Os dois últimos jogos do Vasco, sob o comando de Álvaro Pacheco, técnico português, trouxeram números preocupantes: oito gols sofridos e 58 finalizações concedidas. Essa fragilidade defensiva levanta sérias questões sobre o futuro do time na temporada.
Os problemas na defesa não são recentes: em 25 partidas disputadas até agora, o Vasco ficou sem ser vazado apenas em seis oportunidades, sendo cinco delas no Campeonato Estadual. Juntando as passagens de Ramón Díaz, Rafael Paiva e Pacheco, o time já sofreu 38 gols.
Além disso, o Vasco possui a defesa mais vazada do Brasileirão, com 19 gols sofridos. O GLOBO elenca cinco pontos cruciais que destacam as dificuldades defensivas da equipe ao longo da temporada:
Debilidade no setor de meio-campo
O esquema com três zagueiros, adotado desde a gestão de Díaz, não tem sido eficaz para proteger a defesa. A vulnerabilidade começa no meio-campo, deixando a equipe exposta. No confronto contra o Palmeiras, os meias e atacantes adversários tiveram liberdade para atacar e conseguiram uma vitória por 2 a 0 de forma convincente.
O mesmo aconteceu no clássico contra o Flamengo, onde a defesa foi constantemente exposta, permitindo espaços para jogadores como Arrascaeta e Éverton Ribeiro encontrarem brechas no sistema defensivo.
No jogo contra o Palmeiras, o mapa de calor produzido pelo site Footstats evidenciou a facilidade dos mandantes em atuar na intermediária, sem muita oposição do Vasco. Raphael Veiga, meio-campista do Palmeiras, finalizou nove vezes, sendo o jogador com mais tentativas na partida.
— A análise do desempenho de nossa linha defensiva e do meio-campo é parte do trabalho que estamos realizando. É um problema que estamos enfrentando. Desde o último jogo, a equipe apresentou melhorias. Precisamos continuar evoluindo, jogo após jogo, para alcançar os objetivos almejados — avaliou Pacheco.
Problemas em manter a posse de bola
O controle da bola é fundamental para sofrer menos na defesa, algo que o Vasco vem encontrando dificuldades. Nos últimos jogos, o time tem errado muitos passes e tomado decisões equivocadas quando está com a posse. Contra o Flamengo, de acordo com o Sofascore, o Vasco errou 39% dos passes no terço final do campo. Contra o Palmeiras, foram 37%.
Além disso, a retenção da posse também tem sido problemática. O time teve posse de bola por apenas 27% do tempo contra o Flamengo e 43% contra o Palmeiras, principalmente quando os adversários já estavam em vantagem no placar.
Excesso de espaços na área defensiva
Além das falhas na proteção da linha defensiva, os zagueiros também não têm apresentado um bom desempenho. Apesar dos esforços de reorganização com Álvaro, os adversários ainda conseguem atuar com liberdade na área do Vasco.
No clássico contra o Flamengo, foram incríveis 39 ações do time rubro-negro na área vascaína (contra apenas cinco dos vascaínos na área adversária). Já diante do Palmeiras, o time paulista teve 34 ações na área do Vasco, contra 14 dos cruz-maltinos.
— Faz parte do processo de evolução. Apresentamos uma melhora significativa hoje. Se observarem, no primeiro gol, tínhamos superioridade numérica na área, mas não soubemos proteger aquele espaço. Precisamos ser mais eficazes na recomposição. O próximo passo é trabalhar mais a proteção defensiva — analisou o treinador.
Léo Jardim sob alta pressão
O goleiro Léo Jardim se destaca positivamente em meio à fase complicada na defesa. Mesmo sendo muito exigido, tem evitado resultados ainda piores para o Vasco. Atualmente, é o goleiro que mais realiza defesas por jogo no Brasileirão, com média de 5,3 defesas, superando Fábio (Fluminense), o segundo mais acionado do campeonato. Contra o Palmeiras, foram quatro defesas cruciais, evitando gols em chutes de média distância.
Início desafiador
Os problemas defensivos não são novidade e não podem ser atribuídos totalmente a Álvaro Pacheco. O técnico teve contato com o elenco pela primeira vez em 25 de maio, um período curto para conhecer profundamente os jogadores e implementar um novo estilo de jogo.
Apesar disso, a situação é desafiadora. Com duas derrotas, uma delas por placar elástico, e números preocupantes, a pressão sobre o trabalho do treinador português só aumenta. Corrigir as falhas defensivas se torna uma prioridade em um campeonato tão competitivo como o Brasileirão.
Fonte: Globo Online
