O acordo de venda da SAF do Vasco para a 777 Partners inclui um anexo detalhado que informa sobre as dívidas do time de São Januário acumuladas até abril de 2022, momento da transação do futebol.

Esse documento foi divulgado em um processo conduzido pela KPMG, a consultoria que facilitou a negociação com os investidores americanos. A firma reivindica R$ 24,5 milhões pelos serviços prestados ao clube, mas afirma que recebeu apenas R$ 6,6 milhões em setembro de 2022, e está cobrando o restante.

Ao adquirir a SAF, a 777 assumiu as obrigações financeiras do Club de Regatas Vasco da Gama e se comprometeu a realizar aportes anuais na empresa. Esses valores já estavam disponíveis ao público.

até R$ 700 milhões para quitar dívidas;
R$ 700 milhões para injeções na SAF;
até R$ 28 milhões em despesas de estruturação da empresa e da negociação (honorários de consultores).

O documento revela que a dívida bruta total do Vasco, em 30 de abril de 2022, era de R$ 738.142.485,00, enquanto a dívida líquida era de R$ 648.490.608,00.

R$ 266.279.840,00 no RCE (Regime Centralizado de Execuções)
R$ 90.277.733,00 fora do RCE
R$ 259.862.969,00 em encargos
R$ 121.721.942,00 em dívidas com instituições financeiras e outras entidades

A maior parte das obrigações financeiras está no RCE, um mecanismo que permite a renegociação centralizada de dívidas trabalhistas e cíveis. Neste sistema, todos os credores (tanto trabalhistas quanto cíveis) do clube formam uma fila para receber, respeitando a ordem de prioridade. Em troca, a equipe evita penalidades como penhoras e bloqueios de bens. Há 354 processos registrados nessa lista.

O credor mais relevante na área trabalhista é o ex-volante Wendel, que vestiu a camisa do Vasco entre 2012 e 2014. Outros nomes de peso incluem Dorival Júnior, atual treinador da seleção brasileira, e o técnico português Ricardo Sá Pinto.

Wendel (meio-campista): R$ 11.416.874,87
Dorival Júnior (técnico): R$ 9.865.461,04
Maxi López (atacante): R$ 5.073.069,28
Éder Luís (atacante): R$ 4.504.292,78
Paulão (zagueiro): R$ 3.918.724,15
Escudero (atacante): R$ 3.839.122,22
Renato Silva (zagueiro): R$ 3.272.653,17
Jorginho (técnico): R$ 3.102.806,26
Viola (atacante): R$ 3.010.677,00
Felipe (lateral-esquerdo/meia): R$ 2.833.531,00
Abedi (meio-campista): R$ 2.764.811,42
Ygor (meio-campista): R$ 2.763.282,95
Andrés Ríos (atacante): R$ 2.656.774,45
Rodolfo (zagueiro): R$ 2.620.237,70
Reginaldo (atacante) R$ 2.023.586,48
Andrezinho (meio-campista): R$ 1.955.335,41
Everton Costa (atacante): R$ 1.742.528,96
Guiñazu (meio-campista): R$ 1.696.704,69
Michel Alves (goleiro): R$ 1.653.496,59
Cristóvão Borges (técnico): R$ 1.488.999,50
Ricardo Gomes (técnico): R$ 1.318.728,16
Rodrigo Pimpão (atacante): R$ 1.241.339,79
Ricardo Gomes (técnico): 1.318.728,16
Nenê (meia): 1.156.570,74
Ricardo Sá Pinto (técnico): 1.083.747,22
Fillipe Soutto (volante): R$ 933.643,59
Edmilson (atacante): R$ 803.345,76
Bernardo Vieira Souza (meia): R$ 728.518,87
Diogo Silva (goleiro): R$ 678.613,30
Carlos Germano (goleiro): R$ 657.034,93
Rafael Vaz (zagueiro): R$ 464.943,15
Ricardinho Furacão (atacante): R$ 306.920,01
Gabriel Felix (goleiro): R$ 249.656,27

A soma das dívidas no RCE também abrange compromissos com outros clubes, funcionários e empresários. O Vasco, por exemplo, devia cerca de R$ 6 milhões ao Americano Futebol Clube em 2022, referente a um processo iniciado em 2008.

Além disso, existem outras obrigações que não são contabilizadas no RCE, totalizando cerca de R$ 90 milhões. A maior delas é com o Internacional, relacionada à contratação do jogador Carlos Palacios, no montante de R$ 4.737.200,00.

Entre as dívidas com fornecedores, destacam-se valores como R$ 64,90 a uma papelaria em São Cristóvão, R$ 49 a um posto de gasolina e R$ 18 a uma empresa de mármores.