Na terça-feira, 28, surgiram notícias preocupantes para a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), indicando um possível colapso do grupo.
Idealizada por clubes com grande torcida, como Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos, Corinthians e Cruzeiro (que agora faz parte da Liga Forte União – LFU), a Libra enfrenta grave crise interna, gerada pela insatisfação da diretoria do Flamengo com o modelo de divisão das receitas proporcionadas pelo Grupo Globo.
Recentemente, a Libra perdeu oficialmente um de seus integrantes, o Atlético-MG, que agora está sem representantes no estado de Minas Gerais, o segundo mais populoso do Brasil. No entanto, a crise da Libra vai além da saída dos clubes.
No dia em que o Atlético optou por se unir à LFU, houve também a confirmação de que o BTG Pactual está mudando de lado, juntando-se ao bloco rival. A notícia foi inicialmente veiculada pelo NeoFeed e posteriormente confirmada pela Máquina do Esporte.
Sem parceiros financeiros
Enquanto o BTG se alinha à LFU, que já conta com a XP Investimentos, a Libra se vê sem apoio financeiro exatamente em um momento crítico.
Na LFU, o papel do BTG não será de investidor direto, mas de auxiliar na atração de clubes para a constituição de uma liga unificada.
Atuando na Libra, o BTG buscava garantir o investimento do fundo soberano Mubadala, dos Emirados Árabes, que estava disposto a adquirir uma participação entre 12,5% e 20% dos direitos comerciais e de mídia do bloco, por um período de 50 anos. O valor poderia chegar a cerca de R$ 4,75 bilhões, caso uma liga unificada fosse estabelecida.
No entanto, em entrevista ao podcast Maquinistas, em novembro de 2023, Gustavo Oliveira, ex-vice-presidente de marketing do Flamengo, anunciou que o clube não assinaria esse acordo devido a discordâncias em relação às condições, especialmente o longo prazo.
A negativa do Flamengo inviabilizou a chance de a Libra seguir com o acordo com o fundo árabe.
Enquanto isso, a XP firmou um contrato similar com a LFU, que envolvia a General Atlantic e a Life Capital Partners, onde clubes venderam até 20% de seus direitos a investidores por um período de 50 anos. A XP está agora fortemente envolvida nas negociações dos direitos econômicos da LFU, tendo firmado um novo contrato com o Atlético-MG, embora o clube permaneça comprometido com os contratos da Libra até 2029.
Clubes pressionados e endividados
O Atlético-MG, com dívidas entre R$ 1,3 bilhão e R$ 2,3 bilhões, está buscando formas de sanar suas finanças. Em julho, o clube recorreu a um empréstimo do empresário Rubens Menin, principal investidor da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), para quitar salários atrasados.
Recentemente, o Conselho Deliberativo do Galo sancionou uma modificação na norma antidiluição da SAF, permitindo que a participação do clube possa cair de 30% para um mínimo de 10%, facilitando a entrada de novos investidores.
A nota divulgada pelo Atlético em que anúncio a mudança de aliança, sugere que a decisão foi influenciada pela discordância com o Flamengo (embora não o mencione diretamente), que já havia sido criticado por sua postura individualista durante a controvérsia sobre a divisão de receitas da Libra.
Ademais, a situação financeira tornou-se fator crucial para a saída do Atlético. Na Libra, o clube não teria como negociar parte de seus direitos econômicos com a Sports Media Entertainment.
Diversas equipes que ainda fazem parte da Libra enfrentam sérias dificuldades financeiras, ao contrário de Palmeiras e Flamengo, que mantêm suas contas em ordem. Caso o processo de desintegração da Libra se torne irreversível, a LFU pode ser a salvação para clubes como São Paulo e Santos, que, embora de grande porte, têm pouco poder de barganha no mercado.
A inclusão do BTG na LFU deve fortalecer a estratégia de expansão do bloco, atraindo mais clubes que atualmente estão na Libra.
A perspectiva da Libra, por outro lado, não parece promissora. O atual presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista de Souza, o Bap, já está se movimentando para que o clube passe a negociar seus direitos de mídia individualmente a partir do ciclo que começa em 2030.
Ele busca atrair o Corinthians, que atualmente está vinculado à LFU, um importante ativo para o grupo nas negociações com os veículos de comunicação.
Outro clube que também decidiu deixar a Libra é o Vitória, que espera o fim do contrato de mídia em 2029 para tomar seus próximos passos.
Com a fragilidade da Libra, também se destaca a tensão entre Bap e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. A iminente queda do grupo abre caminho para a LFU ambicionar a criação da liga unificada.
Fica a dúvida se a LFU conseguirá, no futuro, atrair o Flamengo, que claramente, sob a atual gestão, mostra-se relutante em abrir mão de sua posição financeira privilegiada para viabilizar a ideia da liga unificada.
Fonte: Máquina do Esporte






