Há três semanas, quando assumiu o cargo de técnico do Vasco, Fábio Carille solicitou um tempo para realizar análises internas no início da sua jornada, mas definiu uma de suas principais filosofias para o time: privilegiar a posse de bola e ter o controle das partidas. Em suas duas primeiras apresentações à frente da equipe, ele tem seguido essa filosofia de forma rigorosa. O novo estilo do Vasco, evidenciado nas vitórias de 2 a 0 contra o Madureira e na goleada de 4 a 1 sobre a Portuguesa, tem se destacado pela força do meio-campo.

A exceção é Philippe Coutinho, que ganhou liberdade no ataque e assumiu menos responsabilidades na defesa. O setor tem sido formado por jogadores que não eram titulares em 2024. Jair e Paulinho, que passaram quase todo o ano passado se recuperando de lesões sérias, se juntaram a Tchê Tchê, uma das novas contratados da temporada, formando um trio que equilibra as ações do Vasco em campo.

O cruz-maltino terminou os dois confrontos mantendo a posse de bola acima de 55% (57% e 58%). Na partida de estreia de Carille e do elenco principal contra o Madureira, 45% dos passes foram trocados no meio de campo, com 30% no campo defensivo. Já na partida contra a Lusa, esses números subiram para 55% no setor central e apenas 21% na defesa. Os dados foram coletados pelo Sofascore.

O setor também se destaca pela diversidade de opções. Com o trio mencionado iniciando o ano como titulares, o Vasco passou a contar com mais qualidade no banco, como Mateus Carvalho, Hugo Moura e Maxime Dominguez. No último domingo, os dois últimos entraram no segundo tempo e contribuíram com assistências para o terceiro e o quarto gols da partida. Nesse mesmo jogo, Paulinho encontrou Coutinho, que marcou um belíssimo gol ainda no primeiro tempo. Além disso, Paulinho também já havia deixado sua marca, graças a um passe de Tchê Tchê, na partida contra o Madureira. Não podemos esquecer que Payet teve atuações excelentes quando chamado.

Enquanto o meio-campo se mostra forte, a transição ofensiva ainda exige evolução nos próximos compromissos. O cruz-maltino encara Maricá e Volta Redonda antes de disputar o primeiro clássico do ano, contra o Fluminense.

Até o momento, o esquema adaptado ao grupo tem mostrado eficiência. Contudo, os atacantes velozes e de lado, um pedido de Carille ainda não atendido, serão cruciais para explorar os espaços disponíveis contra adversários mais robustos.

— A característica do nosso grupo hoje, onde devo buscar alternativas, não conta com jogadores para atacar espaço. Não temos, é uma questão de característica. Posso tentar melhorar, posso solicitar (jogadores sem essa característica), mas vão fazer isso uma ou outra vez; não é algo que esses atletas irão executar frequentemente. Nós vamos ter a bola. É isso que eu desejo, é isso que vou trabalhar e insistir — analisou Carille após a vitória sobre a Portuguesa.

Confira os meias utilizados por Carille nas duas partidas e suas respectivas estatísticas: