A canção “De todos os amores”, uma das mais icônicas entre os torcedores do Vasco, oferece uma reflexão sobre a vida de muitos deles: “o Vasco é a minha vida, minha história, meu primeiro amigo”. Essa música também pode expressar a trajetória de um jovem jogador que cresceu em Barreira do Vasco, ingressou no clube aos seis anos e recebeu a valiosa benção de Roberto Dinamite. Rayan, visto como uma joia desde a infância, está apenas no início de sua brilhante carreira.
Hoje, com apenas 19 anos, o atacante é fruto de um amor cultivado em torno do Vasco. Seu pai, Valkmar, atuou pelo clube entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000, enquanto sua mãe, Vanessa, vascaína de coração, frequentava constantemente a área ao redor de São Januário, onde o destino os uniu.
— Meu pai era muito presente na Barreira, e acabou trazendo minha mãe para o mundo do futebol. O resultado disso foi a minha irmã e eu… (risos). Ter ambos em casa, sendo vascaínos e com histórias no clube, é muito importante para mim. Meu avô também é apaixonado pelo Vasco. A família inteira é vascaína.
Valkmar Rayan Vasco — Foto: Felipe Schmidt
Rayan ingressou no clube aos seis anos e cresceu dentro de São Januário. Quando não estava treinando, ele era uma das crianças que brincavam na Barreira do Vasco, conhecido por ser atrevido e muitas vezes se escondendo nas dependências do clube para aproveitar a piscina.
— Eu soltava pipa e jogava bola. Às vezes, me escondia em São Januário só para dar um mergulho na piscina. Foi uma infância incrível lá.
— Minha família é da Barreira, sempre estive no Vasco. Praticamente cresci dentro do clube. É muito gratificante fazer parte disso. Sair da Barreira e jogar no Vasco, onde meu pai atuou, traz uma grande alegria — compartilha a joia do clube.
rayan vasco filho valkmar sub-11 — Foto: Carlos Gregório Jr. / Vasco
Uma promessa desde cedo e a benção de Dinamite
Rayan nunca foi um jogador qualquer em São Januário. Com apenas 11 anos, ele já havia marcado impressionantes 280 gols pelo Vasco em competições, entre campo e futsal. Nesse mesmo período, encontrou-se com Roberto Dinamite, um dos maiores ídolos da história do clube, que lhe ofereceu conselhos valiosos.
— Lembro bem daquele dia. Tinha apenas 11 anos e não fazia ideia de onde poderia chegar. Ele compartilhou conselhos que guardo até hoje. Seria incrível se ele estivesse aqui vendo o que estou vivendo agora. Sinto orgulho de carregar seu legado — afirma Rayan, lembrando da emocionante experiência.
— Foi um momento mágico. O vídeo que meu pai gravou se tornou muito especial para mim. Estou vivendo uma fase incrível e espero continuar nesse caminho.
Em 2025, Rayan, sob a tutela de Fernando Diniz, se consolidou como titular e principal jogador do Vasco, liderando em número de gols desde a chegada do treinador.
— Este é, sem dúvida, meu melhor momento. Tive altos e baixos, mas com a chegada do Diniz, minha carreira tomou um novo rumo. Ele foi fundamental em minha trajetória.
Diniz se tornou uma espécie de mentor para Rayan, ajudando-o a melhorar sua mentalidade e desempenho em campo. O treinador teve um papel importante na construção da confiança do jogador e no aprimoramento de habilidades técnicas e táticas.
Rayan compartilhou que sua perspectiva mudou após a primeira conversa com Diniz, que lhe pediu para realizar um movimento específico na área.
— No primeiro treino, ele pediu para eu levar a bola até o gol. Quando fiz, ele reconheceu meu potencial e disse que havia chances de eu chegar à seleção. Isso me fez acreditar ainda mais em mim.
— No gol contra o São Paulo, usei essa mesma técnica e, a partir dali, ele me orientou a marcar mais gols nas partidas. Desde então, busco fazer isso.
Sob a direção de Diniz, Rayan marcou onze gols, correspondendo a uma significativa parte de seus 14 gols em toda a temporada.
— A comunicação com Diniz é constante. Ele me trata como um filho e sempre me incentiva a manter a humildade e focar no que realmente importa.
Embora as orientações do treinador às vezes incluam cobranças, Rayan entende que isso faz parte do processo de aprendizado.
— Ambos compreendemos que é uma relação aberta. Após momentos de tensão, sempre nos reconciliamos.
— Sinto que evoluí defensivamente. Com outros treinadores, tínhamos uma abordagem mais defensiva, mas Diniz me desafiou a pressionar mais. Isso me fez aprimorar meu jogo.
Aos 11 anos, Rayan não tinha uma visão clara de onde poderia chegar, mas agora, com as mensagens de Dinamite bem guardadas, ele se dedica a jogar com excelência e aproveitar cada momento.
— Ele também mencionou que eu deveria jogar bem para manter o apoio da torcida. Isso está sempre em minha mente.
Atualmente, Rayan tem planos claros: ajudar o Vasco e buscar seu espaço na seleção brasileira e no futebol europeu. Para isso, renovou seu contrato e decidiu permanecer no clube, mesmo com propostas de fora.
Agora, sua atenção está voltada para as rodadas finais do Brasileirão e a semifinal da Copa do Brasil, onde almeja conquistar seu primeiro título profissional.
— Tenho muito confiança no futuro. Com Deus ao meu lado, estou preparado para o que vier. Quero continuar ajudando o Vasco e sei que coisas boas estão por vir.
Veja outros tópicos da entrevista:
O que diferencia Diniz?
— Ele oferece muitas oportunidades e liberdade aos jogadores, algo que eu precisava. Ele sempre afirma que faria sua parte se eu fizesse a minha.
Sobre provocações ao Fluminense
— Foi uma situação do jogo, algo normal no clássico. Não planejo repetir, mas espero fazer uma boa partida contra eles tanto no Brasileiro quanto na Copa do Brasil.
— Já joguei contra o Flamengo e enfrentarei o Fluminense novamente em um jogo que promete ser intenso e significativo.
A briga do Vasco no Brasileirão
— Desde a chegada do Diniz, nosso foco não é brigar lá embaixo, mas sim chegar à Libertadores. Queremos jogar bem e colocar o Vasco no lugar que merece.
Admiração por Coutinho e parceria com GB
— Tenho sorte de jogar ao lado de Coutinho, que tem me apoiado muito. GB também tem sido um grande parceiro, especialmente desde a base.
Desejo de atuar na Europa
— Costumo conversar com Coutinho sobre sua experiência na Europa. Quero seguir seus conselhos para fazer meu nome lá e depois retornar ao Vasco.
O que é necessário para isso?
— Tem que se dedicar tanto dentro quanto fora de campo, contando com suporte de psicólogos e nutricionistas. É vital chegar preparado.
Comemoração de gols
— Cristiano Ronaldo é meu ídolo, mas minha comemoração foi uma ideia que tive durante o jogo contra o Inter. Surgiu naturalmente e a galera começou a fazer edits e vídeos nas redes sociais.
Incentivo de Diniz para chutar mais de longe
— Nosso time valoriza a posse de bola, mas precisamos finalizar. Diniz sempre me encoraja a chutar quando tiver a chance, especialmente por eu ter um bom chute.
Fonte: ge