Marlon Freitas é uma figura essencial nos bastidores do Botafogo, mas mantém um perfil discreto fora do clube. Embora relutante em dar entrevistas, ele aceitou compartilhar quase três horas de sua história com a equipe do ge, em uma conversa que ficou marcada como uma das maiores do quadro Abre Aspas.
Por trás de sua imagem de firmeza e críticas, Marlon revela um homem sensível. Nascido em Magé e criado parcialmente em São Gonçalo, ele percorreu diversas partes do Brasil em busca do sonho de ser jogador de futebol, enfrentando a dor da perda do pai, sua maior inspiração, quando estava começando a se firmar no Fluminense. Após uma série de empréstimos, ele transformou sua mentalidade até encontrar seu lugar no Botafogo.
Desde então, sua trajetória foi marcada por conquistas, incluindo a Libertadores, onde se destacou como capitão. Depois de um ano desafiador em 2023, que envolveu tanto o rebaixamento na competição nacional quanto um polêmico episódio com a torcida, Marlon ressurgiu em silêncio, agora com o desejo de compartilhar sua jornada e inspirar crianças.
Ficha Técnica
- Nome: Marlon Rodrigues de Freitas
- Idade: 30 anos
- Profissão: Jogador de Futebol
- Carreira: Fluminense, Fort Lauderdale Strikers, STK Samorín, Criciúma, Botafogo-SP, Atlético-GO e Botafogo
- Títulos: Conmebol Libertadores (2024), Campeonato Brasileiro (2024), Campeonato Goiano (2020 e 2022)
Abre Aspas: Marlon Freitas, do Botafogo — Foto: André Durão
Abre Aspas: Marlon Freitas
ge: É uma surpresa saber que você aceitou participar do Abre Aspas, já que é conhecido por evitar entrevistas. O que te faz tão relutante em falar?
— É uma característica minha, na verdade. Sempre fui mais reservado, mas estou aprendendo a lidar com essa ideia de influenciar. Muitas pessoas me admiram, não apenas como atleta, mas como ser humano. Estou me esforçando para me abrir. Como capitão, sei que é minha responsabilidade encarar os momentos difíceis. E quando tudo está bem, deixo que outros brilhem.
— Hoje, não apenas os atletas, mas profissionais de diversas áreas exercem uma influência significativa. Eu tenho uma vida privada que prefiro manter, mas também reconheço que é importante me expor e compartilhar um pouco mais.
Você menciona sua família. Como foi sua infância?
— Tive uma infância boa, mas ao mesmo tempo desafiadora. Meus pais fizeram de tudo para me apoiar. Acredito que todo o meu sucesso é graças a eles e às pessoas que acreditaram em mim. Sinto fortemente a falta do meu pai, que sempre foi meu ídolo. Minha mãe, hoje, pode aproveitar tudo que sacrificou para me trazer até aqui. Meus pais sempre estiveram ao meu lado, especialmente durante os momentos difíceis.
Marlon Freitas em entrevista ao Abre Aspas, do ge — Foto: André Durão
Como foi crescer entre São Gonçalo e Magé?
— Nascido em Magé, passei minha infância lá e, com a separação dos meus pais, vivi momentos em São Gonçalo. A separação me fez viver essa divisão. Era uma época na qual morava com meu pai e minha irmã. Magé foi onde fiz amigos e jogava bola na rua, enquanto São Gonçalo foi onde aprendi a jogar nas escolinhas.
— Minha mãe sempre teve um papel essencial em me proteger e me oferecer oportunidades. Com o tempo, eu e minha mãe nos reaproximamos e a partir de então sempre busquei estar presente nos dois locais, especialmente em Magé.
— Em São Gonçalo, ainda tenho minhas irmãs mais novas que considero uma missão cuidá-las. Acredito que posso receber o carinho delas e inspirar muitas crianças. Estou envolvido no projeto “Primeira Chance”, onde buscamos mostrar opções melhores para essas crianças.
Qual o significado da frase “frequentar menos enterros e mais formaturas” para você?
— Refere-se à influência que um atleta pode ter. Para muitas crianças nas comunidades, eu sou um espelho. É essencial que tenham apoio familiar e um sistema de crença, que muitas vezes falta a elas. Trabalho com o Douglas em seu projeto, ajudando a transformar vidas.
— As redes sociais têm um papel crucial, pois ajudam a divulgar iniciativas como essa. Espero que minha história inspire mais pessoas. Em São Gonçalo, meu objetivo é não apenas ser um atleta de futebol, mas também alguém que contribui com a sociedade.
Desde a infância, o futebol sempre fez parte da sua vida?
— Sempre fui apaixonado por futebol. Meu pai, que também foi meu ídolo, influenciou muito essa paixão. Ele me levava aos treinos e jogos, e isso se tornou uma parte fundamental da minha vida.
— Antes de ir para Curitiba, fui convidado a participar de treinos no Fluminense, mas acabei sendo dispensado. Essa rejeição se tornou um impulso para o meu sonho. Quando finalmente fui para o Fluminense, foi um momento intenso, pois ali percebi a importância da minha jornada.
Você teve a chance de jogar no exterior no Fort Lauderdale Strikers. Como foi essa experiência?
— Não foi fácil, mas foi desafiador. Ao chegar, não falava inglês, o que gerou algumas situações engraçadas. Aprendi muito da cultura e foi um período que me ajudou a evoluir, tanto dentro quanto fora do campo.
Como foi sua experiência na Eslováquia?
— A adaptação foi difícil devido ao frio, e o ambiente era completamente diferente do que eu conhecia. Passar por essa experiência, contudo, foi muito importantE para meu desenvolvimento esportivo e pessoal.
Quando o Fluminense surgiu na sua vida?
— Quando assinei com um empresário relevante, o Fluminense foi chamado para me observar. Apesar de ter sido dispensado antes, quando finalmente voltei, ela já era uma base vitoriosa, e tive a chance de jogar e crescer como atleta.
Como você se sentiu ao ser chamado para o Botafogo?
— Foi um momento decisivo na minha carreira. Percebi que precisava atuar seriamente para me firmar e ter tempo em campo. Assim, abracei essa oportunidade com afinco.
A perda do seu pai afetou sua carreira de alguma forma?
— A concentração e a pressão emocional mudaram bastante após a perda do meu pai. Ele se foi de uma maneira inesperada e isso impactou minha vida e minha carreira de várias formas.
E a polêmica da piscadinha contra o Palmeiras?
— Eu entendo que aquilo foi um erro. Não condiz com o que sou e aprendi com isso. O foco deve ser sempre no desempenho e na equipe.
Qual é o seu desejo para o futuro no Botafogo?
— Quero ver o Botafogo novamente na Libertadores e ser parte dessa jornada. Embora não saiba o que vai acontecer a partir do próximo ano, estou comprometido com o clube e com as pessoas que fazem parte disso.
No geral, a trajetória de Marlon Freitas deixa claro seu amor pelo futebol e a importância de sua história de vida, que pode servir de inspiração para jovens jogadores e para a torcida do Botafogo.
Fonte: ge
Entre com sua conta favorita para comentar:
Ou, se preferir, preencha o formulário abaixo para comentar sem criar conta.