Segundo apuração do ge com fontes ligadas à Sociedade Anônima do Futebol, o mês de maio costuma ser desafiador financeiramente, devido ao intervalo entre o recebimento das cotas de televisão e outras fontes de receita. Por isso, de acordo com pessoas envolvidas na gestão da SAF e da 777, o Vasco deveria receber um adiantamento do aporte da 777 Partners neste mês, totalizando cerca de R$ 5 milhões.
Com a decisão judicial que devolve o controle do futebol à 777, a SAF acredita que a empresa norte-americana não efetuará mais o repasse desse montante. Diante disso, a diretoria liderada pelo CEO Lúcio Barbosa solicitou o mesmo valor ao grupo de Pedrinho, agora majoritário na sociedade.
E quanto ao patrocinador principal?
No começo do mês, o Vasco fechou um dos maiores acordos de patrocínio do Brasil. A plataforma de apostas Betfair comprometeu-se a pagar R$ 115 milhões durante todo o período do contrato, o que equivale a aproximadamente R$ 70 milhões por ano. Essa parceria está entre as quatro maiores do país, atrás apenas de Corinthians, Flamengo e Palmeiras. E os recursos?
Conforme apuração do ge, o Vasco tem prazo até o final de maio para receber a primeira parcela do acordo. Fontes ligadas à SAF não revelaram os valores devido a cláusulas de confidencialidade, porém garantiram que são superiores aos R$ 5 milhões solicitados ao clube e prometidos pela 777 Partners.
Mês de maio
No ano anterior, o Vasco também enfrentou desafios financeiros em maio. Naquela época, diversos relatos sobre débitos com outros clubes, referentes a transferências de jogadores na janela de 2023, e até mesmo com atletas, como no caso de Andrey Santos, surgiram nesse mesmo período. Na ocasião, a SAF optou por priorizar o pagamento dos salários dos atletas e lidou com a situação de forma discreta.
Parte do aporte de setembro do ano passado foi destinada a quitar compromissos assumidos nos meses anteriores, além de cobrir despesas operacionais.
De acordo com o jornalista Rodrigo Capelo, em participação no programa Tá Na Área, do Sportv, “é comum que os saldos estejam zerados em maio”.
— Apenas para contextualizar: estamos em maio, acabamos de passar pelos campeonatos estaduais. É uma época do ano desafiadora para os clubes de futebol, uma vez que há pouca receita, já que os estaduais não geram lucros expressivos para as equipes. Se pudéssemos ter acesso às contas bancárias dos clubes da primeira divisão nacional, é seguro afirmar que 15 dos 20 times estariam com saldos zerados — afirmou Capelo, que completou:
— Portanto, acredito que Pedrinho tem experiência suficiente no futebol para compreender que as finanças dos clubes quase sempre estão no limite. Flamengo, Palmeiras e Grêmio talvez não estejam nessa situação, pois são clubes mais estruturados financeiramente. O Vasco sempre enfrentou essa situação, tanto como SAF quanto não. Sabendo que os aportes da 777 chegam em setembro, que o Brasileiro se inicia em maio e que a cota de desempenho é paga em dezembro, é natural que não haja recursos em caixa em maio.
No último balanço financeiro, divulgado em abril deste ano, a Sociedade Anônima do Futebol do Vasco apresentou uma receita recorde, porém registrou um prejuízo de R$ 123 milhões em 2023 — resultado atribuído ao aumento nos gastos operacionais, relacionados aos investimentos no elenco, incluindo custos e despesas adicionais com pessoal, como pagamentos de direitos de imagem, benefícios, manutenções e serviços necessários para a operação do clube.
Desde a transformação do Vasco em Sociedade Anônima do Futebol, os salários dos jogadores nunca foram pagos com atraso. Agora, com o controle da gestão do futebol como acionista majoritário da empresa, a diretoria de Pedrinho assegurou que, mesmo diante de um “colapso financeiro” constatado na SAF, os salários serão mantidos em dia.
Fonte: ge