C. R. Vasco da Gama: História, 1971-1992

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C. R. Vasco da Gama: História, 1971-1992




C. R. Vasco da Gama: História, 1971-1992

História
1971-1992

Garoto Dinamite Explode no Maracanã

Terminava o ano de 1971 e o Vasco fazia uma campanha medíocre no primeiro
campeonato brasileiro, quando, num jogo de meio de semana contra o
Internacional, no Maracanã, foi lançado na equipe principal pelo técnico
Admildo Chirol um garoto de 17 anos. Ele marcou o segundo gol da vitória por
2 a 0 com um petardo da entrada da área e, no dia seguinte, a manchete do
Jornal dos Sports dizia em letras garrafais: “Garoto Dinamite Explodiu”.

O apelido pegou e o resto é história. Roberto esteve a serviço do Vasco durante
mais de 20 anos, com duas breves interrupções. Sua trajetória no futebol
brasileiro confunde-se com a do Vasco, constituindo-se em figura fundamental na
maioria dos títulos conquistados pelo clube neste período.

A contratação de Tostão

Andava muito mal o Vasco no início da década de 1970. Por isso, já com o
campeonato carioca de 1972 em pleno andamento, o passe do jogador tri-campeão
mundial Tostão foi adquirido junto ao Cruzeiro mediante a maior quantia
até então paga por uma transferência entre clubes brasileiros.

A contratação de Tostão parecia o prenúncio de uma era de glórias, porém no
ano seguinte o craque voltou a ter problemas na vista operada, a mesma que
quase o havia tirado da Copa de 1970, e acabou tendo que encerrar prematuramente
a sua carreira, aos 27 anos.

O campeonato brasileiro de 1974

Na década de 1970, o primeiro título do Vasco foi o do campeonato brasileiro de
1974, que parecia tão impossível face a qualidade individual das equipes
adversárias. Mas o Vasco terminou por arrancar o título, exibindo muita garra,
coração e conjunto, derrotando o Cruzeiro na decisão por 2 a 1. O gol da
vitória histórica foi marcado pelo ponta Jorginho Carvoeiro, que viria a falecer
pouco mais de um ano depois. O time contava com uma forte defesa, onde
pontificavam o goleiro Andrada e os zagueiros Miguel e Moisés, e uma aplicada
meia-cancha jogando em função de Roberto, que tornou-se o artilheiro da
competição.

O timaço de 1977

Em 1976 o Vasco venceu a Taça Guanabara, que nesta altura valia como primeiro
turno do estadual, e foi vice-campeão estadual, perdendo na prorrogação a final
contra o Fluminense. Naquele ano, Roberto formava com Dé a primeira das várias
duplas mortíferas de que participou ao longo de sua carreira, e pela primeira vez
foi convocado para a seleção, onde foi titular do time que conquistou o Torneio
Bi-Centenário nos EUA.

Em 1977, o Vasco reforcou o seu time em todas as linhas com os jogadores Orlando,
Geraldo, Dirceu e Ramon, que juntamente com jogadores como Mazzaropi, Abel,
Marco Antônio, Zanata e Roberto cumpriram sob a direção de Orlando Fantoni uma
empolgante campanha no campeonato estadual. O Vasco venceu ambos os turnos e
teve o ataque mais positivo e a defesa menos vazada – apenas 5 gols em 29 jogos,
um recorde na era do Maracanã -, inclusive não sofrendo nenhum gol durante todo
o segundo turno.

É digno de registro o recorde mundial batido pelo goleiro Mazzaropi: 1.816
minutos sem levar gol, de 18 de maio a 7 de setembro de 1977. Este recorde está
de pé até hoje e é

reconhecido pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas de Futebol)
.

Na Copa de 1978, os dois artilheiros da seleção que terminou, invicta, em terceiro
lugar foram os cruzmaltinos Roberto e Dirceu. Porém, logo depois da Copa, a
forte base do elenco vascaíno começou a ser desfeita, refletindo o êxodo de
craques brasileiros para o exterior, que começava a atingir proporções inéditas.

A venda e o retorno de Roberto

Afetado pela venda de alguns de seus principais jogadores, o Vasco passou a
experimentar um terrível destino: o de amargar em quase todas as competições
que disputava o incômodo posto de segundo colocado. Após ser derrotado na
decisão do campeonato brasileiro de 1979 pelo Internacional, iniciaram-se as
negociações que culminaram com a venda de Roberto para o Barcelona.

Em meio as crises desse clube e perseguições por parte do técnico Helenio
Herrera, Roberto não se adaptou e alguns meses depois já estava de volta ao
lugar de onde nunca deveria ter saído. Seu reaparecimento no Maracanã deu-se
num jogo inesquecível do campeonato brasileiro de 1980 contra o Corinthians,
quando, mais parecendo uma metralhadora, o Dinamite enlouqueceu o Maracanã
lotado ao marcar os cinco gols da vitória por 5 a 2 – quatro deles no
primeiro tempo.

Apesar de seguida e injustamente desprezado por quantos técnicos que passassem
pela seleção brasileira, que sempre tinham os seus prediletos para a sua
posiçao, principalmente quando chegava a época da Copa, Roberto continuava
cumprindo brilhantemente a sua tarefa de marcar gols, tendo conquistado várias
vezes a artilharia das competições. Porém o clube continuava vítima do estigma de
vários vice-campeonatos estaduais e outro vice-campeonato brasileiro, em 1984. A
exceção foi o campeonato estadual de 1982, quando o Vasco reuniu talento,
determinação e a corajosa decisão do técnico Antonio Lopes de substituir cinco
titulares para superar na final o eterno rival Flamengo, que contava com um
forte elenco que havia ganho sucessivos títulos na epoca.

O bicampeonato estadual 1987/88 e a trajetória de Romário

Em 1985, subiu para equipe profissional do Vasco um baixinho invocado com toda a
pinta de ser o sucessor de Roberto, e os dois formaram uma das duplas mais
diabólicas que já militaram no futebol carioca – a dupla “Ro-Ro”, que liderou a
relação de artilheiros em 1986 e 1987.

Apesar de obter a melhor campanha durante o estadual de 1986, o Vasco, depois de
vencer a Taça Guanabara, acabou perdendo a decisão de um campeonato em que não
faltaram denúncias de compra de juízes por parte de dirigentes rubronegros – o
famoso caso das “papeletas amarelas”. Como sempre, tudo acabou esquecido e por
esclarecer.

Porém, no campeonato carioca de 1987, o Vasco foi implacável. Mais uma vez o time
de melhor campanha e possuindo o ataque mais positivo, o Vasco afinal fez
prevalecer a justiça numa memorável final contra o Flamengo, com um gol de Tita
concluindo um passe de Roberto. Tiveram atuações destacadas ao longo de todo o
campeonato Acácio, Mazinho, Dunga, Geovani e Tita, alem, é claro, da dupla
“Ro-Ro”. Basta dizer que os três maiores artilheiros do campeonato foram Romário
com 16 gols, Roberto com 15 e Tita com 12.

No ano seguinte, reforçado pelas revelações dos juniores Sorato e Bismarck, o
Vasco conquistou o bicampeonato, em que não faltou uma memorável sequência de
quatro vitórias sobre o Flamengo, coroadas com um golaço do obscuro reserva
Cocada, que selou o título. No dia seguinte a decisão, as vendas de cocada preta na cidade
seguramente bateram todos os recordes.

Entre 1987 e 1989, o Vasco também venceu os significativos torneios
internacionais Troféu Carranza (tri em 1987/88/89), na Espanha, e a Copa de
Ouro (1987), em Los Angeles.

Após o bicampeonato estadual de 1987/88, o time foi desfeito, para não perder o
costume, com o tradicional êxodo de jogadores para a Europa, inclusive Romário.
Vale a pena mencionar os números impressionantes de Romário nessa que seria a
primeira de três períodos jogando pelo Vasco: Artilheiro dos campeonatos
cariocas em todas as categorias desde o infantil ao profissional, num total de
165 gols em 301 jogos (116 gols pela equipe principal), campeão juvenil em
1983, junior em 1984 e profissional em 1987/88.

A contratação de Bebeto e o campeonato brasileiro de 1989

Com o dinheiro arrecadado com a venda de Romário, Geovani e varios outros
jogadores para o exterior, o Vasco tirou de maneira espetacular Bebeto do
Flamengo, com quem o jogador estava em litígio, ao depositar na federação a
quantia equivalente ao seu passe.

Com Bebeto e outros reforços, o Vasco sagrou-se em 1989 campeão brasileiro
pela segunda vez, derrotando o São Paulo na final em pleno Morumbi por 1 a 0,
gol de Sorato.

Os números da carreira de Roberto e a sua despedida

Ainda em 1988, Roberto havia sofrido uma grave contusão muscular que o afastou do
campeonato carioca na terceira rodada. Muitos previam o final da sua carreira,
aos 34 anos. Depois de lenta recuperação e de passar duas temporadas emprestado
a Portuguesa de Desportos e ao Campo Grande, retornou ao Vasco em grande estilo
para liderar a equipe em 1992, na conquista que daria início ao tão almejado
tricampeonato carioca. Melhor ainda, de maneira invicta.

Roberto encerrou sua bela carreira triunfalmente como o maior goleador da
história do Vasco, com 622 gols em 1025 partidas no time principal. No total da sua carreira,
marcou 744 gols em 1201 partidas, sendo o sexto maior goleador do futebol
brasileiro em todos os tempos. É o maior artilheiro da história do Campeonato
Brasileiro, com 190 gols acumulados (181 deles pelo Vasco) e do Campeonato Carioca,
com 285 gols acumulados. É o maior artilheiro de São Januário, com
180 gols. Na seleçao, marcou 26 em 49 jogos, com uma média, portanto,
de 0,53, superior a de qualquer centroavante seu contemporâneo.

O jogo de despedida de Roberto foi contra o Deportivo La Coruña, que havia contratado
Bebeto, em março de 1993 no Maracanã. A derrota por 2 a 0 também marcou a perda
da longa invencibilidade cruzmaltina, de 32 jogos durante seis meses.