“VASCO, SUA GRANDEZA É O SEU PASSADO… É REVISITAR O TREM DA CONQUISTA.”
Antes da equipe de Pelé do Santos, existiu um conjunto a cravar sua bandeira em solo nacional e se consagrar como o time mais excelente em terras tupiniquins, admirado por serafins e também querubins. Pois antes de o monarca compor sua epopeia, o Vasco já havia decolado aos céus.
O TREM DA CONQUISTA (1945-1952)
É comum ouvirmos narrativas de tempos passados pelos nossos antecessores, grandes relatos do pretérito que podem ou não estar documentados. As lendas sempre nos envolverão e despertarão interesse, isso demonstra que elas são tão grandiosas a ponto de resistirem ao tempo, as proezas lendárias atravessam gerações. Na breve existência das pessoas, a morte só as alcançará efetivamente quando forem desprezadas, logo, as lendas não sucumbem, possuem existência perene.
No término dos anos 40 e início dos anos 50 existiu uma lenda, talvez uma das primeiras no nosso futebol. Permita-me apresentar. Sou Vitor Bahia, estou prestes a relatar a lenda de um dos maiores esquadrões da história.
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📰 Noite de Copa | Dep. De Redação
1- A MALDIÇÃO DE ARUBINHA
Grandes crônicas frequentemente são precedidas por períodos conturbados. Com o Vasco não foi diferente. Antes do esquadrão lendário emergir, o Vasco vivenciou uma seca de conquistas. O motivo? A maldição de Arubinha.
Nas proximidades do confronto entre Vasco e Andaraí no final dos anos 30, a equipe principal do Vasco sofreu um infortúnio. O modesto Andaraí aguardou a chegada da equipe reserva do Vasco para poder realizar a partida. Os cruzmaltinos, por sua vez, não tiveram a mesma solidariedade. O Vasco venceu por 12 a 0. Os jogadores do time adversário ficaram indignados. Foi então que Arubinha, ponta do Andaraí, enterrou um anfíbio em São Januário. A alegada praga impedia o Vasco de retomar as vitórias.
2- A DESCOBERTA DO ANFÍBIO
Cyro Aranha chega ao Vasco. Com ele, um projeto de prazo alongado. Os jovens talentos provenientes dessa leva de contratações e renovação de elenco seriam a base para o time vitorioso dos anos seguintes.
Em 1945 finalmente é o início desta narrativa. Se a Maldição de Arubinha foi o preâmbulo, finalmente o ano de 1945 foi o primeiro. O Colosso da Colina recupera sua grandiosidade ao se tornar o pioneiro campeão carioca invicto desde a profissionalização do futebol. O anfíbio finalmente foi desenterrado, a maldição havia sido desfeita.
As modificações implementadas nos anos anteriores por Cyro Aranha, o então presidente do Vasco, enfim surtiram efeito. Jogadores eternizados integraram esse grupo. O técnico Ondino Vieira e o lendário Ademir de Menezes foram peças fundamentais nessa conquista e reconstrução.
3- NOVAMENTE INVICTOS!
Após a tormenta, veio a bonança. No ano seguinte, o Vasco foi campeão municipal com uma média de 4 gols por partida e campeão carioca invicto com uma média de 3,4 gols por jogo. O Trem da Conquista já possuía uma denotação que homenageava aquela equipe, pois como uma locomotiva, o Cruzmaltino arremessava seus adversários rumo à glória. O 2-3-5 ultra ofensivo do novo técnico Flávio Costa preencheu a lacuna deixada pela saída de Ademir de forma magistral.
4- SOBERANOS DA AMÉRICA
Por seus fabulosos feitos em solo nacional, o Vasco foi convidado a participar do Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões em 1948, a competição que viria a servir como base para a criação da Libertadores da América. O Vasco da Gama não ingressou como o favorito na competição, apesar de ter conquistado os torneios mais relevantes do Brasil. O principal oponente a ser batido era “La Máquina”, equipe histórica do River Plate de Alfredo Di Stéfano, então e reiteradamente campeão argentino. O Nacional, bicampeão uruguaio, e o Colo-Colo, time anfitrião, também eram outros clubes que gozavam de certo favoritismo e apelo midiático internacional.
A potencial favoritismo dos demais times sul-americanos acabou sendo puramente conceitual. O Trem da Conquista mais uma vez escreveu uma página em sua história com tons de glória. Cada um dos supostos favoritos sucumbiu diante do melhor time das Américas. Um a um foram superados pelo Gigante da Colina. Nem mesmo o lendário River Plate com Di Stéfano conseguiu deter a equipe vascaína. O empate contra a equipe argentina assegurou ao Vasco a glória eterna de ser o primeiro campeão da América.
5- O GRANDIOSO 1949
Os campeões da América desembarcam no Rio de Janeiro, maiores do que nunca. Antevia-se uma continuidade do grande festival comemorativo do título na cidade maravilhosa, com a conquista do Campeonato Carioca. O atual campeão continental e estadual seria um feito grandioso, se apenas tivesse ocorrido. O Vasco foi barrado de obter o seu primeiro tricampeonato naquele mesmo ano.
Heleno de Feitosa chega ao Vasco em 1949. Com este reforço crucial, o ataque do time voou no carioca. Foram 84 gols em 20 partidas. Uma máquina letal de triturar adversários. Mais uma vez os deuses do futebol voltam seus olhos a São Januário. O Vasco é campeão invicto do campeonato carioca, reassumindo a posição de time número 1 da América… e também do Rio. O tempero para esse título foi o embate decisivo contra o Flamengo. O time rubro-negro liderava por 2×0, porém o trem imparável mais uma vez retomou os trilhos. A virada veio, os 5 a 2 foram de uma crueldade ímpar.
O Clássico dos Milhões tornou-se uma área de conforto para o Vasco, já que de 13 de maio de 1945 a 25 de março de 1951, o Cruzmaltino não sofreu uma única derrota contra o Flamengo. Durante quase 6 anos de imbatibilidade, foram 20 partidas, 15 vitórias do Vasco, sendo 8 consecutivas. O Trem da Conquista era como um trem-bala.
Naquele mesmo ano de 49, a então terra do futebol, Inglaterra, enviava ao Brasil seu mais novo e glorioso descendente, o Arsenal. O atual campeão inglês aportava em terras brasileiras e eliminou os times que enfrentou, até… Encarar o Trem da Conquista. O Vasco atropelou o Arsenal e assegurou sua soberania indiscutível, parecia não existir adversário capaz de deter a supremacia daquela equipe. Todos os times históricos daquela época, um após o outro, caíram diante de seus pés.
6- O LEGADO INFINITO
A Copa do Mundo de 1950 ocorre no Brasil. O grande time daquele momento foi a base para a Seleção Brasileira. 6 jogadores vascaínos estavam no time titular, 2 na reserva. O ex-técnico vascaíno Flávio Costa e os ex-jogadores do Vasco Friaça e Jair também integraram a equipe. O Vasco foi tudo no Brasil, desde a artilharia da Copa, com o canhão Ademir e seu recorde de gols em uma edição única até então, até a falha do goleiro Barbosa na final contra o Uruguai.
Naquele mesmo ano, o Vasco conquistou o bicampeonato carioca. Pela primeira, vez o Maracanã alojou partidas do Campeonato Carioca e, assim, o Vasco foi o primeiro campeão carioca da Era Maracanã.
As principais estrelas do Vasco já estavam envelhecidas em 1951. Não conseguiram conquistar títulos significativos naquela temporada. A reformulação já clamava por sua consumação, entretanto, um belo dançarino vitorioso desejava sua última apresentação. Em 1952, o Colosso da Colina silenciou os críticos e realizou seu último ato: a conquista antecipada do Campeonato Carioca. O último suspiro do Trem da Conquista veio, relembrando seus dias mais gloriosos e românticos, deixando o torcedor vascaíno com a mesma sensação que aquela equipe sempre proporcionou, encerrando de modo análogo à origem de tudo.
40 títulos, milhões de torcedores, milhões de emoções. O que o Trem proporcionou não foram somente números, foram verdadeiras revoluções. Haverá apenas um primeiro campeão da América. Haverá apenas um primeiro campeão invicto. Haverá apenas um primeiro campeão do Maracanã. Haverá apenas um Trem da Conquista. Haverá apenas um Vasco da Gama. O precursor.
📝 Matéria redigida e produzida por @BrazilBallers
💻 Postado por @AlvaroMarquesV
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Fonte: X Noite de Copa