Em meio a um período tumultuado com a saída de Ramón Díaz, a goleada sofrida para o Criciúma e os protestos dos torcedores no centro de treinamento e em São Januário, além do desafiador adversário, o empate em 0 a 0 diante do Fortaleza, nesta quarta-feira, no Castelão, representou um resultado positivo. E isso se deve principalmente à atuação consistente na defesa, destacando-se o desempenho de Léo Jardim e do trio de zagueiros.
— Era crucial permanecermos vivos para o próximo jogo, era fundamental levar a disputa para São Januário — afirmou Rafael Paiva após o confronto.
A equipe não conseguiu ameaçar o gol do Fortaleza e concentrou seus esforços na defesa para conquistar o empate, que seria satisfatório em qualquer situação, mas que se tornou excelente dadas as circunstâncias atuais. O goleiro João Ricardo precisou intervir apenas uma vez durante toda a partida, em um chute de Paulo Henrique de fora da área.
Por outro lado, Léo Jardim foi o destaque do jogo. O arqueiro do Vasco teve atuação fundamental ao longo dos 90 minutos. Foram ao todo cinco defesas realizadas, sendo que três delas foram consideradas difíceis. Os três melhores jogadores de linha da equipe vascaína foram os zagueiros Rojas, Maicon e Léo, o que evidencia o panorama da partida.
Estratégia defensiva em destaque
Rafael Paiva teve apenas duas sessões para preparar o grupo que não estava habituado. O treinador da equipe sub-20 do Vasco optou por escalar um time com uma linha de cinco defensores, dois volantes e três atacantes. Rojas, Maicon e Matheus Carvalho, figurando entre os titulares, surgiram como novidade em relação ao jogo contra o Criciúma.
No primeiro tempo, o Fortaleza se mostrou amplamente superior. Alguns problemas antigos do Vasco voltaram a aparecer, como os espaços na entrada da área e a falta de efetividade na criação das jogadas. No início da partida, quase todas as segundas bolas eram recuperadas pela equipe da casa. Faltava maior presença no meio-campo, uma vez que David e Rayan não realizavam um retorno defensivo tão eficaz.
Os dois pontas não atuaram com tanta amplitude, mantendo-se mais próximos a Vegetti, que buscava receber bolas longas para servir a um dos outros dois atacantes – o que raramente se concretizou. Quando o Vasco recuperava a posse de bola, deparava-se com um amplo espaço a ser percorrido, porém com poucos jogadores. Isso dificultou a criação de jogadas.
O Fortaleza demonstrou domínio ao longo do primeiro tempo, uma vez que o Vasco se lançava ao ataque com apenas três jogadores, às vezes com a contribuição de algum dos laterais, enquanto se defendia com sete atletas sem a posse de bola, sendo os cinco defensores e os dois volantes. Com avanços pelas laterais, a equipe cearense criou inúmeras situações de perigo. Pochettino finalizou duas vezes para fora, enquanto Pikachu esbarrou duas vezes na intervenção do arqueiro Léo Jardim.
Próximo do intervalo, outra oportunidade clara para o Fortaleza: Paulo Henrique foi facilmente driblado por Zé Welison, que cruzou na área, e Pochettino finalizou na trave, sem oposição da marcação.
Equilíbrio no segundo tempo
Logo após a chance perigosa, com o chute de Tinga aos 10 minutos da etapa complementar, Rafael Paiva realizou alterações táticas no Vasco. Nesse momento, o treinador sacou David, Rayan e Cocão, e promoveu as entradas de Adson, Rossi e Sforza. No intervalo, Galdames já havia substituído o lesionado Hugo Moura.
Recompostos e orientados nesse sentido, Rossi e Adson concentraram-se inicialmente na marcação para, posteriormente, contribuir ofensivamente. Atuando como “auxiliares dos laterais”, os pontas desempenharam um papel fundamental na fase defensiva, o que contribuiu para um maior equilíbrio da equipe vascaína em campo.
O Fortaleza passou a criar menos oportunidades na segunda etapa e passou a arriscar chutes de média e longa distância, como o de Zé Welison. O Vasco, por sua vez, produziu pouco ofensivamente, uma vez que o foco já estava em preservar o resultado. Com exceção a um chute sem muito perigo de Adson, que levou perigo, a equipe finalizou apenas duas vezes na etapa complementar.
A equipe mandante poderia ter aberto o placar nos minutos finais, quando efetivamente pressionou. Em duas jogadas pelas costas da defesa do Vasco pelo lado direito, o Fortaleza esteve próximo de marcar nos acréscimos, com Lucero e Bruno Pacheco.
Panorama e méritos
Em meio à crise pela goleada sofrida diante do Criciúma e pela saída de Ramón Díaz, a perspectiva para o confronto contra o Fortaleza parecia desoladora. O Vasco encontrou-se em situação delicada na última partida do Brasileirão. Na Copa do Brasil, nesta quarta-feira, a equipe demonstrou qualidades defensivas e suportou a pressão imposta pelo time adversário.
Rafael Paiva foi louvável ao promover uma mudança drástica no sistema de jogo do Vasco, que vinha atuando no 4-3-3 e no último jogo no 4-2-3-1, esquemas que não renderam bons frutos. Ademais, o treinador acertou na escolha dos três zagueiros. Rojas, a principal novidade, desempenhou papel crucial na partida, realizando marcações individuais, vencendo disputas aéreas e realizando interceptações. Maicon foi soberbo pelo alto, enquanto Léo efetuou cortes decisivos, como após um erro de passe de Galdames, interrompendo uma tentativa de finalização adversária.
— Frente a todas as adversidades e circunstâncias, acredito que respondemos de forma positiva. Estamos vivos para a partida de volta, precisamos nos organizar melhor para termos um desempenho mais equilibrado e ofensivo — declarou Rafael Paiva após o confronto.
O desafio agora, conforme salientou o próprio treinador na coletiva, será encontrar um equilíbrio maior entre defesa e ataque. Para os próximos desafios no Brasileirão, a equipe precisa apresentar mais consistência para conquistar pontos e se distanciar da incômoda zona de rebaixamento. Para uma disputa de eliminatórias, a estratégia defensiva se mostrou adequada e o Vasco conquistou um resultado satisfatório para a decisão em São Januário, em 21 de maio.
Fonte: ge