Ricardo Gluck Paul, atual vice-presidente da CBF, foi designado pelo presidente Samir Xaud para liderar o comitê responsável pela criação do “Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira”.
Recentemente, Gluck Paul esteve nos Estados Unidos, onde participa da Copa do Mundo de Clubes. Durante sua estadia, ele manteve reuniões com dirigentes de clubes brasileiros, além de representantes da FIFA e da CONMEBOL, focando em fortalecer a comissão que analisará o Fair Play Financeiro.
Atualmente, 19 dos 20 clubes da Série A já integram a comissão, restando apenas o Mirassol. O comitê é complementado por vários clubes da Série B e oito federações.
O primeiro desafio de Gluck Paul é reunir um grupo diversificado para discutir as regras. Ele enfatiza a importância de contemplar clubes com diferentes realidades financeiras, incluindo aqueles em boa situação, os endividados, os SAFs e os clubes associativos, buscando um diálogo amplo para definir o modelo mais adequado.
A primeira reunião do grupo de trabalho está agendada para acontecer após a Copa do Mundo de Clubes, que se encerrará em 13 de julho. A partir desse encontro inicial, o grupo terá um prazo de 90 dias para elaborar um relatório com propostas para o regulamento do Fair Play Financeiro.
Na visão de Ricardo Paul, ex-presidente do Paysandu e atual presidente da Federação de Futebol do Pará, é viável planejar a implementação das novas regras para o próximo ano.
— O foco do grupo é ter, em 90 dias a partir do início das atividades, um modelo definido. Depois disso, a presidência decidirá sobre a implementação. O objetivo é realizar essa implementação em 2026. No entanto, acredito que será necessário um planejamento em etapas, para evitar um colapso. Não será uma mudança abrupta, mas um processo que traga resultados relevantes e seja implementado de forma responsável — declarou Ricardo Paul ao ge.
A necessidade de uma implementação gradual está refletida na portaria de 9 de junho, assinada por Samir Xaud, que estabelece que o grupo deve “propor um modelo de implementação gradual das obrigações do regulamento, respeitando as realidades regionais e as particularidades financeiras de cada clube”.
CNRD em xeque
O Fair Play Financeiro visa melhorar a saúde financeira dos clubes e garantir um mercado mais estável, regulando os gastos de acordo com as receitas de cada clube, prevenindo gastos excessivos. Diversas nações já adotam modelos equivalentes.
No Brasil, a comissão – integrada por dirigentes da CBF, clubes das Séries A e B, federações e consultores externos – irá analisar exemplos internacionais, mas não necessariamente os replicarão. O dirigente da CBF enfatiza que:
— Não vamos simplesmente copiar o modelo inglês. Há diversas boas práticas e experiências que podemos adaptar, além da possibilidade de desenvolver algo original. É fundamental entender o contexto do futebol brasileiro. O primeiro passo é avaliar a situação atual e organizar as ideias antes de discutir o modelo a ser adotado — afirmou.
O grupo também discutirá a atuação da Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF, que lida com conflitos entre clubes, jogadores e agentes. Críticas frequentes apontam a lentidão na resolução de casos e a ineficácia de sanções impostas, além de acordos muitas vezes considerados indulgentes com clubes devedores.
— A CNRD deve ser incluída na discussão. É necessário refletir sobre suas práticas — destaca o dirigente.
Fonte: ge