Vasco e Fluminense sempre estiveram no centro de uma das mais intensas rivalidades do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, essa disputa se acirrou significativamente, impulsionada por confrontos dentro e fora de campo, além de provocações nas redes sociais. O ápice recente dessa rivalidade é a semifinal da Copa do Brasil de 2025, que terá seu primeiro capítulo nesta quinta-feira, no Maracanã. O site ge apresenta os fatores que intensificaram esse confronto.
Disputa pelo Setor Sul do Maracanã
Atualmente, a questão está mais controlada devido a um acordo entre os clubes. Entretanto, após a reinauguração do Maracanã em 2013, a disputa sobre qual torcida ocuparia o lado direito do estádio—o Setor Sul—se transformou em uma competição judicial entre as diretorias, elevando a rivalidade a novos patamares.
O Vasco defendeu a continuidade do acordo que garantiu a ocupação do Setor Sul, desde a construção do estádio, em 1950. De acordo com a decisão original, o primeiro campeão carioca que jogou no novo Maracanã teria o direito de escolher a localização de sua torcida. Como o Vasco se sagrou campeão, sua torcida ficou legitimamente ao lado das cabines de transmissão.
A partir de 2013, quando o Maracanã foi reinaugurado após as reformas para a Copa do Mundo de 2014, o estádio passou a ser administrado por uma concessionária. O Fluminense chegou a um entendimento com essa empresa e passou a ocupar o Setor Sul, sustentando que o acordo do Vasco não tinha fundamentos legais, dado que o estádio agora tinha um novo “dono”.
Durante o jogo de reabertura do Maracanã, a torcida do Fluminense realizou um mosaico com a frase “É o Destino”, em provocação ao Vasco. Naquela partida, o clube de São Januário venceu por 3 a 1, marcando a reestreia de Juninho Pernambucano.
A torcida vascaína respondeu cantando “é o destino” após o apito final, e essa frase se tornou uma provocação comum entre as torcidas no decorrer dos clássicos.
Do lado tricolor, as vitórias sobre o rival foram frequentemente celebradas com publicações afirmando que o Maracanã é “a casa do Fluminense”. Em 2019, após o rompimento do contrato de concessão do estádio, um novo Termo de Permissão de Uso foi estabelecido, permitindo que Flamengo e Fluminense administrassem o Maracanã, o que levou a torcida do Fluminense a continuar ocupando o Setor Sul — decisão que foi mal recebida pela torcida do Vasco.
Domínio histórico
Historicamente, o Vasco tem uma vantagem sobre o Fluminense, com 155 vitórias contra 125 do rival, além de 115 empates. Essa vantagem é frequentemente celebrada na Colina, especialmente após triunfos em clássicos. Em 2022, após uma vitória vascaína, o clube provocou o rival com a música “Dá bença (sic) para papai porque o papai é brabo”.
Essa vantagem foi estabelecida em grande parte por causa de um domínio exercido pelo Vasco no início do século XXI, especialmente entre 2001 e 2019, onde ocorreram 67 confrontos, resultando em 29 vitórias para o Vasco, 27 empates e apenas 11 triunfos do Fluminense.
No entanto, nas últimas temporadas, o tempo foi favorável ao Fluminense, que na verdade não perdeu para o Vasco por quatro anos consecutivos, de 2020 a 2023, contabilizando sete vitórias, quatro empates e apenas três derrotas.
Contexto histórico da rivalidade
Após o Vasco conquistar o Campeonato Carioca de 1923, seu primeiro na elite, um grupo de clubes, incluindo America, Bangu, Botafogo, Flamengo e Fluminense, se uniu para fundar a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) em resposta à vitória do clube de São Januário, composta majoritariamente por atletas de origem popular.
A AMEA condicionou a inclusão do Vasco a uma cláusula que exigia a exclusão de 12 jogadores, majoritariamente negros, da equipe. O Vasco, em protesto, não aceitou e lançou a Resposta Histórica, em 7 de abril de 1923.
Em 2023 e 2024, o Vasco celebrou o centenário do Campeonato Carioca de 1923 e da Resposta Histórica, momentos simbólicos para o clube, que lançou um uniforme em homenagem aos “Camisas Negras” de 1923, utilizando essa camisa em todos os clássicos contra o Fluminense.
Provocações nas redes sociais
Recentemente, um clássico de 2023 viu o Vasco vencer o Fluminense por 4 a 2. Após essa vitória, uma publicação do Vasco incluindo a frase “sensação sensacional” gerou polêmica, sendo interpretada como racista por parte do Fluminense, o que desagradou a diretoria tricolor.
A expressão “sensação sensacional” foi retirada de uma música do rapper Djonga, que contém o verso “Fogo nos racistas”. Isso gerou uma reação interna no Fluminense, que considerou a provocação inadequada, alegando que o racismo deve ser tratado com seriedade.
O Vasco, em resposta, se defendeu ironizando a provocação usual de alguns torcedores do Fluminense, que afirmam que o clube “inventou o negro no futebol”, enquanto o clube de São Januário alfinetou que “inventou a vitória”.
Igualdade de títulos e provocações
Após a conquista do Fluminense na Conmebol Libertadores, o clube trilhou um caminho de provocações ao Vasco nas redes sociais, relembrando uma troca de farpas que remonta a 2016, quando o Vasco ironizou a falta de títulos do rival.
Polêmica sobre as faixas diagonais
A discussão sobre quem realmente possui os direitos sobre as faixas diagonais em seus uniformes gerou novas tensões na rivalidade, especialmente quando o Fluminense relançou o seu modelo. Essa discussão incendiou um novo capítulo nesse embate.
Tradicionalmente identificadas com o Vasco, as faixas diagonais, o Fluminense ressaltou que as utilizou pela primeira vez em 1906, enquanto o Vasco, então focado no remo, utilizou o desenho em seus uniformes posteriormente.
Jogadores que mudaram de clube
A rivalidade também foi aquecida pela movimentação de jogadores entre os clubes, especialmente com transferências de atletas que se tornaram ídolos em seus novos times. O caso mais emblemático foi o do meia Darío Conca e do atacante Germán Cano, ambos se destacando nas Laranjeiras. A rivalidade começou a esquentar desde 2008, quando Leandro Amaral fez a transição de São Januário para o Fluminense.
Na época, Leandro Amaral entrou na Justiça para rescindir seu contrato com o Vasco e se juntar ao Fluminense. Embora ele tenha feito algumas aparições com a camisa tricolor, o então presidente do Vasco, Eurico Miranda, conseguiu impedir sua transferência.
No caso de Conca, o jogador estava emprestado pelo River Plate e, após não chegarem a um acordo com o Vasco para sua permanência, o Fluminense o contratou. Conca se tornaria um ídolo após ajudar na conquista do Campeonato Brasileiro de 2010 pelo clube.
Germán Cano, um ídolo do Vasco, decidiu em 2021 deixar o clube após uma fase conturbada, que culminou em uma derrota amarga na Série B. Meses depois, ele surpreendeu a todos ao optar pelo Fluminense, onde rapidamente se tornou um dos maiores ídolos do clube, destacando-se como artilheiro na Conmebol Libertadores de 2023.
Comemoração do Cano em Vasco x Fluminense — Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE FC
Fonte: ge
Entenda por que a rivalidade entre Fluminense e Vasco cresceu tanto nos últimos anos — Foto: Reprodução
Mosaico ‘É o destino’, da torcida do Fluminense, em provocação ao Vasco, em clássico no Maracanã em 2013 — Foto: André Durão
Fluminense retomou faixa diagonal no uniforme em 1966, em vitória por 3 a 0 sobre o Olaria — Foto: Acervo O Globo
Entre com sua conta favorita para comentar:
Ou, se preferir, preencha o formulário abaixo para comentar sem criar conta.