No dia 13 de maio, Fernando Diniz assumiu o comando do Vasco em meio a grandes dificuldades. A equipe estava enfrentando uma sequência de oito jogos sem vitórias nesta temporada, ainda sob a direção de Fábio Carille e Felipe, e havia sofrido dois reveses significativos contra Puerto Cabello e Vitória. Essa situação culminou na demissão do diretor de futebol Marcelo Sant’Anna. O desempenho preocupante no Brasileirão ampliava a preocupação da diretoria, temorosa com a possibilidade de rebaixamento.
Entretanto, o campeonato ainda estava apenas na oitava rodada. Pedrinho, em uma de suas decisões mais assertivas à frente da SAF do Vasco, não hesitou em contratar um novo técnico. Fernando Diniz sempre foi a primeira escolha do presidente, devido à sua filosofia de jogo que combina bem tanto dentro quanto fora de campo. Havia ainda tempo suficiente para que a equipe evitasse o Z-4.
Seis meses após sua estreia contra o Lanús, onde o Vasco perdeu por 1 a 0 em Buenos Aires na Sul-Americana, a equipe não está mais na competição internacional, mas conseguiu escapar do rebaixamento e avançar para a parte superior da tabela, sonhando com o título da Copa do Brasil em 2025. A equipe cogitou até um lugar no G-7 depois de uma notável sequência de seis vitórias em sete partidas do Brasileirão, embora uma série de derrotas tenha interrompido o progresso.
Fernando Diniz, Vasco x Juventude — Foto: Jorge Rodrigues/AGIF
O ge elaborou um balanço do período dos últimos 180 dias. Confira abaixo.
Qual nota você atribui ao trabalho de Fernando Diniz no Vasco até o momento?
**Deu certo**
Menor dependência de Vegetti
Diniz buscou implementar seu estilo de jogo desde o início de sua gestão. As diretrizes que o credenciaram nos últimos anos foram mantidas: um time que valoriza a posse de bola, é ofensivo, joga em linha alta na defesa e agrupa jogadores pelas laterais. Se antes o Vasco dependia de jogadas pelos flancos para cruzamentos em Vegetti, a transformação foi significativa e positiva.
A equipe agora gerencia melhor a posse de bola e cria mais oportunidades ao gol adversário. Nuno Moreira e Coutinho adquiriram um papel central e se tornaram os pilares da equipe, operando em conjunto pela esquerda, junto de Tchê Tchê e Lucas Piton. Do lado oposto, Rayan e Paulo Henrique se destacam pela velocidade e força física, contribuindo para as ações ofensivas.
A ascensão de Rayan
Rayan sempre foi cercado de expectativas desde suas categorias de base, mas a verdade é que ainda não havia demonstrado todo o seu potencial no profissional. A chegada de Diniz foi decisiva para sua evolução. O atacante ganhou destaque, sendo observado até mesmo pela Seleção Nacional. Em 2025, seu desempenho explodiu.
O treinador fez um pedido à diretoria do Vasco: não vender Rayan a qualquer custo. Pedrinho atendeu a essa solicitação, e o resultado foi visto em campo. Rayan já contabiliza 12 gols no Brasileirão, tornando-se o quarto maior artilheiro da competição. Na Copa do Brasil, é o segundo jogador com mais gols. Ele se tornou a principal arma do Vasco em termos de gols, e essa valorização será um dos grandes legados da passagem de Diniz por São Januário.
Resgate de Coutinho
Recentemente, Diniz revelou que Coutinho estava desanimado com o futebol antes de sua chegada ao clube. O meia enfrentava dificuldades para ter sequência de jogos e apresentava limitações durante os treinos e partidas, frequentemente sendo substituído no início do segundo tempo.
Com Diniz, a situação mudou. Coutinho aumentou sua carga de treino e passou a participar ativamente das atividades. O progresso no CT Moacyr Barbosa foi refletido em campo. O meia começou a completar as atividades até o fim das partidas, tornando-se o maestro da equipe. Ver Coutinho iniciar jogadas no campo defensivo e aparecer no ataque para finalizações tornou-se uma constante.
As limitações físicas desapareceram e a qualidade retornou. Essa é a melhor temporada em termos de números e participação em gols do jogador desde 2019, quando atuava no Bayern de Munique.
Coutinho em Santos x Vasco pelo Brasileirão 2025 — Foto: Matheus Lima
Contratação de jogadores
Diniz desempenhou um papel crucial na janela de transferências do Vasco. O treinador participou ativamente de todas as cinco contratações do clube no último mercado, desde a avaliação dos jogadores com Admar Lopes, Pedrinho e Felipe, até as conversas diretas com os possíveis reforços. A venda de Luiz Gustavo, que começou a ter mais oportunidades no profissional sob a orientação de Diniz, foi fundamental para o clube ter recursos para novas contratações.
O técnico fez diversas ligações para Robert Renan, por exemplo, e as negociações foram ágeis. Cuesta, Andrés Gómez, Matheus França e Thiago Mendes também foram contatados pelo treinador.
— Meu primeiro contato com Diniz não foi apenas um, foram vários. Ele me ligou várias vezes (risos). Ele falou coisas boas sobre o Vasco e que me ajudaria bastante. Os treinos começam às 8h no CT e vão até quase às 13h. Ele gosta de treinar muito, é uma experiência incrível — disse Robert Renan em sua coletiva de apresentação.
Arrancada no Brasileirão e sonho com a Copa do Brasil
Com o resgate de Coutinho, a explosão de Rayan nesta temporada e a rápida adaptação dos reforços na defesa, os resultados começaram a aparecer. Especialmente entre setembro e início de novembro, a equipe deslanchou em 2025, avançando no Brasileirão e na Copa do Brasil.
Em dois meses, o Vasco sofreu apenas uma derrota, acumulando seis vitórias e três empates em dez partidas, o que não apenas afastou o time da zona de rebaixamento como também o aproximou do G-7 e garantiu a classificação para a semifinal da Copa do Brasil. Atualmente, o clube está praticamente assegurado na Série A para o próximo ano, com 42 pontos conquistados, e sonha com o título do torneio mais importante do país.
Fernando Diniz e Rayan comemoram classificação diante do Botafogo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
O Vasco se tornou um visitante temido, com uma goleada de 6 a 0 sobre o Santos no Morumbi, uma vitória de 3 a 1 sobre o São Paulo no mesmo estádio, além de triunfos sobre Fortaleza, Bragantino e Sport fora de casa.
**Ainda não deu certo**
Desempenho em São Januário
Diferentemente de anos anteriores, o Vasco não está tendo um bom desempenho no Brasileirão em seu próprio estádio. A equipe sofreu derrotas para Bragantino, Corinthians, São Paulo e Juventude em São Januário, além de empates contra Atlético-MG, Ceará e Grêmio. O time conseguiu apenas quatro vitórias (sobre Fortaleza, Bahia, Cruzeiro e Vitória) em 11 partidas em casa sob a direção do treinador.
Fernando Diniz em Vasco x Juventude — Foto: Lucas Figueiredo/Getty Images
Números da defesa
Enquanto o ataque do Vasco está se saindo bem, a defesa ainda carece de melhorias. A equipe sofreu 48 gols em 33 partidas, com uma média de 1,5 gol sofrido por jogo. Apesar da presença de Cuesta e Robert Renan, que mostraram um bom desempenho inicial, o Vasco voltou a ser vulnerável nas últimas três partidas, com oito gols sofridos contra São Paulo, Botafogo e Juventude, muitos deles em razão de falhas individuais.
Insistência excessiva?
Nas últimas três partidas, as críticas ao desempenho do Vasco se voltaram especialmente para o treinador Fernando Diniz. Sua insistência em escalar Tchê Tchê e Matheus França foi contestada, e ele foi rotulado de “burro” após a derrota para o Juventude.
A escolha de França como segundo volante, que deixou o meio de campo desestruturado, gerou descontentamento da torcida, especialmente após o clássico contra o Botafogo. O técnico manteve essa estratégia na segunda etapa contra o Juventude, o que deixou a equipe ainda mais suscetível.
Vegetti é titular? Qual a dupla de volantes?
O Vasco enfrenta incertezas em dois aspectos do time titular. O primeiro diz respeito à liderança no ataque ao lado do trio formado por Nuno Moreira, Coutinho e Rayan. A outra dúvida é sobre quem formará a dupla de volantes ao lado de Barros. Anteriormente, as respostas eram Vegetti e Tchê Tchê, mas ambos não estão em boa fase e geram questionamentos.
Andrés Gómez e Hugo Moura se destacaram como titulares na posição, mas também oscilaram nos últimos jogos. Atualmente, essas dúvidas são as principais preocupações para Diniz, que buscará definir sua formação ideal até dezembro para o confronto contra o Fluminense, visando o bicampeonato da Copa do Brasil.
Fonte: ge







