Um dos temas de destaque na reunião pública sobre o projeto de lei complementar 142/2023, que propõe a movimentação do potencial construtivo do estádio do Vasco, São Januário, para outras localidades, foi a questão da mobilidade urbana. O encontro ocorreu na quarta-feira (29) na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. Com a expectativa de grande parte das novas construções vinculadas ao projeto ser direcionada para o bairro, o aumento da densidade urbana levou os moradores a reivindicarem que medidas para aliviar o tráfego sejam implementadas juntamente com a iniciativa.
Um dos presentes na discussão foi o secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Luiz Arraes, que anunciou a adoção de ações nesse sentido. Uma nova chamada de licitação para introduzir o transporte aquaviário nas lagoas de Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes será publicada no Diário Oficial na segunda-feira (3).
Em suas palavras: “Essa licitação foi lançada uma primeira vez e, infelizmente, ficou deserta. Após correções solicitadas pelo Tribunal de Contas, faremos a republicação no Diário Oficial na próxima segunda-feira. Com base no interesse demonstrado por investidores e empreendedores na região, esperamos obter êxito nessa licitação. Este será mais um meio de transporte público municipal, integrado ao Bilhete Único, com previsão de 16 linhas e 29 estações. Trata-se de uma concessão que envolve um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões e estima-se uma demanda diária de 80 mil passageiros, contribuindo para fluidez na região”, destacou o secretário durante a reunião.
Outra medida relacionada à mobilidade urbana apresentada por Arraes foi a instalação do sistema de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) nas zonas Oeste e Norte, como alternativa ao BRT já existente no Centro desde 2016.
Segundo ele: “Estamos trabalhando em um projeto com o apoio do BNDES, que deve ser finalizado até julho e entrar em licitação ainda no segundo semestre, conhecido como ‘veletização’. Isso implica em migrar do transporte rodoviário para o ferroviário, um modal de alta capacidade. A ideia é, a longo prazo, substituir o BRT Transoeste e o Transcarioca pelo VLT, utilizando a estrutura do BRT e implementando um sistema de maior capacidade de carga, alinhado ao adensamento urbano atual e previsto no projeto em análise. O BNDES está detalhando minuciosamente esse estudo e também deve financiar os projetos do VLT e do transporte aquaviário”, explicou o secretário.
Durante a reunião, Delair Dumbrosck, presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca (CCBT), e outras lideranças locais expressaram preocupações sobre os impactos do PLC 142/2023 no bairro. Dumbrosck revelou que fechou um acordo com o prefeito Eduardo Paes: não irão obstruir o projeto, desde que o prefeito se comprometa a adotar medidas propostas pelos moradores para aliviar o tráfego.
Em suas palavras: “O PLC 142 trará consequências para a nossa região, que já está saturada. Então, chegamos a um acordo com o prefeito para não criar dificuldades para o projeto do Vasco, que gostaríamos de ver prosperar. Acertamos com ele um pacote de obras, incluindo a construção da Via Parque, iniciando no BarraShopping e se estendendo até a entrada da Linha Amarela, com a construção de dois viadutos. Essa via seria uma alternativa à Avenida Ayrton Senna, onde todos sabem como fica o trânsito tarde da tarde. Outra sugestão é desobstruir a Avenida Dulcídio Cardoso, principalmente na região da praia, completando a via para permitir o fluxo como opção à Lucio Costa, do Jardim Oceânico até ao Golden Green. Por fim, construir uma rotatória na Ayrton Senna, próxima ao Alfabarra, evitando a necessidade de percorrer mais de 300 metros em direção ao Recreio para realizar manobras”, detalhou. “Esse acordo foi benéfico para nós. Ambos saímos ganhando.”
Delair Dumbrosck também informou que o prefeito participará de uma reunião na Câmara Comunitária no dia 19.
A audiência pública contou com a presença de Pedro Paulo de Oliveira, presidente do Vasco da Gama, e vereadores como Eliseu Kessler (MDB), Teresa Bergher (PSDB), Zico (PSD), Márcio Ribeiro (PSD), Pedro Duarte (Novo) e Marcelo Arar (AGIR). Entre os moradores presentes estavam Maria Lúcia Mascarenhas, diretora da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca e moradora do Itanhangá; Ricardo Nogueira, da Associação de Moradores e Amigos do Pedra de Itaúna; e Valéria Wright, produtora cultural e idealizadora do Bloco das Divas.
Regiões impactadas
O projeto de lei estipula que a área potencialmente construtiva de São Januário a ser transferida é de 197 mil metros quadrados. Na Barra, as vias incluídas como possíveis áreas receptoras no projeto são as ruas Maurício Silva Teles e Professor Maurice Assuf, e as avenidas das Américas, Prefeito Dulcídio Cardoso, Lucio Costa, Eugênio Lyra Netto, Mario Veiga de Almeida, Luis Carlos Prestes, Ayrton Senna, João Cabral de Mello Neto, Engenheiro Cezar Hermano Jordão Freire, Ministro Afrânio Costa e Salvador Allende.
Autódromo
Além disso, foi discutido durante a reunião o Projeto de Lei Complementar (PLC) 162/2024, que prevê a construção do Autódromo Parque de Guaratiba, seguindo o modelo do antigo autódromo de Jacarepaguá. Neste contexto, foram sugeridas soluções voltadas para a mobilidade urbana.
Arraes explicou: “No caso específico de Guaratiba, está prevista no projeto da Transoeste uma derivação da via atual do BRT para atender de forma específica o empreendimento do autódromo”.
Fonte: Globo Online