Em sua defesa exclusiva encaminhada ao portal ge (confira na íntegra adiante), Salgado enfatizou que concedeu um empréstimo de R$ 5 milhões em julho de 2022 a pedido da SAF, que enfrentava dificuldades de caixa devido aos atrasos na conclusão da due diligence e à demora na transformação do clube associativo em entidade empresarial.
O ex-dirigente esclareceu que os recursos foram devolvidos em breve tempo, acrescidos de juros. Esse fato justificaria a transferência de R$ 5.052.397,00 da Vasco SAF para sua conta em setembro daquele ano – assunto previamente abordado em uma carta pública divulgada há uma semana.
Como antigo credor do Vasco, com empréstimos desde a gestão de Roberto Dinamite, Salgado afirmou que até o momento recebeu apenas 23% do montante devido pelo clube.
Por fim, Salgado demonstrou surpresa com o conteúdo do relatório da Swot Global, anexado na quinta-feira no caso envolvendo 777 Partners e CRVG, e solicitou ao juiz que levante o sigilo da ação: “Não há razão para manter o processo em sigilo”.
Segue trecho da resposta de Jorge Salgado:
“Em resposta aos questionamentos recebidos, informo o seguinte:
É primordial investigar quaisquer indícios de irregularidades na gestão do Vasco SAF e, se confirmadas, os responsáveis devem ser punidos conforme a Lei. Essa premissa vale para o passado, presente e futuro.
No caso de um laudo PRELIMINAR de 24 páginas produzido em uma medida cautelar pré-arbitral, estrategicamente vazada momentos antes de um jogo crucial contra o Palmeiras, e do qual não tivemos acesso ou oportunidade de esclarecer, o perito designado pelo juízo não fez qualquer menção relevante sobre meu empréstimo, limitando-se a dizer que “não pode comentar” sobre o pagamento efetuado, por não ter acesso aos documentos pertinentes.
Os esclarecimentos sobre meu empréstimo foram prestados em minha manifestação de 08/06. Vale ressaltar que meu empréstimo ao CRVG foi aprovado e registrado oficialmente nos registros financeiros do clube e da SAF, que estão disponíveis para análise pericial e para os órgãos internos de controle.
1. Em relação ao empréstimo de R$ 70 milhões feito pela 777 ao CRVG em março/2022, recebi do CRVG, como parte do pagamento de parcelas em atraso da minha dívida, entre 10/03/2022 e 27/04/2022, o total de R$ 4.050.892,46. Esses pagamentos constam do Acordo de Acionistas;
2. Contudo, a demora na conclusão da due diligence e o adiamento da transação da SAF em relação ao planejado inicialmente afetou o caixa do CRVG. Novamente, fui procurado para auxiliar financeiramente o CRVG a efetuar pagamentos: (i) quitar uma dívida com Maxi López que acarretaria em uma proibição de transferência; e (ii) quitar o RCE referente a julho/2022. Novamente, ofereci meu auxílio financeiro ao clube, transferindo R$ 5 milhões nos dias 22/07/2022 e 27/07/2022; e
3. Com a conclusão da transação e a solução do problema de caixa, os R$ 5 milhões foram reembolsados a mim, acrescidos dos juros contratuais. É relevante mencionar que, até o momento, apenas 23% do total devido me foram restituídos.
Quanto às questões ligadas à Vasco SAF, é fundamental salientar que, em sociedades anônimas, os gestores são responsáveis pelos atos de administração. Além disso, o acionista majoritário responde pelos danos decorrentes de atos praticados com abuso de poder.
Nas Sociedades Anônimas do Futebol, o Conselho Fiscal desempenha papel essencial e permanente. Compete a ele fiscalizar as ações da gestão, certificar-se do cumprimento das obrigações legais e estatutárias, e reportar à administração falhas, fraudes ou crimes identificados.
Espera-se que o Conselho Fiscal da Vasco SAF continue cumprindo seu papel na investigação das transações financeiras, de maneira transparente e objetiva, em prol dos interesses da empresa.
Quanto ao inusitado vazamento ocorrido ontem, é necessário tecer algumas considerações sobre a abordagem do tema.
O segredo de justiça não deve ser violado seletivamente, a critério de quem conduz a narrativa. Esse vazamento estratégico, desprovido de compromisso com a verdade factual, parece visar desviar o foco dos desafios reais que confrontamos. Lamentavelmente, a politização de assuntos jurídicos e empresariais só serve para acirrar ânimos e tumultuar o ambiente, tanto dentro quanto fora do futebol, e expor negativamente a reputação do CRVG e da Vasco SAF em um momento no qual deveríamos buscar novos investidores e parceiros comerciais.
Diante desse panorama gerado por indivíduos ligados ao processo, não há mais sentido em manter o sigilo do processo movido pelo CRVG. Portanto, faço um apelo público ao juiz do caso para que, de ofício, levante o sigilo da ação de número 0858899-13.2024.8.19.0001, e permita o acesso de todos aos documentos e alegações que fundamentaram a medida cautelar pré-arbitral, incluindo toda a documentação referente à operação da Vasco da Gama SAF, na íntegra.
Espero que o Vasco siga a vontade de seus associados, adotando um modelo corporativo, com gestão profissional e responsável, em conformidade com os mais elevados padrões de governança, e abandone de uma vez por todas práticas ultrapassadas que nos conduziram à situação atual que perdura há mais de duas décadas”.
Fonte: ge