Fotógrafo André Durão alcançará o jogo 5 mil da sua carreira neste domingo no clássico entre Fluminense e Vasco.

Rayan gol Vasco Fluminense Copa do Brasil — Foto: André DurãoRayan gol Vasco Fluminense Copa do Brasil — Foto: André Durão

Ao comemorar seu gol contra o Fluminense, que marcou a virada do Vasco na última quinta-feira pela Copa do Brasil, Rayan não imagina que ocupou um espaço especial na história da imprensa esportiva carioca. Ele se sentou no banquinho da lenda André Durão, um fotógrafo experiente com 42 anos de carreira, que alcança a marca de 5.000 partidas neste domingo, enquanto os rivais disputam uma vaga na final do torneio nacional, novamente no Maracanã.

Durão em 1986 na Bolívia: um garoto de 20 anos — Foto: Arquivo pessoalDurão em 1986 na Bolívia: um garoto de 20 anos — Foto: Arquivo pessoal

Com a placa da marca que vai completar no próximo domingo — Foto: Davi NormandoCom a placa da marca que vai completar no próximo domingo — Foto: Davi Normando

Com um semblante jovial, Durão, que é um contador de histórias da imprensa carioca, iniciou sua trajetória como estagiário no Jornal do Brasil em 1983, aos 17 anos. Seu primeiro jogo coberto foi um empate sem gols entre America e Vasco, em 16 de outubro de 1983. Desde então, passou pelo grupo Globo e celebrou 20 anos de ge em 2025.

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Em 2022, Durão foi o segundo colocado no prêmio internacional da AIPS (Associação Internacional de Imprensa Esportiva) por sua captura do chute do jogador Leandro Castan, do Vasco, que atingiu o goleiro Douglas Friedrich, do Bahia.

Foto premiada de André Durão: flagra de Castan, do Vasco, contra Douglas, do Bahia, no Campeonato Brasileiro de 2021 — Foto: André DurãoFoto premiada de André Durão: flagra de Castan, do Vasco, contra Douglas, do Bahia, no Campeonato Brasileiro de 2021 — Foto: André Durão

Ao longo de cinco Copas do Mundo, quatro Olimpíadas e cinco Pan-Americanos, Durão teve a chance de capturar momentos essenciais do futebol, desde Zico e Dinamite a Marta, Romário, Fred, Luis Henrique, Cano e Rayan, narrando suas histórias através de suas lentes.

Ele compartilha algumas memórias pessoais:

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“Após 42 anos de carreira, estou prestes a completar os 5.000 jogos em que fotografei. Minha trajetória me levou a diversos estádios pelo Brasil e pelo mundo. Nos anos 80, costumava haver uma rodada dupla aos domingos, com jogos dos juniores antes dos profissionais.”

No Maracanã nos anos 1980 — Foto: Arquivo pessoalNo Maracanã nos anos 1980 — Foto: Arquivo pessoal

Despedida de Zico em 1989, em Juiz de Fora — Foto: André DurãoDespedida de Zico em 1989, em Juiz de Fora — Foto: André Durão

Romário toca para o gol no maior jogo de sua carreira: 2 a 0 contra o Uruguai em 1993 — Foto: André DurãoRomário toca para o gol no maior jogo de sua carreira: 2 a 0 contra o Uruguai em 1993 — Foto: André Durão

Neymar comemora a medalha de ouro em 2016 — Foto: André DurãoNeymar comemora a medalha de ouro em 2016 — Foto: André Durão

Marta com a medalha de prata em Paris 2024 — Foto: André DurãoMarta com a medalha de prata em Paris 2024 — Foto: André Durão

Fred pedala no Maracanã em sua despedida: ao fundo, de camisa cinza, calça jeans e lente às mãos, o irmão Alexandre Durão — Foto: André DurãoFred pedala no Maracanã em sua despedida: ao fundo, de camisa cinza, calça jeans e lente às mãos, o irmão Alexandre Durão — Foto: André Durão

Artur Jorge comemora título do Botafogo em 2024 — Foto: André DurãoArtur Jorge comemora título do Botafogo em 2024 — Foto: André Durão

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Foto em Senegal e Polônia na Copa do Catar — Foto: André DurãoFoto em Senegal e Polônia na Copa do Catar — Foto: André Durão

Dibu Martinez e a pose polêmica depois da conquista da Argentina em 2022 — Foto: André DurãoDibu Martinez e a pose polêmica depois da conquista da Argentina em 2022 — Foto: André Durão

Endrick comemora seu primeiro gol pela Seleção — Foto: André DurãoEndrick comemora seu primeiro gol pela Seleção — Foto: André Durão

Minha jornada começou em um jogo entre America e Vasco, em 16/10/1983. Foi meu primeiro evento. A primeira lembrança que tenho é da chegada ao Maracanã e do nervosismo na entrada no campo. Eu estava posicionado na entrada da grande área. Naquela época, não havia placas publicitárias. Não publiquei nenhuma foto deste jogo no Jornal do Brasil porque ainda era apenas um estagiário. Continuo aprendendo até hoje.

Durante esses 5.000 jogos, vivi muitas experiências, algumas hilárias e outras tristes. Lembro de um jogo entre America e Americano, onde um torcedor gritou: “Vou fazer xixi na sua careca.” E, surpreendentemente, cumpriu a promessa no segundo tempo. Voltei para a redação todo molhado, mas ganhei uma camisa do America como lembrança.

Em 1987, durante uma partida da seleção pré-olímpica em La Paz, levei um osso de lhama nas costas. Estive presente no desabamento das grades do Maracanã em 1992 e em São Januário em 2000. Foram momentos de profunda tristeza. Trabalhei em meio à Covid-19 e presenciei o tumulto causado pela fogueteira Rosemary em Brasil x Chile em 1989.

O que mais me entristece são as despedidas de ídolos do futebol. Estive no último jogo profissional de Zico em Juiz de Fora, na despedida de Roberto Dinamite e, mais recentemente, na de Fred. Quando essas lendas se aposentam, parece que o tempo está me roubando oportunidades.

Nunca planejei alcançar esses números, nem me tornar o melhor fotógrafo. Apenas acumulei experiência ao longo da vida. Tive a chance de fotografar jogos de juniores, Copas do Mundo, Copa América, competições olímpicas, e estou ansioso para cobrir a próxima Copa do Mundo Feminina no Brasil, uma experiência que nunca vivi. As Copas de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Maracanã foram momentos únicos. O Maracanã é meu Coliseu, onde batalhei por boas fotos e boas posições no campo.

No entanto, não teria alcançado essa marca sem o apoio da minha família. Minha esposa Mariza costuma dizer que nem vale a pena competir com a fotografia esportiva. Se não fosse pelo apoio dela e dos meus filhos, que nunca me cobraram pelas ausências em datas importantes e fins de semana, não seria possível. Uma das minhas lembranças mais marcantes foi quando, no dia do nascimento do meu filho, saí do hospital correndo para a final do Campeonato Carioca e voltei à 1h da manhã para dormir com minha esposa.

Agora, sigo em frente, fotografando e aprendendo com as novas gerações e suas abordagens.

Agradeço por todas as oportunidades que tive na vida. Minha carreira começou no Jornal do Brasil em 1983, aos 17 anos. Depois, fiz parte do grupo Globo, que carinhosamente considero uma segunda família. Ao me perguntarem sobre meu futuro, minha resposta é sempre continuar no grupo Globo e, quem sabe, chegar a mais 1.500 jogos. E, claro, espero capturar muitos momentos nas próximas Copas do Mundo e Olimpíadas.

Agradeço a todos que contribuíram para minha jornada. Aprendi muito com diversos mentores ao longo do caminho, como Ari Gomes, Alberto Ferreira, Philot, Ronaldo Theobald e Sebastião Marinho.”

Fonte: ge


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