Nesta denúncia, a advogada relata que tem sido alvo de comentários injuriosos, difamatórios e caluniosos nas redes sociais. Páginas de torcedores do clube de Payet também têm feito publicações que incitam as ameaças contra Larissa.
“Recebi mensagens dizendo que iam me matar a tiros, a tijoladas… Todos os dias sou alvo de piadas, como se eu estivesse me colocando nessa situação”, desabafou ao EXTRA.
Abandonou o emprego por medo
Após denunciar Dimitri Payet, Larissa Ferrari não retornou mais ao Rio. A advogada deixou seu trabalho como corretora em uma imobiliária no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste da cidade, onde o jogador francês reside.
Ela dividia um apartamento com uma amiga, onde ficou durante o mês de fevereiro, mas teve que abandonar tudo por conta do medo gerado pelas denúncias de agressão, voltando para o Paraná:
“Mal posso esperar para voltar ao Rio de Janeiro, mas a proximidade do meu apartamento com a casa dele é tão pequena que não me sinto segura para retornar. Estou angustiada. Estou aqui sem poder fazer nada, sem voltar ao meu trabalho, apenas aguardando.”
Larissa ainda recebe mensagens de sua gerente perguntando se ela pretende voltar à imobiliária, mas a insegurança persiste:
“Eu sinto que estou sendo vítima novamente, impedida de ter minha vida de volta por medo.”
Após denunciar Payet por agressão física e psicológica e solicitar uma medida protetiva, Larissa passou por duas perícias físicas e uma psicológica.
Na primeira perícia, realizada em 1º de abril, o laudo confirmou que a advogada apresentava hematomas, mas não foi possível identificar a origem das lesões. Ela também tinha uma cicatriz no antebraço esquerdo.
A segunda perícia, que ocorreu em 8 de abril, também constatou três lesões, incluindo cicatrizes na perna direita, região glútea e coxa esquerda.
A avaliação psicológica foi feita em três dias seguidos no início de abril. O laudo indicou que Larissa sofre de Transtorno de Personalidade Borderline e evidenciou que ela foi vítima de violência física, psicológica e sexual.
No dia 30 de março, em União da Vitória, Paraná, Larissa registrou na delegacia que recebeu ameaças veladas de Payet. Segundo seu relato, após retornar à cidade, o jogador começou a enviar mensagens com frases como: “Vou mandar alguém para te deixar segura” e “Vou mandar alguém cuidar de você”.
Conforme a denúncia, a advogada destacou que o relacionamento era conturbado, com Payet exibindo comportamentos agressivos e controladores. Um inquérito foi aberto para investigar as alegações.
No Rio, ela registrou um boletim de ocorrência em 29 de março, afirmando que foi agredida por Payet, o que resultou em marcas em seu corpo.
O EXTRA tentou entrar em contato com o jogador e sua assessoria sobre os dois boletins de ocorrência, mas não obteve resposta. O caso está em trâmite na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá e segue sob sigilo.
O início do relacionamento com Payet
Larissa e Dimitri Payet trocaram as primeiras mensagens em 2 de agosto de 2024, onde passaram horas flertando e compartilhando suas preferências sexuais. Tanto o jogador quanto a advogada foram bastante abertos sobre suas preferências na cama. Entretanto, sete meses depois, o ex-casal se vê envolvido em inúmeras denúncias feitas por Larissa. Ela procurou as polícias do Rio e do Paraná alegando ser vítima de agressão física, psicológica e de situações degradantes e humilhantes.
Na primeira conversa com Payet, Larissa revelou que gostava de “tudo na cama”. Ela admite que a dinâmica sexual entre eles era marcada por submissão, em ambos os lados.
“Eu era submissa, mas ele não era excessivamente agressivo. E quando ele se tornava submisso, eu também não mostrava agressividade. Porém, quando ele começou a me agredir, os atos já não passavam despercebidos. A agressão começou a se intensificar”, esclarece.
Desde dezembro, Larissa notou uma mudança drástica. O que antes eram submissões consensuais tornaram-se punições após Payet descobrir que ela havia contado a uma amiga sobre o relacionamento.
Certa vez, após uma noite de bebida, Larissa se isolou no banheiro durante uma briga de ciúmes. Payet a puxou de volta e a forçou a ter relações sexuais, ferindo-a tanto fisicamente quanto emocionalmente: “Durante as relações, ele era agressivo, o que me machucava. Eu nunca reclamava, pois sabia que, ao fazê-lo, poderia perdê-lo.”
Em uma entrevista exclusiva ao EXTRA, Larissa relatou que foi submetida a diversas humilhações e degradantes punições cada vez que Payet demonstrava ciúmes:
“Ele me fazia beber minha própria urina, lamparinar o chão, lamber o vaso. É difícil contar e lembrar. Cheguei a beber água do vaso. Não consigo acreditar que fiz isso.”
Larissa acredita que aceitou as vontades de Payet porque estava vulnerável emocionalmente. Diagnósticos anteriores de transtorno de personalidade Borderline a deixaram exposta à manipulação sexual por ele.
Ela apresentou documentações que comprovam os hematomas e fez um exame de corpo de delito no Paraná, onde, além da denúncia, trouxe provas das agressões sofridas.
Nas imagens acessadas pelo EXTRA, observa-se hematomas e marcas roxas em suas pernas, nádegas e braços que seriam resultado das agressões por parte de Payet.
“Algumas marcas na panturrilha e tornozelo foram de quando ele pisou em mim. Ele efetivamente tinha prazer em agredir, tanto que os atos sexuais eram descritos como ‘punições’. Ele me fazia acreditar que eu era a culpada e que merecia isso, e eu acreditava. Só com a terapia percebi que não merecia.”
Larissa também relatou que enfrentou xingamentos: “Ele me chamava de ‘vagabunda’, dizia que eu era ‘vagabunda como todas as brasileiras’, inspirando desconfiança sobre tudo que ouvia na Europa.”
Com o registro do boletim em 30 de março, Larissa reiterou ter recebido ameaças do jogador, o que a levou a buscar amparo legal. Além disso, a advogada mencionou que o relacionamento foi marcado por agressões e comportamentos controladores.
Em um dos encontros no Rio em dezembro, Larissa vivenciou momentos de grande tensão e ameaça dentro do carro, onde Payet expressou sua ira com palavras que a deixaram amedrontada: “Foi uma das piores experiências, ele me ameaçou de morte. Disse que sorte eu tinha por conhecê-lo em um bom momento e não em um mau.”
Após esse episódio, as agressões tornaram-se mais frequentes e visíveis, como as imagens que foram anexadas à sua denúncia.
Larissa afirma que expor sua experiência tem como objetivo garantir sua segurança: “Eu sabia que seria julgada, mas prefiro lidar com os julgamentos do que correr o risco da minha segurança. Não foi uma busca por fama, mas uma forma de garantir minha proteção.”
Fonte: Extra