Portugal, Sérvia, Grécia, Arábia Saudita, Bélgica, Polónia, Brasil, Turquia, Irão, Chipre e Marrocos. Estes são apenas alguns dos países onde Sá Pinto já atuou como treinador. Ele possui um perfil multicultural e está sempre disposto a atravessar fronteiras para assumir um cargo no comando técnico. Em tom de brincadeira, comenta que sua próxima parada “será na Patagônia”.
No entanto, foi no Brasil, durante seu tempo no Vasco da Gama, que viveu uma das experiências mais marcantes. Ele revelou: “Adorei o Rio de Janeiro. É um dos lugares onde mais gostei de viver. Costumo dizer, em um sentido positivo, que o Rio é uma selva que abraçou uma cidade.”
Morava perto de um pântano, onde presenciou cobras enormes e jacarés. “Amo aquela harmonia entre a natureza, a cidade e as pessoas,” completa.
Entretanto, a relação entre o futebol e a realidade social foi bastante intensa. “Nosso centro de treinamento estava ao lado da Cidade de Deus. Cheguei a interromper treinos devido a disparos de metralhadora. Havia operações policiais, e os traficantes disparavam para avisar que a polícia estava se aproximando da favela.”
Na primeira vez que isso ocorreu, Sá Pinto foi pego de surpresa. “Os jogadores me alertaram: ‘Mister, podemos parar o treino e voltar aos vestiários? Pode haver uma bala perdida.'”
Os perigos não se limitavam ao ambiente externo. Durante um treino, membros de uma torcida do Vasco, associados a facções violentas da favela, invadiram o campo para confrontar a equipe. O incidente foi filmado e ganhou grande repercussão. Diante do clima tenso, Sá Pinto não hesitou em agir. “Eu tinha medo? Estava em ebulição por dentro. Mas eu tinha que fazer isso. Precisava proteger os jogadores. Felizmente, os torcedores se acalmaram e não aconteceu nada. Acredito que houve uma intervenção divina que me protegeu… e talvez também tenha iluminado a eles. Mas a situação poderia ter terminado de forma muito trágica.”
Fonte: SIC Notícias