Serginho entrou em campo para mudar o rumo do Vasco em 2024. Pouco utilizado no final do Campeonato Brasileiro, o atacante substituiu Payet contra o Bragantino e deixou sua marca, que será lembrada por muito tempo pelos torcedores.
O autor do gol que garantiu a permanência do Vasco na Série A, na vitória por 2 a 1 sobre o Bragantino, viu sua trajetória no clube mudar em 17 minutos. Oito minutos após entrar em campo, ele sofreu a falta que causou a expulsão de Realpe. Pouco depois, aos 36, Serginho marcou de cabeça, presenciou a explosão de São Januário e se tornou um herói.
Reconhecimento para um jogador que chegou ao clube sob desconfiança, teve poucas oportunidades, mas nunca desistiu. Relatos indicam que Serginho sempre trabalhou duro e nunca desanimou. O próprio Ramón Díaz disse que a dedicação nos treinos lhe proporcionou a chance no jogo decisivo.
Quase duas semanas após fazer o gol mais importante de sua carreira, Serginho conversou com ge. Ele relembrou o dia de glória, falou sobre a desconfiança do torcedor em sua chegada, avaliou sua primeira temporada no futebol brasileiro e contou como têm sido os primeiros dias após o gol salvador. Confira abaixo:
ge: depois de construir toda uma carreira no exterior, como você tem encarado estes primeiros meses no futebol brasileiro? É tudo o que você esperava?
Serginho: no final, acho que foi positivo. Cheguei no meio da temporada, com o time em uma situação difícil, sob grande pressão, e conseguimos permanecer na primeira divisão.
Depois de meses de aflição para a torcida e o elenco do Vasco, você imaginava ou sonhava que se tornaria o grande herói da permanência do Vasco na Série A?
– Sempre pensei que poderia ajudar o Vasco de alguma maneira, que seria importante, e foi por isso que aceitei a proposta do clube. Mas acabou superando minhas expectativas, e fiquei muito feliz por ter acreditado até o final e contribuído para o Vasco.
Você não estava jogando. O que passou pela sua cabeça quando o Ramón Díaz te convocou para substituir o Payet? O que ele disse naquele momento?
– Eu não estava jogando, mas sempre acreditei muito no meu trabalho e continuei treinando e me dedicando todos os dias. Aguardei a oportunidade com humildade e, quando o Ramon me chamou para entrar, pediu para eu ser intenso, buscar profundidade pelo lado esquerdo e pisar dentro da área. Graças a Deus, estive lá e pude marcar o gol.
Como têm sido esses dias após a confirmação da permanência na Série A? Como foi sair na rua logo após a vitória sobre o Bragantino? Muitas pessoas conversando com você?
– Recebi muitos apoios e carinho depois do gol. Acho que pude, de alguma forma, alegrar os torcedores e deixá-los mais tranquilos. Foi um gol muito importante para o projeto do clube, nos mantendo na Série A.
Quando você foi contratado, o Vasco passava por seu pior momento na temporada. Por que aceitar a proposta do Vasco naquele momento? O time estava em péssima fase no Campeonato Brasileiro, em crise, na zona de rebaixamento, sem público…
– Quando ouvi a proposta do Vasco, quis vir imediatamente. Naquele momento, talvez muitos jogadores não topariam vir pelo que estava acontecendo, mas eu quis encarar esse desafio, até pessoalmente, e graças a Deus tudo deu certo no final. Sempre ouvi falar de São Januário, da torcida, e pude comprovar que é uma das atmosferas mais incríveis que existem.
Onde você estava e como recebeu a notícia do interesse do Vasco?
– Cheguei em casa após um dia de treino e meu empresário me apresentou a proposta do Vasco. Não tive dúvidas em aceitar.
Como foi chegar ao Vasco sob desconfiança? Você era pouco conhecido no futebol brasileiro, enfrentou críticas da torcida e até um momento embaraçoso em sua apresentação, que viralizou nas redes sociais.
– O Vasco é um gigante, e eu sei que naquele momento a torcida estava chateada com a situação do clube, então é normal que houvesse desconfiança ao chegarem jogadores menos conhecidos. Mas mantive a tranquilidade, enfrentei a pressão e tinha confiança em meu potencial.
Você foi titular na estreia contra o Cruzeiro, fez uma boa partida, mas perdeu espaço com a chegada do Ramón Díaz. Em alguns momentos não foi relacionado. Aquele período foi o mais difícil para você?
– Foi um período complicado, pois estava confiante após o jogo contra o Cruzeiro. Mas o futebol é dinâmico, e sabemos que em um momento você está em alta, e no outro em baixa. Todo jogador deseja estar em campo, mas sempre respeitando as decisões do treinador.
Depois, quando teve oportunidade, você se saiu bem. Como foi fazer um gol no Maracanã na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, com o estádio lotado?
– Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Nunca vou esquecer, pois era um sonho que Deus proporcionou. Poder marcar aquele gol, com o Maracanã lotado, garantindo a vitória para a equipe, foi verdadeiramente um dia espetacular.
Após o gol contra o Atlético-MG, você esperava ter uma sequência maior? Acha que faltaram oportunidades?
– Sou bastante autocrítico. Depois da partida contra o Atlético, joguei contra Palmeiras e Bahia fora de casa e não fui tão bem. Então tive que trabalhar para ganhar novas oportunidades e, é claro, todo jogador precisa de uma sequência maior para adquirir ritmo de jogo, o que sempre faz muita diferença.
Você passou por países pouco reconhecidos pelo futebol, como Kosovo, Albânia e Macedônia. Como foi atuar nesses lugares?
– Foram experiências muito boas, que me fizeram aprender e evoluir bastante. São situações que acontecem, e temos que aproveitar da melhor forma possível. Com certeza me fizeram ser um jogador melhor.
Após tanto tempo no exterior, a ideia agora é seguir a carreira no Brasil e no Vasco?
– Tenho contrato com o Vasco pelos próximos dois anos, então espero que possa permanecer aqui e fazer um 2024 com muitas conquistas e alegrias, que é o que a torcida do Vasco merece.
Fonte: ge
