Futebol brasileiro: CBF demonstra preocupação com o cronograma e interesses comerciais

O comunicado divulgado pelo Atlético-MG nesta manhã de quarta-feira (15) solicitando a interrupção do Campeonato Brasileiro se alia aos apelos do Grêmio e de mais 11 equipes da série A da Liga Forte Futebol, formando maioria na competição. No entanto, por que a CBF, mesmo afirmando respeitar a vontade dos clubes, não interrompe o torneio imediatamente?

O site ESPN.com.br entrevistou membros da cúpula do presidente Ednaldo Rodrigues e intermediários dos principais setores da CBF para analisar os bastidores políticos por trás da decisão de adiar a situação até o Conselho Técnico marcado para 27 de maio.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

É válido ressaltar que a CBF é veementemente contra a paralisação de suas competições.

Oficialmente, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, reitera que ouvirá as posições dos clubes e que respeitará o desejo deles. Em paralelo, nos bastidores, preocupada com o cronograma e interesses de parceiros comerciais, a direção da confederação trabalha para evitar o adiamento dos jogos.

Frente à maioria formada pelos clubes da série A, Ednaldo e seus aliados negociam com as equipes das séries B, C e D para que estas não sigam pelo mesmo caminho. O presidente enfatiza aos intermediários que não é coerente interromper apenas uma divisão.

Caso não haja acordo nas divisões inferiores, a CBF se esforçará para manter a série A em atividade, mesmo com a maioria estabelecida até o momento. Ressalta-se que decisões anteriores, como o pedido de paralisação do Brasileirão em Data Fifa, foram rejeitadas mesmo com a maioria dos clubes solicitando a interrupção.

Entre os argumentos que sustentam a solicitação para que os campeonatos não sejam interrompidos, a CBF destaca aos times que um adiamento geral de jogos após o final de maio comprometeria o cronograma. As Datas Fifa de setembro, outubro e novembro seriam usadas para os compromissos do Brasileirão, e qualquer novo imprevisto faria com que o torneio ultrapassasse a data planejada, prejudicando férias e outros compromissos.

Cientes do tempo necessário para esse tipo de articulação, Ednaldo e sua equipe adiaram o Conselho Técnico para 27 de maio, apesar da urgência do caso. Além disso, o dirigente estará fora do Brasil até 18 de maio, representando o país com uma equipe de quase 20 pessoas no Congresso Técnico da Fifa que confirmará a Copa do Mundo Feminina de 2027 no Brasil.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Com uma gestão caracterizada pelo perfil centralizador do presidente, nenhuma decisão que demande maior discussão será tomada na ausência física dele.

Outro argumento em que Ednaldo se baseia é a instabilidade jurídica de uma paralisação repentina do Brasileirão. Na visão dos advogados que assessoram a diretoria da CBF, adiar jogos sem o consentimento de todos os clubes poderia abrir espaço para uma série de ações judiciais questionando a determinação. A falta de unanimidade também contribui para a necessidade de tempo para adiar uma decisão definitiva.

Apesar de parte dos principais clubes, da opinião pública e do Ministério do Esporte se posicionarem contra a continuidade do campeonato, Ednaldo se apoia no considerável número de times das divisões inferiores ao seu lado e nos interesses comerciais para sustentar a posição da CBF, afirmando que a entidade sairia derrotada em caso de interrupção.

Embora o jogo político seja dinâmico, conforme afirmam aliados do presidente, a decisão atual indica que não haverá alterações nas tabelas das competições da CBF antes de 27 de maio.

Fonte: ESPN


Receba notícias do Vasco

Cadastre seu e-mail para receber os principais destaques do Vasco.