Após mais de dois meses de conversas, o Vasco confirmou a contratação de Philippe Coutinho. A transação, que envolveu diversos times, foi concluída com o retorno do meio-campista por meio de um empréstimo. A conclusão positiva se deu graças aos esforços da diretoria vascaína, porém, foi principalmente impulsionada pelo desejo do jogador.
Primeiro contato
O Vasco entrou em contato com a equipe de Coutinho no começo de maio. Nesse momento, o clube já sabia que o contrato do jogador com o Al-Duhail, do Catar, se encerraria em junho. Além disso, ele não fazia parte dos planos do Aston Villa, clube inglês ao qual pertence, para a próxima temporada. As tratativas iniciais foram realizadas pela SAF, ainda na gestão da 777.
Paralelamente, o presidente do time associado, Pedrinho, recebeu a informação de que Coutinho tinha o interesse em retornar ao Vasco e consultou pessoas próximas ao atleta, que confirmaram que sua prioridade era voltar a São Januário.
Desde o início das negociações, a vontade de Coutinho foi determinante. O jogador indicou disposição em reduzir significativamente o salário que recebia na Inglaterra para defender o clube vascaíno.
Pedrinho assume a negociação
No início de maio, as conversas ocorriam separadamente, com a participação da 777 e de Pedrinho de forma individual. A situação mudou em 15 de maio, quando uma liminar judicial suspendeu os efeitos do contrato com a empresa americana e devolveu o controle do futebol do Vasco ao clube.
No dia seguinte à liminar, em uma coletiva de imprensa, Pedrinho foi questionado sobre Coutinho e afirmou que as negociações estavam em andamento. A partir desse momento, o presidente vascaíno assumiu a liderança nas tratativas, que também contaram com a participação do então diretor de futebol Pedro Martins.
Coutinho desembarcou no Rio de Janeiro em 24 de maio e confirmou que estava em conversas com o clube que o revelou. A declaração “todo mundo já sabe”, referente ao desejo do jogador, repercutiu nas redes sociais. Pouco depois, na primeira semana de junho, o meio-campista se reuniu com Pedrinho. A proposta apresentada previa uma redução de cerca de 70% no salário que Coutinho recebia no exterior.
Requisitos
A redução salarial não foi um obstáculo para Coutinho, porém, ele exigiu garantias financeiras de que o clube cumpriria os acordos feitos. Além disso, o jogador pediu para Pedrinho contratar o volante Souza e o meia-atacante Alex Teixeira, amigos e também revelados pelo Vasco.
As exigências causaram desconforto entre os aliados de Pedrinho, mas não interromperam o andamento das negociações. O presidente aceitou as demandas e definiu com os representantes do atleta os próximos passos para concretizar a contratação. Em meados de junho, estava tudo acertado entre Vasco e Coutinho.
Em uma coletiva de imprensa na última sexta-feira, Pedrinho afirmou que a contratação de Coutinho era o principal objetivo de sua gestão. Ele pretende priorizar reforços com o “DNA do Vasco”, e a chegada dos três jogadores está alinhada com os planos do presidente.
Negociação com o Aston Villa
O principal entrave nas tratativas foi o formato do negócio: Philippe Coutinho rescindiria com o Aston Villa ou chegaria por empréstimo? A negociação com o clube inglês atrasou o processo, porém, a incerteza não abalou a confiança dos dirigentes vascaínos.
Desde meados de junho, sempre que consultadas, fontes ligadas ao clube ou ao jogador afirmavam que o acordo estava bem encaminhado e cada vez mais próximo. A expressão “Coutinho perto do Vasco” se popularizou entre os torcedores nas últimas semanas.
Inicialmente, o jogador desejava rescindir com o Aston Villa. Pedrinho considerava o empréstimo a melhor opção, porém, a possibilidade de rescisão foi discutida até o final do último mês.
O clube inglês, entretanto, não concordou em rescindir o contrato. Em maio de 2022, o Aston Villa desembolsou 20 milhões de euros (cerca de R$ 108 milhões) para contratar Coutinho junto ao Barcelona. A equipe inglesa, com a qual o jogador tem vínculo até julho de 2026, espera que o meio-campista retorne ao seu melhor nível no Vasco para recuperar parte do investimento feito há dois anos.
Por outro lado, o Aston Villa concordou em emprestar Coutinho sem solicitar compensação financeira ao Vasco. Esse aspecto da negociação também é fruto do entendimento entre o jogador, seus representantes e o clube inglês.
O Vasco aguardou o término do contrato de Coutinho com o Al-Duhail em 30 de junho para iniciar a troca de documentação visando à assinatura do contrato.
Interesse de outras equipes
No decorrer das tratativas, o Vasco teve que lidar com o assédio de outros clubes por Coutinho. Botafogo e Fluminense manifestaram interesse na contratação do jogador de 32 anos. Anteriormente, nos anos anteriores, o nome do meio-campista também foi associado ao Flamengo e ao Corinthians.
O próprio Vasco sondou a situação do jogador nas temporadas anteriores, porém, até este ano, Coutinho não havia demonstrado interesse em retornar. De toda forma, em todas as ocasiões em que foi procurado por uma equipe brasileira, o meio-campista reiterou que só voltaria ao país para jogar no Vasco.
Seleção e anseio familiar
O retorno ao Vasco também é estratégico para Coutinho e sua família. O jogador enxerga na volta ao futebol brasileiro a oportunidade de realizar um desejo que ainda persiste: retornar à seleção brasileira e ao radar da comissão técnica, hoje sob comando de Dorival Júnior. Foi o treinador quem o lançou em 2009 e com quem disputou 44 partidas pelo Vasco antes de completar 18 anos e se transferir para a Inter de Milão.
Participação de Ainê Coutinho no anúncio da contratação
Ainê Coutinho, esposa do jogador, teve participação ativa na decisão. A família entendeu que era o momento de retornar ao Brasil também em busca de outros objetivos profissionais. Ainê é uma figura presente nas redes sociais, com quase 1 milhão de seguidores no Instagram. Recentemente, ela lançou sua própria linha de perfumes e almeja impulsionar as vendas no país.
Enquanto as negociações com o Vasco avançavam, Philippe Coutinho adquiriu um shopping em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O Porto da Barra é um complexo gastronômico e comercial importante na cidade e será gerido pela PHA Empresa Patrimonial, empresa da qual o jogador é sócio ao lado de Ainê e dos irmãos Leandro e Cristiano.
O acordo também prevê uma parceria entre o Vasco e o jogador no Instituto Philippe Coutinho. O retorno do atleta ao Brasil está intimamente ligado ao desejo de desenvolver a organização voltada para jovens e crianças no Rio de Janeiro. As partes já estudam possíveis formas de colaboração.
Fonte: ge
