– A ação foi realizada exclusivamente visando a proteção da Vasco SAF, a fim de evitar o que ocorreu hoje com um clube belga, prevenindo um possível colapso financeiro. Todas as medidas foram tomadas para resguardar a integridade da SAF. Meu compromisso é com o Vasco e todas as ações têm como foco a proteção dos torcedores. A ação possui natureza jurídica, sem qualquer viés esportivo – explicou Pedrinho, complementando:
– O amor que sinto pelo Vasco e as injustiças que estão sendo levantadas contra mim vão surpreender as pessoas. Muitos passaram a acreditar somente depois que a imprensa estrangeira divulgou as informações. Meu conflito nunca foi e nunca será com a SAF, mas sim com a legitimidade financeira. Já solicitamos garantias financeiras diversas vezes para evitar chegar a esse ponto. Agi dessa forma para que a Vasco SAF não entrasse em colapso.
O exemplo do clube belga mencionado por Pedrinho se refere ao Standard Liège. Nesta quinta-feira, a Justiça da Bélgica determinou o bloqueio de todos os bens da 777 no país europeu.
O presidente revelou que entrou em contato com dirigentes da SAF nesta quinta-feira para tranquilizá-los sobre a continuidade dos processos no futebol.
– O futebol permanece nas mãos da SAF e não volta ao controle associativo. A SAF continuará existindo perpetuamente. Todos os planejamentos esportivos e financeiros prosseguirão sob gestão da SAF. Mesmo diante das restrições, mantive total transparência sobre os acontecimentos. Seria mais fácil lavar minhas mãos e esperar o caos se instaurar, para depois alegar que eu havia alertado. O verdadeiramente desafiador para mim foi ingressar com a ação. Foi necessário muita coragem para tomarmos essa medida, sempre em respeito à instituição Vasco da Gama. O que fizemos foi agir de forma vigilante e exigir responsabilidade. Enfrentar os momentos em que virei objeto de piadas foi doloroso, mas estou disposto a pagar o preço que muitos preferiram evitar.
O CEO Lúcio Barbosa continua à frente da SAF do Vasco. O vice-presidente jurídico do clube, Felipe Carregal Sztajnbok, também participou da entrevista coletiva e explicou que um contato do CEO, na semana passada, foi o ponto de partida para a decisão de recorrer à Justiça.
– Na última sexta-feira, recebi um telefonema do CEO Lúcio Barbosa para comentar sobre a notícia de que a 777 estava em busca de um especialista em crises. Lúcio manifestou sua preocupação, pois não possuía informações concretas, sabendo de tudo apenas pela imprensa. A situação estava completamente surreal. Após uma reunião, todos os vice-presidentes decidiram salvaguardar nosso patrimônio. Foi um processo progressivo, sem premeditação. As notícias desde o período de nossa eleição indicavam que algo não estava certo. Tomamos uma resolução firme, porém necessária, e hoje estamos tranquilos por sermos os pioneiros em salvaguardar o Vasco e a Vasco SAF.
Outras declarações de Pedrinho:
Ação judicial em semana de clássico
– Estamos em uma semana com a possibilidade de um Vasco x Flamengo em campo. Eu questionei o lado esportivo da ação: “Não seria prudente esperarmos até após o clássico?”. Porém, após o confronto com o Flamengo, teremos o Fortaleza em seguida. Depois, enfrentaremos o Palmeiras. Mas entendo a relevância do Vasco x Flamengo. A resposta foi direta: “Se desejam realmente salvar o Vasco, a ação deve ser tomada agora”. Eu sabia que não seria compreendido. Essa é uma medida de proteção. Não estamos buscando confronto. Minha intenção é que eles (777) cumpram com seus compromissos e que tudo retorne à normalidade. Caso isso não ocorra, que outra empresa assuma respeitando as cláusulas contratuais e a história do Vasco.
Os salários permanecerão em dia?
– A prioridade é compreender a situação financeira atual. Independentemente da medida judicial, a situação financeira permanece a mesma, pois não há disponibilidade imediata de recursos para novos aportes. Nenhum processo, negociação ou contratação foi interrompida até o momento, tampouco houve interferência nas operações esportivas. Os salários serão mantidos de acordo com as projeções estabelecidas. Se porventura enfrentarmos uma crise financeira, os pagamentos serão cumpridos rigorosamente. Considerando o cenário financeiro da SAF, temos receitas suficientes para se manterem em circulação. Eu me comprometo a honrar os salários em dia e todas as despesas mensais do Vasco, mesmo em situações adversas.
– A expectativa era evitar qualquer ruptura. Durante a reunião com os sócios, ressaltei que não seria necessário recorrer a essas medidas caso os compromissos fossem cumpridos. Se tivéssemos uma empresa que atendesse plenamente às expectativas contratuais, a situação seria excelente, pois planejamos concluir a construção do estádio e já encaminhamos as certidões negativas, e a parte associativa prosperaria. Eu não dependo de resultados esportivos, não interfiro nas questões técnicas, minhas atribuições se restringem à gestão. Não almejo o controle do futebol, como mencionei à equipe da SAF. Agora aguardamos para ver as próximas etapas e permaneço disposto a contribuir.
A SAF segue inalterada
– Após a decisão liminar, o Vasco permanece com estabilidade financeira e esportiva. Não há receitas adicionais a serem captadas e não estamos em período de janela de transferências. Todas as decisões já tomadas serão mantidas, tanto em relação ao elenco quanto à comissão técnica. O que está em evidência agora é a relação direta entre a SAF e a parte associativa, esclarecendo que SAF e 777 são entidades distintas, dissolvendo possíveis equívocos. Será estabelecido um conselho para que os gestores atuais da SAF possam prestar contas a essa instância. Acredito que a comunicação será mais fluida, uma vez que esses gestores permanecerão no Brasil. Essa estrutura será mantida até que a situação jurídica seja esclarecida.
– Já possuía embasamento para recorrer à Justiça, porém resisti até o último momento, pois nunca foi minha intenção. Percebi a negociação em curso. Ao solicitarmos garantias e não sermos atendidos, somado à divulgação posterior pela imprensa norte-americana, tomei a decisão de forma emergencial. A ação precisava ser imediata; a única hesitação foi em virtude do confronto contra o Flamengo, pensando como torcedor. Não havia alternativa, e fui respaldado por meu departamento jurídico: “O preço pelo qual você pagaria seria superior a qualquer resultado desfavorável no clássico”. A intervenção divina foi notória, pois o jogo foi adiado, infelizmente devido a uma tragédia, mas qualquer revés em campo poderia ser interpretado como decorrente da suposta instabilidade que estaria causando.
Intenção da 777 em vender a SAF
– Diversas vezes eles sinalizaram a intenção (de alienar as ações), e o que sei é que havia negociações em curso. Devemos aguardar a decisão judicial para entender como proceder a partir de agora com a liminar. Da minha parte, buscarei acertar e errar, mas jamais prejudicar ou permitir que prejudiquem o Vasco. Não exigirei que meu sócio tenha o mesmo amor que eu sinto pela instituição, mas gostaria que ele compartilhasse um grande apreço e respeito pelo Vasco, que estivesse presente como estive, que compartilhasse o mesmo pesar que senti nos momentos difíceis. Sempre desejei o bem do Vasco.
Pedrinho se emociona e menciona recomendações feitas à 777
– Encontrava-me recentemente no gabinete da presidência, visivelmente emocionado, pois é muito doloroso recorrer à Justiça, após tantos anos vivendo situações judiciais desgastantes com o Vasco, e não desejava ser responsável por mais uma. Antes mesmo do ocorrido nos Estados Unidos, tínhamos toda a base para atuar, porém resisti até o último instante. A decisão que fui obrigado a tomar em uma semana de Vasco x Flamengo foi angustiante, pois era ciente das críticas que receberia.
– Nunca foi minha pretensão retomar o controle do futebol. Sempre propus colaborar e contribuir. Todas as indicações que fiz, foram direcionadas à 777 no passado. Sugeri nomes para a comissão técnica, jogadores com bom desempenho financeiro e técnico acima da média, acreditando que dispunham de recursos, por que eu agiria assim se desejasse o mal à 777? Indiquei profissionais que hoje servem à seleção brasileira para cargos diretivos. Sempre objetivei o bem do Vasco.
Atritos com a gestão da SAF
– Em relação ao relacionamento com representantes da SAF, é necessário esclarecer que jamais deveria haver divisão. A SAF é a ligação entre os dois sócios. Esta relação está sendo estreitada. Não buscamos impor decisões de âmbito administrativo. A questão da visita ou ausência no CT não deve ser politizada para desestabilizar o Vasco. Estamos empenhados em fortalecer essa relação. Não queremos ser vistos como instigadores de interferências. A questão citada é inerente ao responsável pela SAF, com quem mantenho contato personalmente.
Compromisso com o técnico Álvaro Pacheco está mantido?
– Fui assegurado de que não há impedimentos em relação ao técnico. Ele deve continuar integrando a equipe. Estaremos cientes caso o contrato tenha sido assinado ou esteja em estágio pré-contratual. Não há motivos para preocupação. A SAF permanece atuante, e os recursos disponíveis serão honrados. A suposta instabilidade mencionada carece de fundamentos. Aqueles que propagam tais instabilidades não possuem embasamento. Mantenhamos o diálogo entre sócios.
Possibilidade de parceria com a Crefisa
– Tenho uma relação próxima com José Lamacchia (marido de Leila Pereira, presidente da Crefisa). Leila é uma referência em gestão esportiva e ousadia, embora haja equívocos comumente. Minha relação com José independe de suas conexões familiares. O José sempre manifestou disposição em auxiliar o Vasco. A Crefisa é uma empresa idônea, atuante no mercado há anos, dispensando apresentações… Leila deve ser desassociada dessa discussão. Meu elo é com José. Não há conflitos de interesse. José é um amigo, interessado em contribuir para o Vasco, e a Crefisa compartilha desse propósito.
Impactos no associativo?
– Nenhuma alteração substancial. Exerço a presidência do setor associativo, focado na gestão e no progresso relacionado ao estádio. Confirmamos um avanço significativo rumo ao sucesso. Evitamos promessas de prazos. Minha expectativa é assinar a potencial construção no meio do ano e iniciar as obras em dezembro. As ações esportivas evoluem positivamente, conquistamos um patrocínio relevante para o futsal. Esse progresso é significativo, assim como ocorreu com o basquete. Agradeço a Ortega e Gegê por seu esforço. O paralímpico recebeu investimentos, não retiramos fundos de nossos recursos pessoais. As certidões negativas simplificam o andamento dos projetos incentivados. O setor associativo está isento de intervenções.
Relação com a 777 após a ação
– O sócio pode agir à sua maneira comigo. Meu pedido é que ele mantenha o respeito pelo Vasco, independentemente do desdobramento judicial. A essência é que ele respeite e se identifique com o clube. Se optar por se distanciar, isso é uma escolha pessoal, o foco é o respeito e identificação com o Vasco. Não é imperativo nascer vascaíno, há diversos exemplos, como Juninho Pernambucano, que não foi criado no clube, mas possui forte ligação. Se não houver mútuo respeito, não constitui