O destaque do Vasco na última temporada da Série A do Campeonato Brasileiro passou pela brilhante performance de Léo Jardim. As atuações do goleiro renderam uma convocação para a Seleção Brasileira. Em uma entrevista exclusiva para a Itatiaia, o camisa 1 compartilhou detalhes de sua carreira.
Aos 29 anos, Jardim tomou uma decisão inusitada. Mesmo com oportunidades no Lille, da França, ele optou por retornar ao Vasco em busca de deixar sua marca na história do clube.
Apesar de ser recebido inicialmente com desconfiança pela torcida, que ainda não havia presenciado suas atuações, Jardim se mostrou dominante e seguro no gol cruzmaltino. Com amplo conhecimento do futebol brasileiro e europeu, ele explicou a escassez de goleiros brasileiros em ligas estrangeiras.
“Na minha visão, os goleiros brasileiros são, tecnicamente falando, os melhores do mundo. No entanto, em outras nacionalidades, existem goleiros eficazes de outras maneiras. Talvez essa diferença esteja na necessidade de adaptação dos brasileiros ao estilo de jogo estrangeiro, ao invés de simplesmente reproduzir o que aprendemos no Brasil por toda a vida”, analisou.
De acordo com Jardim, essa adaptação, especialmente do ponto de vista mental, pode ser a chave para entender por que poucos goleiros brasileiros se destacam na Europa.
“Possivelmente, essa é a questão central que impede alguns goleiros de se adaptarem no exterior. Por isso, admiro tanto Alisson e Ederson, pois conseguiram se encaixar no futebol de alto nível. Eu, que tive a oportunidade de jogar na Europa, sei que não é uma tarefa simples. A mudança de cultura e as exigências técnicas tornam a transição desafiadora. Muitas vezes, os goleiros não conseguem se estabelecer ou construir uma carreira sólida lá”, concluiu.
Desafios para os brasileiros no exterior
Com propriedade, Léo abordou a dificuldade de adaptação ao futebol estrangeiro, em especial o europeu. Ele enfatizou que essa questão não afeta apenas os goleiros, mas todos os jogadores brasileiros que buscam oportunidades fora do país.
“Não é apenas uma questão para os goleiros, mas para todos os jogadores. O brasileiro está habituado a uma cultura e realidade muito distinta do cenário europeu atual. Tanto os goleiros quanto os demais atletas que se aventuram na Europa enfrentam desafios que vão além das quatro linhas, como o idioma, que desempenha um papel crucial na adaptação. Aqueles que conseguem ultrapassar essas barreiras têm mais chances de se integrar e ter sucesso no exterior”, opinou.
Decisão de jogar pelo Vasco
Mesmo tendo oportunidades em um grande clube europeu, Jardim optou por seguir no Vasco devido ao projeto apresentado pela equipe.
“Na época da minha escolha, a SAF havia assumido o clube e me apresentaram um projeto de carreira muito interessante. Pareceu-me a decisão certa naquele momento. Olhando para trás, vejo o quão rápido as coisas avançaram em apenas um ano. No futebol, sabemos que muitos fatores influenciam, mas quando tomei essa decisão, sem conhecer os resultados, já tinha em mente essas possibilidades”, afirmou.
Desde sua chegada ao Vasco no ano anterior, a estrutura do clube tem evoluído progressivamente.
Sabemos que o processo de reconstrução demanda tempo. O clube tem proporcionado uma estrutura de qualidade e se empenhado para que os jogadores estejam focados unicamente nas partidas. Já percebemos algumas melhorias. O Vasco e sua equipe estão empenhados em oferecer as melhores condições possíveis”, destacou.
Convocação para a Seleção Brasileira
Na última convocação de Dorival Júnior para a Seleção, Léo Jardim realizou o sonho de integrar o grupo. Com a ausência de Ederson, ele ganhou a oportunidade ao lado de Rafael (São Paulo) e Bento (Athletico-PR).
“Foi uma experiência espetacular. Participar da seleção brasileira é o ápice para qualquer jogador. Fiquei muito satisfeito com a recepção dos goleiros e dos demais jogadores. Fui extremamente bem acolhido e foi realmente uma experiência única e marcante, que desperta o desejo de retornar”, comemorou.
Intérprete de Payet
Além de seu ótimo momento no gol, Léo Jardim possui habilidades fora de campo. Sua passagem pelo Lille proporcionou o aprendizado do francês, o que tem sido fundamental para auxiliar Dimitri Payet na adaptação ao clube.
“Quando retornei, ainda tinha o idioma fresco na memória. Com o tempo, venho praticando menos e agora, sempre que Payet me pede para traduzir algo, parece que está ficando mais difícil. Mesmo assim, é gratificante poder ajudá-lo de alguma forma, contribuir de acordo com as oportunidades. Payet é uma pessoa incrível, que agrega muito em campo e fora dele. Fico contente em poder colaborar”, revelou, brincando sobre seu francês enferrujado:
“Sempre que possível, converso com ele, mas brinco sobre a dificuldade que tenho enfrentado. Às vezes, parece que estou perdendo o jeito, sabe?”, disse.
Com Léo Jardim como titular, o Vasco estreará no Campeonato Brasileiro diante do Grêmio, em São Januário, às 16h (horário de Brasília).
Fonte: Itatiaia