Nesse clima, o EXTRA investigou como os dois clubes desenvolvem, cada um à sua maneira, o trabalho emocional com os jogadores e de que forma isso pode influenciar o confronto.
No Flamengo, a mudança na diretoria trouxe de volta a psicologia esportiva ao clube, agora sob o comando de Paulo Ribeiro, ex-Botafogo. A revitalização desse setor ocorre em um ambiente de vitórias e em um elenco que passou por poucas mudanças, mas que está sempre se fortalecendo. O fato de o técnico Filipe Luís ter sido formado nesse contexto também ajuda a manter a estabilidade do time, dentro e fora de campo. Além da liderança do comandante, vários jogadores, como Gerson e agora Danilo, passaram a assumir esse papel.
Com isso, o trabalho é totalmente direcionado para a neurociência aplicada ao alto desempenho. A ideia é que os craques do Flamengo compreendam seu cérebro e sistema nervoso, empregando ferramentas que melhorem sua saúde mental. Entre essas ferramentas, estão orientações para a respiração correta, uso de aplicativos para controlar a ansiedade e tecnologias que auxiliam na regulação emocional. Contudo, tudo é implementado de forma gradual nesse novo começo, para que os atletas se habituem com as ideias e a presença do psicólogo, incorporando o trabalho aos poucos.
Nos últimos anos, alguns jogadores do Flamengo, como Arrascaeta, buscaram terapia fora do Ninho do Flamengo. Agora, a proposta é que, caso haja interesse, a psicoterapia seja realizada por um profissional fora do clube, e não pelo psicólogo que atua no dia a dia.
No Vasco, a estrutura de apoio aos jogadores existe há bastante tempo e vai além do papel do treinador. Porém, ainda é insuficiente para gerar o desempenho desejado. “Preciso trabalhar muito a parte mental deste time. Quando eles levam um gol, parece que tudo desmorona”, disse o técnico Fábio Carille após a derrota para o Flamengo na semana passada. Em meio a uma nova reformulação, os talentos Phillipe Coutinho e Payet ainda não elevaram o Vasco ao nível esperado, enquanto Vegetti se destacou como artilheiro, contagiando o vestiário, mas sem impactar no desenvolvimento coletivo.
O Núcleo de Saúde Mental do Vasco é coordenado pelo psiquiatra Helio Fádel e está ligado ao Departamento de Saúde e Performance (DESP). Com a saída do psicólogo Renato Santoro no ano passado, o clube busca um novo profissional para o setor. O presidente Pedrinho tem desempenhado, de certa forma, o papel motivacional, ressaltando a grandeza do Vasco e criando expectativas por uma performance superior.
Os atletas são avaliados e monitorados continuamente pelos profissionais de saúde mental. Há um trabalho preventivo que visa tanto a performance quanto uma melhor qualidade de vida, sem aguardar que um problema maior aconteça para, só então, buscar um serviço especializado. No dia a dia, a psiquiatria e a psicologia atuam em conjunto com a Medicina do Esporte. No Vasco, a visão é de que o futebol, sendo um ambiente estressante, pode gerar diversas condições mentais, como ansiedade, depressão, insônia e distúrbios alimentares. No entanto, o maior desafio atualmente é formar um time competitivo de alto nível.
Fonte: Extra