Com um perfil mais reservado e focado na burocracia das questões do Vasco, Marcelo Sant’ana foi contratado em junho do ano passado. Já com a temporada e a janela de transferências em andamento, sua primeira tarefa foi trabalhar intensamente em dois meses para trazer novos jogadores.
— O Felipe está mais voltado para o relacionamento com os atletas e para o lado mais específico do DNA do Vasco. Eu cuido mais da parte burocrática, como contratos, processos e logística… Quando a situação do clube estiver mais estável, poderei me envolver mais no dia a dia — afirmou Sant’ana ao chegar ao clube.
Marcelo Sant’Ana e Pedrinho, do Vasco, dão entrevista em São Januário — Foto: Dikran Sahagian/Vasco
Sant’ana tinha liberdade para sugerir nomes e decisões. Desde o começo da temporada, ele indicou sua preferência por um técnico brasileiro ou com experiência no Brasil, algo que se tornou consenso na direção — nomes como Renato Gaúcho e Fábio Carille foram cogitados. Além disso, ele fazia parte do grupo que queria rescindir o contrato de Payet, o que não aconteceu no final do ano devido a dificuldades na negociação e o receio de trazer mais problemas para o clube.
A responsabilidade pela busca de reforços recaía mais sobre Pedrinho, Felipe, a comissão técnica e o scout do clube. O diretor de futebol tinha um papel mais voltado à execução de negociações e contratos. Essa abordagem levou o Vasco a concluir que mudanças eram necessárias.
Felipe, Pedrinho e Marcelo Sant’Ana, do Vasco — Foto: Fabio Giannelli/AGIF
O Vasco busca um profissional mais dinâmico, algo considerado necessário para o mercado. Essa avaliação já havia sido feita no início de 2025, após algumas negociações que não foram bem-sucedidas. No entanto, a demissão não ocorria antes porque Marcelo Sant’ana era bem visto em outras áreas.
Acredita-se que, sob sua direção, o clube conseguiu organizar melhor suas estruturas internas, evoluir na logística e aproximar o setor de futebol do orçamento da SAF — um ponto criticado pela atual gestão em relação aos antecessores, como Alexandre Mattos.
O trabalho na melhoria do CT também foi considerado positivo. Marcelo Sant’ana liderava as iniciativas para aprimorar o Centro de Treinamento Moacyr Barbosa, que já conta com um cronograma de reformas traçado pelo clube desde o início do ano.
Desde o começo, Sant’ana se mostrou insatisfeito com a infraestrutura do CT, que possui apenas dois campos e áreas improvisadas com contêineres, além da falta de instalações adequadas — questões que também eram fonte de preocupação para Pedrinho. Em conversas com a diretoria no final de 2024, o clube alocou um orçamento entre 25 a 30 milhões de reais para a reforma do CT.
O entendimento era de que, apesar de contar com equipamentos e profissionais de excelência, a infraestrutura geral estava aquém do que é observado na maioria dos clubes da Série A. As novas instalações têm como objetivo melhorar as condições de treinamento para os profissionais e as categorias de base, reforçando a interação entre elas.
Obras para instalação de piscina no CT Moacyr Barbosa, do Vasco — Foto: Divulgação / Vasco
A mudança de direção ocorre em um momento em que o Vasco precisa de uma atuação mais eficaz no mercado de transferências. Marcelo Sant’ana foi contratado após a saída da 777, marcando uma ruptura com os sistemas de futebol dos investidores. A avaliação é de que, apesar da organização trazida por Sant’ana, é hora de dar um passo maior e mais enérgico, especialmente com a janela de transferências se aproximando no meio do ano.
Nesse contexto, Rodrigo Caetano é o nome almejado por Pedrinho. O atual diretor de seleções da CBF é o candidato preferido do Vasco para a posição. Em meio às incertezas envolvendo a CBF, devido ao futuro de Ednaldo Rodrigues — que enfrenta uma disputa judicial —, a possibilidade de contratação de Caetano se torna ainda mais atraente.
Fonte: ge