A última quinta-feira, 11 de setembro, deveria ser um dia de celebração para Rodrigo José da Silva Sant’Anna, de 36 anos, que aguardava a classificação do Vasco, seu clube do coração, às semifinais da Copa do Brasil após uma vitória sobre o Botafogo nos pênaltis. Ele estava em um bar no Rio de Janeiro com amigos. Infelizmente, Rodrigo não voltou para casa e sua família agora enfrenta a dor da perda.
Momentos antes da partida, nas proximidades da estação Oswaldo Cruz, na zona norte, Rodrigo foi atingido por um tiro na cabeça durante uma briga envolvendo torcedores do Flamengo—um time que não estava jogando naquele dia. Ele foi levado à UPA de Madureira, mas não resistiu aos ferimentos. O velório ocorreu no sábado, no Cemitério de Irajá.
Rodrigo deixa atrás de si a esposa, Thalyta Sant’Anna, e quatro filhos, incluindo uma bebê de apenas quatro meses e um menino com autismo nível 3, que é não verbal e hiperativo. “Meu braço está todo roxo, porque ele começa a se morder, a bater, e a única pessoa que ele respeitava era o Rodrigo”, desabafou Thalyta em entrevista à ESPN. Embora não fosse o pai biológico, Rodrigo havia criado o menino desde pequeno. “Não sei por onde começar ou o que fazer. Estou muito perdida”, afirmou.
Thalyta destacou a importância de Rodrigo em sua vida: “Ele era a minha base. Era só eu e ele para tudo.” Com a perda, ela já sente falta das pequenas coisas da vida cotidiana que compartilhavam. O Vasco enviou uma coroa de flores para o funeral e convidou a família para uma homenagem no estádio São Januário, durante o empate em 2 a 2 contra o Ceará. O presidente do clube, Pedrinho, expressou suas condolências durante o jogo, enquanto membros da principal torcida organizada acolheram a família.
Segundo Thalyta, Rodrigo não ia a jogos desde o início da gravidez, há um ano. No dia do incidente, ele trabalhou, fez compras e cumpriu suas obrigações familiares antes de encontrar amigos para assistir ao jogo mais próximo ao Estádio Nilton Santos.
A esposa também relatou os últimos momentos de contato com Rodrigo: “Ele estava saindo do primeiro bar, e eu conversava com ele, pois ele havia esquecido o casaco em casa e pediu para eu enviá-lo.” Desde então, ela não obteve mais respostas e, cerca de meia hora depois, recebeu a notícia trágica.
Thalyta usou a última conversa como um argumento em defesa de Rodrigo, questionando a lógica de alguém que está envolvido em uma briga enquanto pede um casaco. O irmão da vítima, Raphael Luiz, também defendeu a inocência de Rodrigo, apontando vídeos que mostram a situação tensa em que ele se encontrava.
“Nos vídeos, é claro que Rodrigo estava com os torcedores do Vasco, enquanto os flamenguistas, armados com paus e pedras, partiam para uma emboscada”, comentou Raphael. A família tem mais informações vindas de testemunhas e algumas gravações mostram o suposto atirador usando uma tornozeleira eletrônica.
“É revoltante ver que as autoridades não estão fazendo nada”, desabafou Raphael, que está determinado a buscar justiça para Rodrigo. “Vou fazer o que for necessário para que eles sejam responsabilizados.”
Thalyta compartilhou um sentimento semelhante, afirmando que nada poderia realmente trazer justiça pela vida de seu marido, mas que esperam que as autoridades cumpram seu papel.
A Polícia Civil emitiu uma nota afirmando que a Delegacia de Homicídios da Capital está investigando a morte de Rodrigo, com informações preliminares indicando que duas pessoas foram atingidas durante a briga entre torcedores. Contudo, Thalyta expressou sua frustração com a falta de uma resposta mais substancial das autoridades sobre o andamento das investigações.
Raphael fez um apelo, enfatizando que a torcida do Vasco não buscava conflito naquela situação. A cunhada de Rodrigo também reforçou: “Eles não tinham intenção de brigar. O atirador foi lá com a intenção de matar alguém.” Infelizmente, a família é a mais afetada pela tragédia.
**Fonte: ESPN**