Ao se posicionar no campo hoje, liderando o Vasco diante do Corinthians em São Januário, às 19h, pela 16ª rodada do Brasileirão, Rafael Paiva alcançará a marca de 10 jogos como técnico do clube. Em declarações recentes, o presidente Pedrinho não o definiu como treinador efetivo, mas também não o rotulou como interino. O fato é que, sob a batuta de Paiva, o Vasco iniciou uma reação que surpreende em termos de desempenho e competitividade, algo que poucos poderiam antecipar semanas atrás. Foram conquistados dez pontos dos últimos 15 disputados, incluindo a primeira vitória fora de casa contra o Internacional no último domingo.
Além dos resultados, o que chama a atenção é a transformação do Vasco em campo. Nos últimos cinco jogos, durante esse segundo período sob seu comando — já havia assumido entre as transições de Ramón Díaz e Álvaro Pacheco —, o Vasco marcou dez dos 17 gols feitos no campeonato e sofreu apenas cinco dos 26. O time se destaca pela imposição no meio-campo, criação pelas pontas, menor número de finalizações adversárias e capacidade de ler as fases da partida, controlando ou resistindo conforme necessário.
A participação de jovens jogadores como o lateral-esquerdo Leandrinho, o zagueiro Lyncon, o volante JP e o meia Guilherme Estrella (atualmente indisponível por lesão) tem sido significativa nessa nova fase. Paiva acumulou experiência relevante nas categorias de base, que tem se refletido no progresso do time principal.
Aos 39 anos, o treinador comandou o sub-20 do Vasco desde janeiro, em sua segunda passagem por São Januário. Na primeira, foi campeão do Campeonato Carioca sub-17 em 2021.
O sub-17 foi a categoria em que o treinador alcançou os maiores feitos da carreira. No Palmeiras, conquistou dois Brasileiros, duas Copas do Brasil e um Campeonato Paulista. Em São Paulo, teve sob sua tutela a geração de destaque da base alviverde, liderando jogadores como Endrick, Estêvão e Luis Guilherme. Inclusive, conquistou a primeira Copa do Brasil enfrentando justamente o Vasco em 2022.
Comunicação e técnica
Elogiado pela sua conexão com o elenco, Paiva incentiva os jogadores do Vasco a se desafiarem constantemente. Desde sua chegada, ele encontrou um grupo carente de confiança, elevando o moral partida após partida.
— Precisamos manter a humildade e os pés no chão. Estamos trabalhando arduamente. Este jogo contra o Corinthians encerra um ciclo. Teremos uma semana de descanso em seguida. Será mais uma final. Não abrimos mão da forma como jogamos. Parabéns a todos, e que seja apenas o começo, não permitiremos interferências — discursou no vestiário após a vitória sobre o Inter.
No dia a dia, as conversas individuais são constantes. Seja com os jovens, preparando-os para atuar sob alta pressão na equipe principal, seja com os mais experientes. Com os mais jovens, as conversas são focadas em preparação mental e tranquilidade para os confrontos. Com os mais velhos, o trabalho é direcionado para ajustes pessoais e a evolução da proposta de jogo da equipe.
Essa evolução se reflete no aspecto tático. Artilheiro do Brasileirão com seis gols, Vegetti ganhou ainda mais destaque no ataque sob o comando do treinador. Ele é peça fundamental na criação de jogadas pelos corredores, possibilitando jogadas que se desenvolvem pelo meio, característica marcante das últimas partidas.
Com Paiva, o Vasco também tem demonstrado uma defesa mais compacta. Organizado no setor central, o time sabe pressionar nos momentos certos e quando marcar de forma intensa, garantindo equilíbrio defensivo e oportunidades de contra-ataque.
Neste confronto, o Vasco tenta quebrar um tabu antigo contra o Corinthians, equipe que não perde há 14 anos. Na última partida entre as equipes, em luta contra o rebaixamento em 2023, o time paulista surpreendeu na Colina com uma vitória por 4 a 2.
O Vasco terá de volta os jogadores Lucas Piton, Maicon, Hugo Moura e David, após suspensão. Rojas, que sofreu uma concussão no jogo contra o Inter, está fora por protocolo médico.
Fonte: Agência O Globo