O Vasco encontrará o Operário-PR nesta quinta-feira pela Copa do Brasil, no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa. Este local ficou famoso entre os torcedores vascaínos por uma das reviravoltas mais icônicas do time nesta década. Durante a luta pelo acesso na Série B de 2022, Alex Teixeira marcou dois gols em apenas seis minutos, garantindo uma vitória por 3 a 2 — um resultado crucial para o clube de São Januário.
Em Ponta Grossa, o ge coletou histórias de torcedores do Vasco que estavam presentes no estádio. Entre os relatos, teve vascaíno que se infiltrou na torcida do Operário e teve que comemorar em silêncio, uma torcedora que foi ao jogo escondida do marido e até um bar que abriu suas portas de madrugada para a festa após a partida.
A partida foi de extrema importância para o Vasco, que na 33ª rodada da Série B ocupava a quarta posição na tabela. O time, no entanto, estava enfrentando uma sequência de oito derrotas fora de casa. Enfrentar o 18º colocado era vital para romper com esse jejum e permanecer no G-4.
— Fui de avião e, com alguns amigos, alugamos um carro rumo a Ponta Grossa, esperando o pior. O Vasco não vencia nenhum jogo fora de casa, e isso pesa muito na reta final da Série B. Acredito que se o Vasco perde essa partida, não conseguiria subir — contou Eugênio Brito, um torcedor que viajou do Rio de Janeiro para assistir ao jogo.
— Quando o empate saiu, foi um alívio, pois era um ponto a mais contra o Sport. E então o Alex Teixeira virou a partida. Fiquei em estado de euforia, quase me pendurei na grade. Sabia que todo o sofrimento da Série B estava prestes a acabar e que voltaríamos ao nosso lugar de direito. Foi uma sensação indescritível.
Diante de um cenário tão decisivo, muitos torcedores fizeram o possível para estar presentes. Daniele Fernandes, uma torcedora carioca, fugiu do marido para ir a Ponta Grossa assistir ao jogo.
— Eu decidi que iria para Ponta Grossa, mesmo sabendo que o Vasco havia perdido para eles em São Januário por 2 a 0. Mesmo com a resistência do meu marido na época, fui assim mesmo, arriscando. Não levei nem meu telefone para tirar fotos, escondida do ex-marido — contou Daniele, entre risadas.
Carlos, por outro lado, não precisou fugir. Torcedor do Vasco e residente em Ponta Grossa, ele foi convidado por um amigo que tinha ingressos, mas ficou na torcida do Operário. Disfarçado, assistiu os dois gols de Alex Teixeira sem poder comemorar.
— Fui para a torcida do Operário, mesmo sendo vascaíno. No começo foi tenso. Mas, quando começaram os gols, foi a melhor sensação. Só não pude comemorar. Quando saiu o primeiro gol, achei que o VAR fosse anular. Fiquei lá, com um sorriso interno, mas imóvel, enquanto o pessoal ao meu lado estava em choque — confidenciou Carlos, que verá o próximo jogo no setor dedicado aos vascaínos.
O pós-jogo foi uma grande festa em Ponta Grossa para os torcedores do Vasco, que se estendeu pela madrugada. Foi o caso de Roberto Júnior, conhecido como Juninho, ou o influenciador vascaíno “Machão da Gama”.
Do lado de fora do estádio, um torcedor, ao reconhecer Juninho, prometeu abrir seu bar para a comemoração se o Vasco ganhasse. Ele manteve a promessa, mesmo sob a pressão da derrota inicial.
— Ele disse que, se o Vasco ganhasse, eu e meus amigos poderíamos ir ao bar dele. Coincidentemente, ficamos lado a lado no estádio. Enquanto o Operário estava na frente do placar, ele estava o tempo todo dizendo que o Vasco iria virar o jogo. Eu pensei que ele estava maluco, como um time tão ruim poderia fazer isso? — recordou Juninho.
— É até constrangedor admitir, mas na hora da virada, eu chorei. Foi como se um peso enorme tivesse sido retirado das minhas costas. Uma sensação de alívio, uma mistura de emoções. E depois, com a adrenalina baixa, eu fiquei pensando: “Nossa, eu chorei numa virada na Série B?” — brincou ele.
Juninho, do canal ‘Machão da Gama’, na vitória do Vasco sobre o Operário — Foto: Reprodução
O dono do bar cumpriu sua promessa e até convidou torcedores do Operário para se juntar à festa.
— Quando o Vasco virou, fomos ao bar desse rapaz. Teve até uma galera do Operário lá. Eles estavam arrasados, pois o time caiu naquela temporada, mas a festa ficou até de madrugada. Foi uma celebração incrível.
Agora, com as esperanças renovadas na Copa do Brasil, alguns torcedores que participaram da “Batalha de Ponta Grossa” em 2022 estarão novamente presentes no Estádio Germano Krüger para apoiar o Vasco. Entre eles, Allan, de Foz do Iguaçu, e Valdo, de Curitiba.
— Lembro que liguei para o meu irmão que estava em casa, assistindo ao jogo com atraso. Eu estava comemorando a virada e ele começou a gritar ao telefone, sem entender o que estava acontecendo — relembrou Allan.
— Eu e meus amigos estaremos lá novamente. Não estou tão animado. Acho que um empate é o resultado mais provável, mas uma vitória seria maravilhosa. Estou um pouco cético com o que o Vasco tem mostrado recentemente. Espero que, com o Felipe, as coisas melhorem e que façamos uma grande apresentação.
Vasco e Operário se enfrentarão nesta quinta-feira, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa. O jogo de volta ocorrerá no dia 20 de maio, em São Januário.
Fonte: ge