À beira de concluir seu período como mandatário do Corinthians, Duilio Monteiro Alves compartilhou sua estratégia para a montagem do elenco durante sua gestão. Após iniciar enxugando os gastos com salários do time, o dirigente passou a adquirir reforços somente no segundo semestre de 2021.
Nesse intervalo, chegaram ao clube Giuliano, Roger Guedes, Renato Augusto e Willian.
Em entrevista a um grupo de veículos de comunicação nesta sexta-feira (10), Duilio defendeu a postura em relação aos investimentos no time profissional.
“Orçamento é uma referência. Não se deve exceder a arrecadação. Este é o primeiro passo. Nos primeiros oito meses não realizamos contratações, abrindo espaço na folha salarial. Nenhum dos reforços criticados desde então. Durante o segundo semestre de 2021. E, posteriormente, se as coisas não vão bem, a culpa é do presidente”.
Questionado sobre as decisões de investimento no futebol e as contratações realizadas ao longo da temporada, Duilio afirmou ter enfrentado problemas para receber os valores de outras vendas feitas a outros clubes, afetando o fluxo de caixa do Corinthians.
“Vocês viram o não pagamento do Vera”, disse Duilio, referindo-se a uma reportagem publicada pela ESPN.
“Também não recebi do Vasco. Há uma sequência. Não me arrependo. Todos esses atletas que vieram foram por isso. Todos diziam que ninguém queria vir para cá. Diziam que íamos ‘cruzeirar’, que era momento de mudança. Não queria ter vendido o Guedes, mas tenho palavra. Foi acordado lá atrás e tive que manter minha palavra. Procuramos, mas não encontramos alternativas para ele. Tínhamos um jogo decisivo uma semana depois. Foi a única negociação que não gostaria de ter feito”.
Outro tema abordado pelo presidente do Corinthians foi a reposição no elenco dos jogadores que foram negociados. Entre eles o atacante Roger Guedes, vendido ao Al Rayyan, do Qatar, em meio às semifinais da Copa do Brasil.
“Não há outro jogador igual. [Sobre a venda] do Murillo [ao Nottingham Forest], trouxemos o Lucas Veríssimo, que jogou três ou quatro partidas antes de aceitarmos a proposta. Havia dúvidas se ele poderia continuar atuando. Não vejo queda na equipe nesse aspecto. Foi a maior venda de um zagueiro da história, e muito se fala que foi mal negociado. O Nino [do Fluminense] está indo para o mesmo clube por 7 milhões de euros”, disse o presidente do Corinthians, mencionando o rival São Paulo como exemplo de clube que optou por não reforçar o elenco.
“Não houve reposição porque o Corinthians não investiu. Não encontramos e não quisemos gastar. Teve um time que foi campeão, o São Paulo, comprou dois jogadores recebendo um salário milionário no dia seguinte à derrota para nós. E se não ganha o campeonato? E a conta? Chegará”.
“Não apenas financeiro, mas técnico também. De todas as notícias diárias, havia dois jogadores que eram fundamentais. O resto foi uma redução de custos. Balbuena encerrou o contrato e não valia a pena, tínhamos o Veríssimo. Nossa defesa está bem, temos atletas, temos o Caetano, o Gil, o Méndez. Menciona-se uma lista de nomes, parece que nos livramos deles, mas foi bom. O Corinthians devia R$ 1 bilhão e hoje deve 800 e poucos milhões, mas mais controlados”.
Duilio Monteiro Alves foi eleito em novembro de 2020 como o 30º presidente da história do Corinthians, com mandato para o triênio 2021-2023.
Diretor-adjunto de futebol em 2011, sob a presidência de Roberto de Andrade, ocupou o cargo até o início de 2014, quando entrou em conflito com o recém-eleito Mario Gobbi.
O cartola retornou ao departamento em 2018, no segundo mandato de Andrés Sanchez, como diretor de futebol. Deixou o cargo em meados de 2020 para concorrer à presidência com o aval de seu antecessor.
Primeiro presidente a não conquistar títulos pelo futebol profissional do clube desde Roberto Pasqua (1985 e 1987), Duilio Monteiro Alves participou como diretor das conquistas da inédita Libertadores de 2012 e do bicampeonato no Mundial de Clubes da FIFA, no mesmo ano. Também esteve presente em outras cinco conquistas: Campeonato Brasileiro (2011) e Campeonato Paulista (2023, 2018 e 2019).