Detalhes do encontro
Josh Wander representou a 777 nessa reunião. O encontro ocorreu durante a última visita do norte-americano ao Brasil, dois dias antes da estreia do Vasco no Campeonato Brasileiro em abril. Wander, contudo, não permaneceu para assistir à vitória do Vasco sobre o Grêmio por 2 a 1 em São Januário.
A reunião teve como objetivo avaliar a possível aquisição da SAF por Lamacchia. Na ocasião, Wander demonstrou interesse na negociação e valores foram discutidos. Contudo, problemas jurídicos impediram o avanço das negociações.
Publicamente, Lamacchia nega interesse na compra da SAF do Vasco. Embora tenha viajado para os Estados Unidos na semana passada, aparentemente em período de férias, fontes indicam que ele possui residência fixa no país.
Vale destacar que Lamacchia já mostrou apoio ao presidente do Vasco, gravando um vídeo ao lado de Pedrinho. Na ocasião, ele expressou sua disposição em auxiliar o dirigente, que na época era candidato à presidência do clube.
Inicialmente, as conversas eram sobre a possível aquisição dos direitos de denominação de São Januário. O projeto de modernização do estádio está avançado, com tramitação na Câmara Municipal do Rio para votação e possível contribuição da Prefeitura por meio de benefícios que impulsionarão as obras.
A ideia de adquirir a SAF do Vasco surgiu após denúncias de fraude e problemas financeiros envolvendo a 777. Foi nesse momento que Lamacchia demonstrou interesse no negócio.
777 adota postura firme
A 777 está adotando uma postura firme em relação à negociação. Não se recusa a vender, mas exige valores elevados. A empresa norte-americana valoriza a SAF do Vasco após participar da trajetória do clube desde a Série B até sua ascensão, o que resultou em aumento das receitas.
Estima-se que a 777 esteja negociando em torno de R$ 1 bilhão pela transação, sendo R$ 600 milhões referentes aos 31% já adquiridos e mais R$ 400 milhões relacionados aos 40% que o Vasco recuperou com a decisão judicial.
Para a 777, a anulação da decisão judicial ampliará as possibilidades de lucrar com a venda da SAF, pois passará a deter os 40% que ainda precisam ser adquiridos, equivalendo a R$ 400 milhões.
Suposto conflito de interesses da Crefisa?
O Vasco entende que a possível aquisição da SAF pela Crefisa não configura conflito de interesses. Argumenta-se que a Lei da SAF proíbe apenas um grupo de controlar dois clubes, o que não é o caso da Crefisa, que é patrocinadora do Palmeiras.
Leila Pereira, esposa de Lamacchia, é presidente do clube paulista, uma situação que gera preocupação na oposição do Alviverde, que enxerga um potencial conflito de interesses.
Pedrinho, porém, esclarece que não há envolvimento de Leila nas conversas, enfatizando que sua relação é estritamente com Lamacchia.
“Tenho uma amizade íntima com o Sr. José Lamacchia, e a Leila para mim é uma referência em gestão esportiva e coragem. No entanto, as pessoas se confundem. Minha relação é somente com o Sr. Lamacchia, que sempre se mostrou disposto a colaborar com o Vasco. A Crefisa é uma empresa de reputação sólida, com seis décadas de atuação. Não existe conflito. Não estou afirmando que acontecerá, mas garanto que não há conflito. A questão da Leila está completamente separada da minha relação com o Sr. Lamacchia”
Pedrinho
Josh se desliga do cargo
A situação se torna ainda mais complexa com o afastamento de Josh Wander, que se reuniu com Lamacchia, e de Steve Pasko de seus cargos na 777 nos últimos dias. Ambos são fundadores da empresa e tomaram a decisão após os casos de fraude relacionados à holding.
Essas saídas têm reflexos na SAF do Vasco, uma vez que tanto Wander quanto Pasko integram o conselho de Administração da SAF, juntamente com outros três indicados pela 777, além do presidente associativo Pedrinho e seu vice, Paulo César Salomão.
A renúncia dos dois ao cargo se tornou um ponto jurídico na ação do Vasco contra a empresa, que alega que essa saída viola o contrato da SAF.
A 777 Partners enfrenta uma crise e contratou uma empresa especializada em falências. Na Bélgica, seus ativos foram bloqueados devido a dívidas com o Standard Liége, clube também parte da carteira de clubes da companhia.
O principal objetivo do Vasco com essa ação é evitar o que ocorreu com o Standard Liége. Além disso, a associação busca proteger o clube de ser utilizado como moeda de troca em casos de falência da 777.
Fonte: UOL