Reforços para a equipe principal, renovações significativas, vendas inesperadas e muitas negociações marcaram a janela de transferências que se encerrou na última terça-feira no Brasil, finalizando as operações do Vasco. Não faltou movimentação: entre novelas que terminaram bem e conversas ágeis, o clube adquiriu cinco novos jogadores, vendeu dois atletas e emprestou outros, resultando em uma janela considerada positiva pela diretoria.
Com a chegada de um novo diretor de futebol, Pedrinho focou em suas prioridades no mercado, reformulando a defesa com uma nova dupla de zaga titular e trazendo mais duas opções para o ataque. A primeira janela de Admar Lopes foi caracterizada pela participação ativa de Fernando Diniz e um novo perfil nas negociações, predominando a contratação de jogadores por empréstimos.
Dentre os cinco jogadores contratados pelo Vasco, quatro vieram através de negociações por empréstimo. As modalidades de negócio foram as mais diversas. Confira a lista abaixo:
- Thiago Mendes (33 anos): contratação em definitivo, disponível no mercado
- Andrés Gómez (22 anos): empréstimo com opção de compra, obrigatória após metas serem atingidas
- Robert Renan (21 anos): empréstimo com opção de compra após um ano
- Carlos Cuesta (26 anos): empréstimo com opção de compra após um ano e meio
- Matheus França (21 anos): empréstimo sem opção ou obrigação de compra
Essa nova abordagem nos negócios reflete motivos variados, principalmente a situação financeira do clube. Com recursos escassos para grandes investimentos, optou-se por empréstimos que incluem opções de compra para o futuro.
No início do ano, o Vasco buscou jogadores sem custos para suas posições, como Tchê Tchê para o meio-campo e Lemos, Oliveira e Freitas para a defesa, mas realizou um investimento específico no ataque, que trouxe Loide, Garré e Nuno Moreira, embora apenas o português tenha se destacado até o momento.
Outra mudança significativa foi o perfil dos jogadores analisados. Jogadores como Robert Renan, Matheus França, Carlos Cuesta e Andrés Gómez são jovens em busca de espaço para maximizar seu potencial, com todos tendo histórico em seleções de base; os colombianos, inclusive, são convocados frequentemente para a seleção principal.
Os investimentos do Vasco nessa janela foram principalmente relacionados às liberações dos empréstimos, resultando em um lucro de cerca de 9,5 milhões de euros (R$ 60 milhões) com as saídas de João Victor e Luiz Gustavo. Esse valor foi importante para manter jogadores como Rayan, além de garantir novos contratos para Coutinho e Léo Jardim, que também foram motivos de celebração.
O ge elaborou um resumo do mercado de transferências do clube nesta janela de meio de ano. Veja os principais passos a seguir:
Chegada de Admar Lopes e Fernando Diniz
Após a demissão de Marcelo Sant’ana, Pedrinho e outros dirigentes buscaram um diretor de futebol que tivesse uma participação mais ativa no mercado. O nome de Admar Lopes surgiu após consultas realizadas na Europa, especialmente após a recusa de Rodrigo Caetano, diretor de seleções da CBF.
Fernando Diniz, ao contrário de outros técnicos do clube, atuou de maneira proativa no mercado, participando ativamente das negociações e convencendo jogadores sobre o projeto do Vasco.
Fernando Diniz no comando do Vasco — Foto: Matheus Lima/Vasco
- Primeiro alvo: um ponta de velocidade
A diretoria estava animada com Admar Lopes, especialmente por sua proatividade em sugerir nomes para a contratação de um atacante de lado. Com sua vasta experiência e conhecimento do mercado sul-americano, o diretor trouxe a sugestão de Andrés Gómez, do Rennes, que foi aceita por Diniz e Pedrinho.
As negociações para trazer o jogador, convocado pela seleção da Colômbia, foram difíceis. O Vasco precisou convencer o Rennes a liberar o atleta, que havia custado 10 milhões de euros há um ano. Com o apoio de Diniz e de outros colombianos que jogaram no Brasil, Gómez viu o Vasco como uma boa oportunidade para aumentar suas chances de convocação. Felizmente, a negociação foi bem-sucedida.
Andrés Gómez em ação pelo Vasco — Foto: Matheus Lima/Vasco
- Segundo alvo: um volante para aumentar a concorrência no meio
Além da busca pelo atacante, o Vasco também procurou um volante para intensificar a concorrência no meio-campo, onde Hugo Moura e Tchê Tchê eram os titulares. O nome indicado por Admar Lopes foi Thiago Mendes, conhecido anteriormente no Lille, na França. O jogador foi aprovado e contratado após ficar livre no mercado, vindo do Al-Rayyan, do Catar.
O outro reforço para o setor já era familiar, mas estava emprestado ao América-MG. Cauan Barros, alvo de interesse do Cruzeiro, teve sua proposta recusada. Mas com o desejo de Diniz, o clube buscou o América e conseguiu trazer o volante de volta.
- A principal novela: a busca por um zagueiro
A procura por um zagueiro se mostrou desafiadora. Depois das atuações de João Victor, Lucas Freitas e Luiz Gustavo, a diretoria não planejava mais contratações para a defesa. Contudo, após uma sequência de sete jogos sem vitórias, a prioridade tornou-se clara.
O Vasco decidiu que a contratação de um zagueiro era essencial. Após tentativas frustradas de negociação, como as com Carlos Cuesta, e diversos nomes sendo sondados sem sucesso, a situação parecia complicada. Entretanto, quando a negociação com o Spartak Moscou para Cuesta falhou, o clube se reaproximou do defensor colombiano e conseguiu a contratação na última semana da janela.
Carlos Cuesta é a nova solução para problema na defesa do Vasco — Foto: Matheus Lima/Vasco
- Uma última surpresa para o ataque: Matheus França
A contratação de Matheus França surpreendeu a muitos. O Vasco manteve a negociação em sigilo, com o foco nas informações coletadas sobre o jogador da maioria bem restrita. Enquanto Admar Lopes buscava um zagueiro na Europa, Diniz e o diretor técnico Felipe conversaram diretamente com o jogador revelado pelo Flamengo, que desejava retornos ao Brasil para ter mais oportunidades de jogo.
Embora não tenha havido opção ou obrigação de compra, o empréstimo foi encarado como uma boa estratégia para reforçar o time sem comprometer os recursos financeiros. Matheus é visto como um jogador versátil, podendo atuar como meia, em posição de segundo atacante, aberto nas laterais ou até como falso 9.
- Faltou um zagueiro ou um volante?
Após a janela, parte da torcida esperava uma nova contratação para reforçar a defesa. A diretoria do Vasco considerou alguns nomes, mas não avançou nas negociações pela necessidade de encontrar um jogador disponível por empréstimo ou livre. Contudo, a lesão de Jair, ocorrida no último dia da janela, surpreendeu a todos e não permitiu que novas contratações fossem realizadas a tempo. Agora, o clube pode ainda contratar atletas livres que estiverem disponíveis, embora essa possibilidade seja incerta neste momento.
Fonte: ge