A passagem de Payet pelo Vasco chegou ao fim nesta segunda-feira. O meia teve seu contrato rescindido amigavelmente e não faz mais parte do clube. O jogador, que vestiu a camisa 10, ficou no Vasco por um ano e dez meses, com um começo festivo que terminou de maneira silenciosa, sem deixar muitas saudades entre os torcedores.
No despedida de Payet, o ge destaca os principais momentos de sua trajetória pelo clube.
Payet, do Vasco, em vitória contra o Sport no Brasileirão — Foto: Matheus Lima/Vasco
A chegada
Payet chegou ao Vasco no dia 16 de agosto de 2023. Em uma quarta-feira, às 5h20 da manhã, os torcedores lotaram o Salão Nobre do Aeroporto do Galeão para receber o francês, que vinha do Olympique de Marselha, na França.
Naquele momento, o Vasco vivia dificuldades tanto dentro quanto fora de campo, ocupando a 18ª posição no Brasileirão, e a torcida estava punida pelo STJD, impedida de ir a São Januário. A chegada de Payet trouxe um ânimo à equipe e aos torcedores, que viam nele uma esperança na luta contra o rebaixamento.
Valentina, neta de Roberto Dinamite — o maior ídolo do clube falecido em 2023 — entregou a camisa 10 a Payet antes da partida contra o Atlético-MG no Maracanã. O jogador esteve presente no jogo, assistindo com um terço na mão e festejando a vitória com um gol marcado por Serginho em condições de muita chuva. O grito “Payet, Payet, Payet, ê, ê, ê, ô, ô, ô” ecoou nas arquibancadas.
Apresentação de Payet, do Vasco, no Maracanã — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
A salvação no Brasileirão de 2023
Contudo, Payet só entrou em campo três semanas depois, em um jogo contra o Bahia, em Salvador. Ele enfrentava dificuldades com o ritmo de jogo devido a um período de inatividade de quatro meses e também estava acima do peso. Após um diálogo com a equipe de Saúde e Performance do clube, percebeu que precisava melhorar sua forma física.
O primeiro gol de Payet pelo Vasco aconteceu no sétimo jogo, contra o Fortaleza em São Januário, sendo crucial para a vitória do time na luta contra o rebaixamento. Um dos momentos mais marcantes foi em um jogo contra o América-MG, onde ele fez um gol de falta nos acréscimos, garantindo a vitória na 34ª rodada do Brasileirão.
Dos 17 jogos que fez na Série A em 2023, Payet foi titular em apenas seis. Ele frequentemente entrou no segundo tempo sob comando de Ramón Díaz e foi fundamental nas vitórias contra Fortaleza e América-MG, decisivas para evitar o rebaixamento.
Pré-temporada e bom início no Carioca
Para 2024, as expectativas em relação ao jogador aumentaram, visto que ele teria uma pré-temporada completa. Em Punta del Este, Payet apareceu com oito quilos a menos e em ótima forma física. No Campeonato Carioca, teve um bom desempenho, participando ativamente em seis dos dez jogos, mas a semifinal contra o Nova Iguaçu foi decepcionante para ele e para toda a equipe.
Payet em treino do Vasco — Foto: Leandro Amorim / Vasco
No primeiro semestre, teve contribuição em jogos da Copa do Brasil, com duas assistências nos confrontos contra Água Santa e Fortaleza, mas começou a perder protagonismo na equipe. Ao longo do Brasileirão, foi titular em apenas 16 jogos das 38 rodadas, e suas melhores atuações ocorreram contra Vitória e Bahia, onde deu duas assistências e marcou um gol em cada partida, respectivamente.
Perda de prestígio
Com a chegada de Rafael Paiva, Payet perdeu espaço no time, inicialmente para Estrella e depois para Philippe Coutinho. A falta de prestígio do francês ficou evidente na semifinal da Copa do Brasil, quando ele entrou apenas aos 43 do segundo tempo, tentando ajudar o Vasco a marcar um segundo gol contra o Atlético-MG.
O desempenho discreto de Payet fez com que alguns membros da diretoria do Vasco começassem a discutir a possibilidade de uma rescisão antecipada do contrato. O diretor Marcelo Sant’ana era a favor, acreditando que o salário do jogador não correspondia à sua contribuição em campo.
A diretoria expressou desconforto com a atitude de Payet, achando que ele não se destacava em jogos importantes e não demonstrava liderança. Contudo, em um primeiro momento, Pedrinho decidiu manter o jogador no elenco, considerando até uma diluição dos salários para sua permanência até dezembro.
Posteriormente, a avaliação mudou com as atuações insatisfatórias de Payet em 2025 e algumas situações fora de campo. O francês foi titular apenas em dois jogos no Campeonato Carioca, enfrentando Maricá e Sampaio Corrêa, sem brilhar. Durante suas entradas em campo, também não teve grande destaque, ajudando com assistências em confrontos contra União Rondonópolis, Sport e Santos, mas não contando com gols em suas 17 aparições na temporada atual.
Payet reclama em Vasco x Corinthians — Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
Acusação de violência
Em abril, Payet foi acusado por uma advogada catarinense de violência física, moral, psicológica e sexual. Larissa Natalya Ferrari, de 28 anos, alegou ter tido um relacionamento extraconjugal com o atleta entre setembro de 2024 e março deste ano. As denúncias, segundo ela, se intensificaram após crises de ciúmes dele, levando-a a registrar ocorrências nas polícias Civil do Rio e do Paraná, além de solicitar uma medida protetiva.
Payet confirmou à polícia o relacionamento com a advogada, negando, no entanto, todas as acusações de agressão física, moral, psicológica e sexual, afirmando que tudo foi consensual.
Rescisão
Após o início da nova temporada, a avaliação foi de que Payet não estava correspondendo ao que recebia em troca: o segundo maior salário do elenco, cerca de R$ 1,3 milhão mensais, atrás apenas de Philippe Coutinho. A rescisão contratual foi discutida internamente desde o final do ano anterior.
Com a saída antecipada, o Vasco teoricamente evita o pagamento de pelo menos um mês do salário alto do jogador e purifica sua folha salarial para a próxima janela de transferências.
A despedida de Payet foi sem emoção, comunicada por meio de um post nas redes sociais, informando a rescisão amigável. O clube ainda compartilhou um vídeo com os melhores momentos do jogador e finalizou com “Merci, Payet”, agradecendo por seus serviços ao clube.
Fonte: ge