Hoje, decidi abordar de forma específica um desses clubes, o Vasco, onde tive a honra de liderar a área de marketing por dois anos consecutivos, um sob a gestão de Roberto Dinamite e outro com Eurico Miranda.
Enfrentei diversas dificuldades ao longo desses dois anos, motivadas por diferentes razões.
Ao chegar em fevereiro de 2014, indicado por Rodrigo Caetano ao presidente, estava ciente de que minha permanência seria limitada devido às eleições iminentes e à incerteza de continuidade.
No último ano de Roberto Dinamite, quase todos os vice-presidentes o haviam abandonado, o que o deixou politicamente enfraquecido para firmar acordos pensando no pleito futuro. Mesmo assim, conquistamos o prêmio de Melhor Marketing do Ano por escolha popular.
Já no período seguinte, sob a gestão de Eurico Miranda, havia uma percepção desfavorável do mercado publicitário em relação a ele. Além disso, enfrentamos o desafio de não contar com determinados ídolos do clube nas ações de relacionamento com os torcedores. Não podíamos sequer publicar homenagens de aniversário devido a discordâncias políticas.
Vivenciei o Vasco de maneira intensa, a ponto de poder dedicar uma coluna exclusiva a 2014 e outra a 2015, mas opto por focar no futuro, e não no passado.
Essa introdução visa ressaltar meu conhecimento sobre a identidade dos torcedores e a magnitude desse clube.
Posso afirmar, sem hesitação, que o Vasco apresenta o maior potencial de expansão, engajamento, geração de receita e oportunidades de negócios no cenário futebolístico nacional.
Se eu fosse um empresário em busca de investir em um clube, o Vasco certamente estaria entre minhas principais escolhas. E aqui está o motivo.
Analisando a situação dos dez principais clubes do futebol brasileiro ao longo dos últimos 15 anos, é possível constatar que o Vasco foi o menos transformado.
Olhando para 2009, antes da Copa do Mundo no Brasil, tínhamos:
Flamengo: Sem centro de treinamento, afundado em dívidas e sem contrato para o Maracanã.
Corinthians: Sem a Neo Química Arena, e sem reforma no CT Joaquim Grava.
Palmeiras: Antes do Allianz Parque, ainda no Parque Antarctica.
Fluminense: Sem o CT Carlos Castilho, treinando nas Laranjeiras e sem contrato com o Maracanã.
Grêmio: Atuando no Olímpico, ainda sem a Arena do Grêmio.
Internacional: Sem a Arena Beira-Rio.
Atlético-MG: Sem a Arena MRV.
E o Vasco?
São Januário praticamente inalterado, com a principal mudança sendo a existência do CT Moacyr Barbosa, que, se comparado com 2009, representa um avanço, apesar de ainda estar aquém dos principais clubes brasileiros.
Em campo, nenhuma torcida sofreu tanto nos últimos dez anos quanto a torcida vascaína. Não entrarei nos motivos desse sofrimento, pois o objetivo aqui é discutir o futuro, e não o passado.
O Vasco é uma potência. Com certeza, representa a maior demanda reprimida do mercado.
Poucos clubes brasileiros possuem a capacidade de lotar estádios fora de seu estado, e o Vasco é um deles.
Estive lá. É uma torcida que se conecta com o clube, engajando com os patrocinadores e superando expectativas quando convocada.
Uma torcida que enfrentou dificuldades recentes e anseia por um novo momento.
E duas dessas mudanças foram a transição de Associação para Sociedade Anônima de Futebol (SAF), para se desvencilhar da conturbada política do clube.
E mais recentemente, a eleição de Pedrinho como presidente do clube.
Portanto, em pleno 2024, é inconcebível que o clube ainda não tenha um patrocinador master definido.
Essa instabilidade gera insegurança para investidores de grande porte.
Há falhas gritantes no contrato da SAF. Uma delas é a proibição da gestão de Pedrinho em utilizar o escudo do clube, que foi “vendido” para a 777 Partners. O direito de uso da marca pertence à empresa.
Por outro lado, sem a presença de ídolos próximos, o trabalho da SAF se torna ainda mais árduo.
Pelo lado da Associação, Pedrinho transmite credibilidade, podendo abrir portas que outros talvez não conseguiriam.
Pela ótica da SAF, Lucio Barbosa (CEO) é um dos profissionais mais capacitados para ocupar esse cargo no Brasil.
Logo, o Vasco possui credibilidade e competência, porém, novamente, é prejudicado por questões políticas.
Se SAF e Associação conseguirem deixar vaidades de lado e priorizarem a instituição, o Vasco certamente retornará ao caminho do sucesso como uma potência esportiva e de marca no Brasil.
O clube ainda não alcançou o crescimento experimentado por outros, mas está muito próximo disso.
Com São Januário revitalizado, CT de padrão europeu, ídolos em campanhas comerciais, sociais e institucionais, elenco competitivo em busca de títulos, e, sobretudo, alinhamento estratégico e planejamento operacional bem definido.
Se há um clube capaz de reverter essa situação, é o Club de Regatas Vasco da Gama. Afinal, “O Vasco é o Time da Virada, O Vasco é o Time do Amor”.
Bernardo Pontes, profissional de marketing com experiência em clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, sócio da Alob Sports, agência especializada em marketing esportivo que conecta atletas e personalidades do esporte a marcas, e contribui mensalmente na Máquina do Esporte.
Fonte: Máquina do Esporte
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