Poucos conhecem o técnico Leandro Miranda, mas é fácil lembrar de Leandrão, o artilheiro que brilhou no Internacional, Botafogo e Vasco, entre outros. Aos 42 anos, este jovem treinador vem obtendo ótimos resultados, levando o America à sua primeira final da Copa Rio e ao retorno a competições nacionais após 15 anos.
O America venceu o primeiro jogo da final por 1 a 0 no Giulite Coutinho e enfrentará a Portuguesa neste sábado, às 18h, em busca do troféu. O vencedor poderá escolher entre um lugar na Série D do Brasileirão ou na Copa do Brasil de 2026, enquanto o vice-campeão ficará com a competição não escolhida. O clube não participa de uma competição nacional desde 2010, quando esteve na Série D.
Leandrão, técnico do America-RJ — Foto: João Carlos Gomes
Em entrevista ao ge, Leandrão expressou sua felicidade com a campanha do America, ressaltando a importância da final para os torcedores, que esperam ansiosos pelo retorno do clube ao cenário nacional.
— É um sentimento incrível colocar o America novamente em evidência. Um clube tão tradicional, querido, e que tem uma torcida ávida por competições. Fui chamado há um mês e meio, no início da Copa Rio, para contribuir com esse planejamento, e estou orgulhoso de estar disputando este título — disse.
Durante a conversa, Leandrão compartilhou sobre seus primeiros passos como técnico, que começou há cinco anos no Boavista. Ele declarou sua admiração pelo presidente do America, Romário, e discutiu sua filosofia ofensiva como treinador, além das dificuldades em encontrar centrosavante do seu estilo no futebol atual. Em suas palavras, o porte físico que diferiu em sua trajetória como atleta se mantém em sua rotina de treinos, que inclui jiu-jitsu, modalidade da qual é faixa-preta.
Leandrão também destacou que seu maior objetivo como técnico é levar o America de volta a um lugar de prestígio.
De jogador a treinador
Originário de Uberlândia, Leandrão começou sua carreira no futebol profissional pelo Internacional em 2001. Em 2003, foi emprestado ao Botafogo, onde se tornou artilheiro do time, marcando 12 gols no vice-campeonato da Série B.
Leandrão com a camisa do Botafogo em 2003 — Foto: Botafogo/Divulgação
O excelente desempenho no Botafogo o levou a jogar no Japão e na Coreia do Sul, antes de retornar ao Internacional em 2009. Em sua carreira, Leandrão atuou por diversos clubes, incluindo Vitória, Sport, Vila Nova e Brasil de Pelotas, antes de voltar à Série A em 2015 com o Vasco, onde participou de 11 jogos e marcou um gol.
Leandrã comemora gol do Vasco contra o Joinville — Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco
Antes de se aposentar em 2019 no Boavista-RJ, Leandrão passou novamente pelo ABC. Após sua aposentadoria, iniciou sua trajetória como técnico, onde passou cinco temporadas no Boavista, quatro das quais como treinador principal. Em 2025, ele foi contratado pelo America para a Copa Rio e permanece invicto, com quatro vitórias em sete jogos até agora.
Leandrão, dedicando-se aos estudos no futebol, acredita em um futuro promissor na nova fase de sua carreira.
— Joguei futebol por 20 anos. Depois da minha aposentadoria, fiz todos os cursos teóricos, tenho as licenças da CBF e a primeira licença da UEFA. Busquei ainda formações em Educação Física, Nutrição, Psicologia e Gestão Esportiva. Faço questão de aprimorar minha parte teórica, pois a prática eu vivi durante minha carreira — afirmou.
“”Meu conhecimento prático é amplo, mas estudo diariamente para construir uma carreira tão brilhante quanto a que tive como jogador.””
— Leandrão, técnico do America
Leandrão, técnico do Boavista de Saquarema — Foto: Eduardo Peralta/Boavista
Perfil sempre ofensivo
Sob o comando de Leandrão, o America melhorou sua média de gols em comparação ao fraco desempenho na Série A2, onde o time terminou em sexto lugar, com apenas sete gols em 11 partidas. Na Copa Rio, passaram a ter uma média de 1,28 gols por jogo, com nove gols em sete partidas.
— Sempre tive uma postura ofensiva. Busquei treinos que favorecessem isso. Me formei e construí meu perfil assim. Prefiro ter a bola o máximo possível e marcar em bloco alto — destacou.
Embora não tenha um centroavante clássico, Leandrão afirma que isso não impede de montar um time goleador.
— Não busquei formar uma equipe com um camisa 9 do meu estilo. Essa opção é rara no futebol atual. Por isso, foco em jogadores mais móveis que consigam explorar espaços e ajudem na recomposição. Se houver um centroavante clássico, gosto dele, mas monto a equipe com atacantes de lado e meias — explicou Leandrão.
Ele reafirma que a estratégia do time não mudará, mesmo com a vantagem obtida no primeiro jogo da final:
— Reconhecemos a vantagem, mas estamos cientes da dificuldade que será enfrentar a Portuguesa. Vamos jogar da mesma forma, lutando até o fim pelo título.
Fã do Baixinho
Ter Romário como presidente é motivo de grande satisfação para Leandrão:
— Trabalhar com ele é espetacular. Ter meu ídolo na presidência é importante para minha carreira. Conversar diariamente com alguém que conquistou tanto no futebol é incrível.
Se o desempenho do time tem alegrado Romário, dar o título é prioridade para Leandrão, que vê um possível troféu como a realização de seu sonho como treinador.
— É uma honra ver a felicidade dele. Vamos nos esforçar até sábado para fazer um grande jogo e conquistar o título para ele e para os torcedores do America.
“”Tenho enorme respeito por ele, como atleta, presidente e agora, como amigo.””
— Leandrão, técnico do America
Masters America x Botafogo – Romário — Foto: João Carlos Gomes / America
Faixa-preta
Reconhecido por sua força física, Leandrão mantêm sua dedicação a outros esportes como jiu-jitsu, onde é faixa-preta, além de surfar e praticar crossfit.
— Minha carreira como atleta me permitiu explorar outros esportes. O jiu-jitsu acompanha-me há mais de 20 anos, e obtive minha faixa preta. O surfe chegou na pandemia, sendo uma terapia para mim. Também pratico crossfit para manter a saúde e o desempenho físico.
“Gosto de estar sempre em forma. É meu cartão de visita como treinador e educador físico.”
— Leandrão, técnico do America
Leandrão; técnico; jiu-jítsu — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: ge