida se organizou para esculpir um novo busto, surgiu a preocupação: “E se isso trouxer azar?”. Porém, coincidiu com um período de boas vitórias do Atlético, como o triunfo sobre o Fluminense, uma boa campanha na Série A e a goleada por 4 a 0 sobre a LDU – conta Paulo.
Antônio Accioly, avô do cantor Léo Jaime, foi um cartorário em Campinas e participou da criação do Atlético-GO. Até seu falecimento em 1973, o dirigente histórico envolveu-se em todas as campanhas de arrecadação de recursos para o clube.
– O Atlético passou por dificuldades após a morte dele, culminando em gestões ruins até o abandono do estádio no fim dos anos 1990 – destaca Paulo Winicius.
De um santo para outro
Enquanto o estádio do Vasco é nomeado São Januário, em Goiânia o torcedor do Atlético-GO se identifica com São Bento. Na parede do Antônio Accioly, há uma pintura da medalha do santo ao lado de uma imagem de Nossa Senhora.
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