Aprovado em Assembleia na quinta-feira, o plano de recuperação judicial do Vasco enfrentou resistência inicial de credores trabalhistas. No entanto, modificações realizadas na madrugada anterior e durante a reunião foram determinantes para a aprovação, com 97,7% dos votos dos presentes após mais de seis horas de deliberação.
A proposta original do Vasco diferenciava duas categorias de credores: os “colaboradores”, que participaram das negociações mediadas pela Fundação Getúlio Vargas, teriam direito a receber seus valores sem desconto; já os “não colaboradores” teriam direito a apenas 8% do montante da dívida, limitado a 150 salários mínimos, com pagamentos iniciando somente um ano após a homologação.
Poucos minutos após a meia-noite de quinta-feira, um segundo aditivo foi enviado a advogados e credores, introduzindo a possibilidade de novas mediações para processos trabalhistas (Classe I), com teto de R$ 1,5 milhão, pagamentos trimestrais ao longo de oito anos, correção pelo IPCA e juros de 2% ao ano.
Houve mobilizações intensas por parte dos advogados da SAF vascaína e da Alvarez & Marsal para garantir votos. Embora houvesse uma tentativa dentro da Comissão da Classe I de barrar a proposta inicial, as modificações conquistaram a aceitação de muitos credores, especialmente aqueles com créditos de menor montante.
O advogado Marcus Vinicius Fernandes, representante do ex-jogador Wendel, maior credor trabalhista do clube, expressou descontentamento em relação às condições de pagamento e ao elevado deságio. Wendel, que atuou pelo Vasco entre 2012 e 2013, tem um crédito de R$ 19.941.940,74. Foi solicitado um tempo para que os credores pudessem analisar mais profundamente o plano antes da votação.
Valdir Bigode também fez um desabafo significativo, cobrando a presença de Pedrinho e solicitando uma revisão do plano de pagamento. Outros ex-atletas, como Zinho e Jorginho, também estavam presentes. Após o discurso de Valdir, a reunião foi suspensa por uma hora.
Durante a assembleia, uma nova alternativa para os credores foi negociada. Após a homologação, eles poderão optar por receber a dívida em um prazo de 12 anos, com correção pela Taxa Referencial (TR) e limite de R$ 5 milhões por credor. Aqueles com créditos acima desse teto deverão renunciar ao valor excedente para se adesão à nova condição. Os que não aceitarem as opções disponíveis receberão em parcela única com um desconto de 92% sobre o total devido, corrigido pelo IPCA.
– Dentro do contexto das recuperações judiciais de clubes, este plano do Vasco minimamente atendeu aos interesses dos credores trabalhistas (Classe I). Sem o segundo aditivo e as melhorias durante a assembleia, é provável que os credores tivessem rejeitado o plano – argumentou Leonardo Laporta, advogado presente e representante de dez ex-jogadores na lista de credores do Vasco.
Obrigações para um novo investidor
O texto de aprovação do plano de recuperação judicial estabelece que um potencial novo investidor da SAF do Vasco deverá cumprir integralmente as obrigações da recuperação judicial. Com a homologação do juiz do plano aprovado na Assembleia dos Credores, o novo proprietário das ações também será responsável pelo pagamento das dívidas.
Caso haja descumprimento das obrigações estabelecidas, a Justiça poderá decretar a falência do clube.