Vasco da Gama e o Carnaval! Uma história de orgulho e resistência desde sempre.
Você sabia que São Januário já hospedou não apenas um, nem dois, mas TRÊS desfiles de escolas de samba?
Prepare-se, vem muita história por aí, e vale a pena conferir. Esta é uma lição de história única que você jamais teve nas salas de aula.
O primeiro desfile aconteceu em 07/12/1935. As festividades foram em homenagem a Caboclo e Provenzano, históricos atletas do remo vascaíno. Um combinado do Vasco enfrentou um combinado da Saúde, tradicional bairro da região portuária do Rio. Após a partida, as escolas de samba desfilaram. Portela, Mangueira, Unidos da Tijuca, Lira do Amor e Paz do Amor apresentaram as novidades que estavam preparando para o Carnaval de 1936. As agremiações carnavalescas desfilaram pela pista de atletismo do estádio vascaíno, após a vitória do combinado do Vasco por 2 a 1.
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Fonte: Centro de Memória do Vasco da Gama
Referências das imagens:
1: Desfile não-oficial de 1943
2 e 3: Diário Carioca 1943
4: Gazeta de Notícias 1943
5: Careta 1943
6 e 7: Desfile não-oficial de 1943
8: A Noite 1943
* todas são do acervo da Biblioteca Nacional
O terceiro desfile oficial em São Januário foi em 1945. Mais uma vez, a Prefeitura não apoiou os festejos carnavalescos. Os desfiles foram organizados e patrocinados pela Liga da Defesa Nacional e a União Nacional dos Estudantes. O Vasco, mais uma vez, cedeu seu espaço. No dia 11/02/1945, o desfile oficial ocorreu no Estádio de São Januário. Infelizmente, houve desentendimentos entre integrantes da “Depois Eu Digo”, do Morro do Salgueiro, e da “Cada Ano Sai Melhor”, do Morro de São Carlos, resultando no assassinato do sambista Matinada. Houve uma briga generalizada. No dia seguinte, as manchetes focavam no conflito e parte da imprensa aproveitou para reafirmar antigos estereótipos, pedindo ações enérgicas contra as escolas. Paulo da Portela foi um dos grandes defensores das agremiações carnavalescas. O triste ocorrido não impediu que o enredo “Brasil Glorioso” da Portela brilhasse. A escola de Oswaldo Cruz e Madureira conquistou o pentacampeonato da competição.
Da mesma forma que aconteceu no esporte, ao apoiar as escolas de samba, agremiações formadas por pessoas simples do Rio, em um momento tão difícil, o Vasco ajudou a possibilitar que camadas sociais excluídas pudessem assumir o papel de protagonistas do espetáculo.
A segunda vez que São Januário sediou os desfiles das escolas aconteceu em 1943. Diante do acirramento da 2ª Guerra Mundial, em 1942, com navios brasileiros afundados pelos alemães, os ânimos da população estavam acirrados. O Carnaval estava em xeque. Nas vésperas do Carnaval de 1943, o discurso de parte da imprensa se juntou ao das autoridades, afirmando que “não havia clima para festa”. A Prefeitura cancelou o baile do Teatro Municipal e o auxílio a todos os grupos carnavalescos. Enquanto uns concordavam que deveria haver carnaval, outros eram contrários às festividades. Nesse contexto, opositores antigos da festa do Momo se aproveitaram para atacar a celebração popular.
As grandes sociedades, ranchos e blocos decidiram não realizar festas nas ruas, publicamente. As escolas de samba optaram por resistir e encontraram no Vasco e em São Januário uma parceria nesse momento tão difícil.
No dia 24/01/1943, os sambistas aceitaram o convite da primeira-dama do país, Darcy Vargas, e realizaram um desfile não-competitivo em benefício da cantina do soldado, cujos fundos arrecadados seriam destinados às vítimas dos navios brasileiros afundados pelos alemães.
Dez agremiações participaram do desfile na casa vascaína, incluindo Azul e Branco, Unidos do Salgueiro, Depois eu Digo, Mangueira, Unidos da Tijuca, Império da Tijuca e a Portela. As escolas de samba mostraram que a decisão de não abandonar os festejos carnavalescos não significava ignorância em relação à guerra, nem falta de patriotismo.
O desfile oficial ocorreu em 07/03/1943, na Avenida Rio Branco. A Liga da Defesa Nacional e a União Nacional dos Estudantes apoiaram as escolas e foram responsáveis pelos desfiles. A Portela conquistou o tricampeonato, apresentando o enredo “Carnaval de Guerra”.
A Águia de Oswaldo Cruz e Madureira ultrapassou a Mangueira em número de títulos, 4 a 3, assumindo o patamar de maior campeã do carnaval carioca, mantido até os dias atuais. Era um “Expresso do Samba”…
Fonte: Instagram oficial do Vasco