A imortalidade da paixão vascaína está presente nos corações inocentes das crianças. Isso é o que Cyro Aranha, ex-presidente do Vasco, responsável pela formação do time conhecido como “Expresso da Vitória”, profetizou na década de 1940. Essa mensagem continua atual e será celebrada em uma grande iniciativa da torcida em outubro.
Atenta à importância das crianças na continuidade do amor pelo clube, a torcida do Vasco está se mobilizando para uma homenagem no mês das crianças. No jogo contra o Fortaleza, no dia 18 de outubro, em São Januário, um enorme bandeirão exibirá as fotos de três jovens torcedores que simbolizam a resistência e a autenticidade de um sentimento que não se rende mesmo diante de desafios enfrentados na vida.
Gui, o favorito do Vasco
Guilherme Gandra Moura, conhecido como Gui, de 8 anos, será um dos protagonistas dessa festa. Ele conquistou o coração da torcida após sua história se tornar viral nas redes sociais. O garoto tem uma doença genética rara, chamada epidermólise bolhosa, e chegou a ficar em coma por 16 dias. Essa condição se caracteriza pelo surgimento de bolhas e feridas, principalmente em áreas de maior atrito e nas mucosas.
Seu amor pelo Vasco o aproximou do seu ídolo, Gabriel Pec, que até dedicou um gol a ele. A amizade entre eles começou após a recuperação de Gui. Ainda no hospital, ele recebeu a visita de Figueiredo e Gabriel Pec, ganhou uma camisa, entrou em campo no Maracanã e teve a vitória contra o Cuiabá, em junho, dedicada a ele.
“Nós nunca tínhamos levado Guilherme a um estádio por medo das bolhas se agravarem. Nós temíamos que no estádio ele ficasse mais exposto. A pele dele requer cuidados minuciosos. Mas depois que o vídeo se tornou viral, as pessoas tomaram conhecimento das fragilidades dele. Agora conseguimos levá-lo a São Januário com menos medo. Agora ele é o nosso amuleto da sorte”, comemorou Tayane Granda Orrinco, mãe de Guilherme.
Na última quinta-feira, a “Lei Gui” foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Essa lei autoriza o governo do estado a conceder pensões para pessoas com essa condição ou seus responsáveis legais. Os 58 pacientes com epidermólise bolhosa em tratamento no estado do Rio de Janeiro terão atendimento prioritário, além de consultas e exames específicos.
Heitor, outro apaixonado
O bandeirão, com tamanho de 40×27 metros, também retratará um outro personagem especial: Heitor, de 11 anos. Ele nasceu com mielomeningocele, uma malformação na coluna vertebral que causa paralisia dos membros inferiores. Mesmo com essas limitações físicas importantes, o jovem torcedor marca presença nos jogos do Vasco em São Januário. Inclusive, foi ele quem reacendeu a paixão do pai pelos estádios.
“É o Heitor quem me leva para a Colina, não o contrário. Ele me pressiona, cobra sobre os ingressos, me mantém atualizado sobre os jogos. Antes, eu ia aos jogos apenas ocasionalmente. Mas, desde que o Heitor nasceu, me tornei um assíduo frequentador. Ele não vê a deficiência como uma limitação. Claro que enfrentamos muitos desafios, mas fazemos tudo para superá-los. A alegria de vê-lo em São Januário com milhares de pessoas não tem preço”, detalhou Cristiano Campos, pai do menino.
A presença de Heitor nos jogos do Vasco é inspiradora. Segundo seu pai, desde que as imagens do garoto em São Januário se espalharam pelas redes sociais, ele tem recebido dezenas de ligações de outros responsáveis interessados em saber como levar filhos com deficiência ao estádio.
“Enxergamos São Januário como uma ferramenta de inclusão, para que outras pessoas com deficiência saibam que podem frequentar as ruas, os espaços públicos e, é claro, os estádios de futebol”, comentou Cristiano.
No último jogo em casa contra o Coritiba, ansioso para voltar à Colina, o pequeno Heitor pediu para chegar cedo. Ele queria um lugar na arquibancada, perto da bateria, em uma área que não é a mais acessível para cadeirantes. Com espaços apertados, a locomoção é dificultada pela grande concentração de pessoas. Além disso, não há uma área específica para acomodar a cadeira de rodas.
No entanto, com a ajuda de outros torcedores, a missão foi consideravelmente mais fácil. Cristiano conta que os vascaínos se mobilizaram para encontrar soluções e proporcionar uma experiência agradável ao garoto. Heitor assistiu ao jogo de um local privilegiado e comemorou muito cada um dos cinco gols marcados pelo Vasco contra o Coritiba.
Manuela também será representada
Manuela, de 8 anos, completa o trio de crianças que representarão os inúmeros jovens corações vascaínos no bandeirão. Ela mora em Guapimirim, a 65 quilômetros da capital fluminense, e foi modelo no lançamento do terceiro uniforme da temporada, que homenageou o centenário dos “Camisas Negras”, time histórico de 1923. A jovem torcedora participou da campanha junto com o pai e o primo.
Antes do jogo contra o Fortaleza, o Vasco tem outro compromisso. Neste sábado, o time enfrentará o São Paulo, às 18h30, em São Januário.
Fonte: ge