Aquisição mais onerosa da SAF do Vasco, João Victor, que se juntou ao clube no início desta temporada, tem como uma de suas principais habilidades a rapidez. No seu histórico, o defensor vascaíno já alcançou até 36 km/h em campo, marca próxima à de atletas como Ousmane Dembélé, do PSG, Rafael Leão, do Milan, e Endrick, do Palmeiras. E isso não foi por acaso. Antes de ingressar no futebol, João Victor, hoje com 25 anos, teve experiência em outro esporte: o atletismo. Em uma entrevista exclusiva para a Trivela, o jogador compartilhou sobre essa transição para o futebol, que o levou à Europa e agora ao Vasco.
Incentivado por seu pai, Airton José Marcelino, João Victor começou a praticar atletismo quando ainda era criança em Bauru, no interior de São Paulo. Seu pai era um atleta amador, especializado em corridas de longa distância, enquanto João Victor focava em corridas curtas de 100m e 200m, que demandavam maior velocidade. Mesmo não permanecendo por muito tempo nas pistas, esse período foi suficiente para aprimorar sua velocidade, atributo essencial para seu futebol atual.
— O atletismo foi meu primeiro esporte. Iniciei com meu pai, que sempre me incentivou a praticar esportes e seguir meus desejos. Como ele praticava atletismo, nos primeiros passos segui seus passos e escolhi o atletismo como meu primeiro esporte. Foi algo que me agradou muito. Aperfeiçoei a velocidade que possuo hoje. Mas, cheguei em um momento que percebi que não era isso que eu queria, que minha verdadeira paixão era o futebol — afirmou João Victor para a Trivela.
— Claro que meu pai me apoiou intensamente. Ele não desejava que eu me tornasse um atleta profissional de atletismo, mas sim que eu estivesse envolvido no mundo esportivo, para afastar as tentações das ruas, das adversidades dos dias atuais. E deu certo. Com talento, esforço e dedicação, fui capaz de aproveitar as oportunidades que surgiram. Hoje estou em um grande clube, que é o Vasco — pontuou o zagueiro do Vasco.
Ainda em Bauru, João Victor iniciou sua trajetória no Noroeste e depois passou pelas categorias de base de equipes como Botafogo-SP e Atlético-MG, antes de chegar ao sub-20 do Corinthians em 2017. Desde os tempos no Timão, essa velocidade adquirida no atletismo chamou a atenção.
— Sem dúvidas, o atletismo foi fundamental. Sem ele, talvez eu teria a velocidade que possuo hoje, uma das minhas principais características. No entanto, se hoje corro a 36 km/h, sem o atletismo talvez estivesse em 33 km/h. Foi algo que me ajudou significativamente, motivando-me desde o início a ser uma pessoa competitiva, sempre buscando vitórias. Tenho certeza de que o atletismo me beneficiou imensamente — afirmou João Victor.
Estreia no Vasco e Comparação com o Futebol Europeu
Primeira contratação do Vasco na última janela de transferências, João Victor chegou ao clube após um ano e meio na Europa. Ele foi transferido do Corinthians para o Benfica no meio de 2022 e também teve uma passagem, por empréstimo, pelo Nantes, da França. Durante sua apresentação no Vasco, em janeiro, ele mencionou que o futebol europeu se encontra à frente do brasileiro em diversos aspectos, principalmente no equilíbrio entre os elencos. Recentemente, ele destacou que esse cenário está evoluindo no Brasil, mas ressaltou a diferença.
— Os elencos no Brasil estão melhorando, diversos clubes estão se tornando estruturados, outras empresas estão adquirindo equipes. Ainda acho que o nível lá fora é mais equilibrado. Não que aqui não seja, porém, lá a situação é mais parelha. Aqui as evoluções estão acontecendo, os jogadores também apresentam alto nível de qualidade. Acredito que a discrepância entre os dois é menor. Quem estiver preparado, quem adentrar em campo e demonstrar qualidade, terá sua oportunidade – afirmou João Victor.
Aos 25 anos, ele assinou um contrato de cinco temporadas com o Vasco. Apesar de manter o desejo de brilhar na Europa, João Victor salientou que seu foco atual está no Vasco e no futebol brasileiro.
— Ainda alimento o sonho de atuar na Europa, porém, não é algo imediato, é um objetivo a longo prazo. Prefiro consolidar minha carreira no cenário nacional, conquistar meu espaço e demais feitos. Não encaro como um fracasso o retorno antecipado da Europa. Durante minha estadia lá, algumas situações não ocorreram conforme esperado. Mas isso faz parte do futebol, há outros profissionais igualmente merecedores de oportunidades. Infelizmente, cheguei ao clube machucado, o que tornou a conquista de oportunidades mais desafiadora. São aspectos naturais. Agora é seguir em frente, trilhar meu caminho no Vasco, dar o meu melhor pelo clube e quem sabe retornar à Europa algum dia — disse o zagueiro.
Boas Impressões do Vasco e Elogios à Estrutura do Clube
Maior investimento realizado pela SAF do Vasco até o momento, João Victor se deparou com um clube em metamorfose e distinto do conceito que tinha do Vasco de décadas passadas. Mesmo diante da falta de resultados esportivos satisfatórios, o zagueiro fez questão de elogiar a infraestrutura proporcionada pela SAF, sob a liderança da 777 Partners desde setembro de 2022.
— Contamos com toda uma estrutura para nosso trabalho. Sabemos que o clube está em um processo de reestruturação, porém estamos lidando com tranquilidade. Receber salários em dia é uma obrigação, mas que antes não era a realidade do futebol brasileiro. A SAF tem se esforçado para aprimorar as condições e nos oferecer o melhor ambiente de trabalho possível – destacou João Victor.
— A evolução da estrutura é evidente. Infelizmente houve momentos em que o Vasco não conseguiu honrar os vencimentos (no passado), acumulando dívidas com os jogadores e enfrentando diversos processos. Desde minha chegada, isso jamais ocorreu. Os salários são pontualmente pagos, e eles têm feito o máximo para proporcionar as melhores condições para que possamos render ao máximo em campo. Desde que cheguei, tudo tem funcionado perfeitamente — complementou o zagueiro em outro depoimento.
João Victor recebeu uma recomendação crucial para aceitar a proposta antes mesmo de conhecer a estrutura do clube: a sugestão de seu amigo, o lateral-esquerdo Lucas Piton. Os dois se conhecem dos tempos de Corinthians, e a amizade vai além dos limites do campo e do centro de treinamento.
— A adaptação ao Rio de Janeiro tem sido mais tranquila, pois tenho um grande amigo aqui, o Piton. Isso me traz mais segurança. Antes de vir, conversei com ele. Ele disse: “João, as coisas estão evoluindo, melhorando, os resultados vão começar a aparecer”. Estou muito contente, o grupo é excelente, e tem todo o potencial para crescer bastante neste Campeonato Brasileiro.
Fonte: Trivela