O banco BTG Pactual sinalizou interesse em adquirir 31% das ações da SAF, compradas pela 777 ao longo de três anos de investimentos. A proposta foi de US$ 30 milhões (R$ 170 milhões, com a cotação atual), o que representa metade do que a 777 injetou no Vasco – US$ 60 milhões.
De acordo com o contrato, cujos efeitos estão suspensos por uma decisão liminar da Justiça do Rio, o Vasco deveria aprovar a venda das ações. Contudo, o clube não foi notificado sobre a negociação com o BTG, muito menos sobre os detalhes. O banco já havia elaborado um modelo de acordo, com um aporte inicial de US$ 15 milhões (R$ 85 milhões) e a outra parte sendo paga após auditoria.
A diretoria de Pedrinho ficou incomodada ao saber da conversa entre BTG e A-CAP. Os dirigentes acreditam que é essencial um alinhamento com o futuro comprador para evitar problemas semelhantes aos que ocorreram com a 777, onde havia uma desconexão física e, principalmente, no planejamento para o futebol.
Um agravante nessa insatisfação vascaína é que a negociação ocorreu paralelamente à aproximação do clube com o BTG para um empréstimo e os preparativos para a recuperação judicial. Na semana passada, o jornal Valor Econômico trouxe detalhes da proposta feita pelo banco ao clube. Em nota, o Vasco não negou as tratativas, mas afirmou que os termos “jamais seriam aceitos”.
Alguns dos pontos da proposta divulgados pelo Valor — e rejeitados pelo Vasco — foram os seguintes:
- Empréstimo de R$ 165 milhões, com prazo de dois anos e seis meses para pagamento, e juros de CDI mais 11,5% ao ano.
- As ações da SAF do Vasco, que representam o controle do clube, incluindo 20% das ações mantidas pelo Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG), seriam dados como garantia.
- 6% de comissão em uma futura venda da SAF do Vasco.
Parceiro em diversas operações no futebol brasileiro, o BTG não demonstrou interesse em assumir o controle da SAF do Vasco ou de outros clubes. O plano era combinar a compra das ações da A-CAP com a reestruturação das dívidas do clube no processo de recuperação judicial, o que proporcionaria um “alívio” com o alongamento dos acordos.
Dessa forma, o banco se desfaria do ativo — neste caso, a SAF do Vasco — para recuperar o investimento com lucro. No entanto, tanto o empréstimo ao clube quanto a compra das ações da A-CAP só avançarão se houver mudanças nas propostas.
Atualmente, a distribuição das ações da SAF vascaína é a seguinte:
- 30% pertencem ao clube associativo.
- 31% pertencem à 777, que adquiriu essas ações desde 2022.
- 39% estão em discussão na arbitragem.
Diante do imbróglio jurídico, o Vasco se mantém em silêncio sobre a questão. Os representantes da A-CAP não responderam aos contatos realizados pelo ge. O banco BTG Pactual também foi contatado, mas preferiu não se pronunciar.
Possibilidade de prorrogação da suspensão quase descartada
O acordo entre Vasco e A-CAP para a pausa nas ações judiciais e na arbitragem foi homologado no dia 31 de julho, mas o protocolo data do dia 24 do mesmo mês, na FGV, tribunal escolhido para resolver o litígio. Assim, faltam apenas dois dias para o término do prazo de três meses.
Neste momento, Vasco e A-CAP praticamente descartam a possibilidade de prorrogar a suspensão, por um motivo simples: o acordo de venda das ações da SAF vascaína está bem longe de ser concretizado. Se houver um consenso no futuro, ambas as partes acreditam que a retomada da arbitragem não atrapalharia um eventual entendimento.
Portanto, o término da suspensão, por si só, não indica uma mudança imediata na situação que tem uma liminar em vigor no Brasil — a que deu controle da SAF ao clube associativo, em maio — e outra nos EUA, contra a 777 e a A-CAP.
E a Leadenhall?
Para que a venda das ações ocorra, além da necessidade de um acordo entre o Vasco e a A-CAP, existe ainda a questão da Leadenhall na Justiça americana. A liminar de 8 de julho, divulgada pelo ge em 11 de outubro, indica que a Leadenhall tem o poder de restringir os réus — 777 e A-CAP — de venderem os ativos. Contudo, a empresa do grupo que controla os clubes de futebol não está nesta lista, o que deixa o Vasco confiante quanto a uma possível venda da SAF.
Fonte: ge