Os sócios notaram “variações significativas nos valores” da dívida de Felipe, que está em processo judicial contra o Vasco desde 2013. Em conversa com o ge, o clube explicou que a diminuição do valor se deve a um acordo feito durante a mediação com os credores (veja o esclarecimento completo abaixo).
Felipe, diretor técnico do Vasco — Foto: Matheus Lima/Vasco
A ação movida por Felipe refere-se à sua última passagem como jogador do clube, de 2010 a 2012 – como foi explicado pelo ge em junho do ano passado. Durante esse período, ele participou de 110 partidas, marcando 13 gols e conquistando a Copa do Brasil em 2011. Até então, ele havia recebido cerca de R$ 4,7 milhões dessa dívida em pagamentos realizados em anos anteriores à gestão de Pedrinho.
No entanto, Felipe Maestro ainda reivindicava aproximadamente R$ 2,4 milhões, quantia que estava registrada no Regime Centralizado de Execuções (RCE). No ofício enviado à diretoria, os sócios notaram que o valor foi reduzido para R$ 319,9 mil em fevereiro deste ano, e, em abril, ajustado para R$ 504,2 mil.
– Essas variações aconteceram exatamente no período em que o Vasco da Gama obteve, em outubro de 2024, uma medida cautelar que suspendeu todos os pagamentos cíveis e trabalhistas, antes do pedido de Recuperação Judicial feito no início de 2025 – ressaltam eles.
Ainda não houve resposta oficial da diretoria aos sócios, mas isso deve acontecer em breve.
A explicação do Vasco
Ao ser contatado pelo ge, o vice-presidente jurídico Felipe Carregal resumiu que Felipe fez um acordo durante a mediação com os credores, aceitando reduzir sua dívida para R$ 319 mil. Após revisar os processos para determinar corretamente os valores de todas as dívidas, o Vasco decidiu aplicar correção monetária sobre a dívida do diretor técnico, levando ao ajuste para R$ 504,2 mil.
Abaixo, veja a resposta completa de Felipe Carregal:
“Os valores devidos pelo Vasco referem-se à última passagem de Felipe como jogador, entre 2010 e 2012. A ação foi ajuizada em 2013 e ele já recebeu grande parte dos valores devidos em anos anteriores. O que resta a ser discutido é um saldo remanescente da dívida.
Durante as mediações, no final do ano passado, foi celebrado um acordo considerando o valor remanescente aproximado de 500 mil reais, que será pago conforme o Plano Coletivo de Recuperação Judicial.
Na conferência dos documentos que sustentam a lista de credores da recuperação judicial (RJ), foi identificada uma discrepância entre o valor listado pela Justiça do Trabalho e os valores já pagos. Essa divergência foi corrigida antes do acordo.
Todo o processo foi administrado pela Alvarez & Marsal e pelo escritório Bumachar Advogados, que é altamente especializado.
A situação de Felipe não foi isolada. Toda a documentação e todos os créditos foram revisados e recalculados pelos atuais gestores da SAF, considerando a falta de organização e ausência de informações fundamentais no momento da adesão do Vasco ao Regime Centralizado de Execuções (RCE) no final de 2021. Muitos créditos foram registrados com valores incorretos, outros nem foram listados, e, pior, credores que já receberam pagamentos foram novamente incluídos na fila de pagamento.
Essa confusão e a falta de documentos essenciais geraram a necessidade de trabalhos adicionais por parte das auditorias externas.
A negligência — para dizer o mínimo — em relação a informações cruciais é um dos pontos que o Vasco abordará na arbitragem contra a 777/A-CAP.”.
Fonte: ge